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Mulher que perdeu família eletrocutada ainda não voltou para casa

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Mulher que perdeu família eletrocutada ainda não voltou para casa

Por: Sites da Web

Ana Cláudia Piedade (de blusa preta e saia estampada) teve queda de pressão antes do enterro da família, na segunda-feira, em Niterói Foto: Fabio Guimaraes.

 

Ana Cláudia Piedade, de 32 anos, que perdeu os dois filhos, o marido e o sogro após os quatro serem eletrocutados na noite de domingo, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, ainda não voltou para casa. A técnica em telecomunicações mora no bairro Nova Cidade, mas está abrigada na casa da irmã Arlete Piedade Rodrigues, de 35 anos, no bairro Laranjal.

— Ela não tem condições de ficar na casa dela porque lá tem muitas recordações. Eles eram a vida dela. Ela vivia para a família, e agora perdeu tudo o que tinha. Está sem chão. Nesta primeira semana, achamos melhor trazê-la para cá — conta Arlete.

Os corpos de Adão Orlando Silva Moraes, de 87 anos, Raphael Sergio Alcântara Oliveira, de 35 anos, Lucas, de 13 anos, e Gabriel, de 10 meses, foram sepultados na tarde de segunda-feira, três deles no cemitério Parque Nycteroy, e outro no cemitério do Maruí, ambos em Niterói. De acordo com Arlete, Ana Cláudia chegou a ser hospitalizada após sentir uma queda de pressão antes dos enterros.

Agora, o pensamento da família se volta para a Ampla, empresa responsável pelo poste e pelo fio de média tensão que causou a morte da família. Apesar de a concessionária ter informado à imprensa que estava prestando toda a assistência, os parentes das vítimas garantem que nenhum contato foi feito.

— A Ampla não entrou em contato, não enviou ninugém, não deu qualquer apoio. Esse é um momento em que a família toda fica desnorteada. Não teve ninguém para nos prestar auxílio no IML, para dar qualquer apoio psicológico ou para oferecer uma ajuda nos custos. Estamos deixando passar essa primeira fase de luto, mas iremos tomar providências na Justiça — diz Arlete.

A avó das crianças, Maria Nazaré Alcântara de Oliveira, de 60 anos, que também recebeu uma descarga elétrica mas sobreviveu, seque internada no Centro de Queimados do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN). Seu estado de saúde é estável e não há previsão de alta. A paciente teve queimaduras graves nas mãos e nos braços, e foi submetida a uma cirurgia na segunda-feira. De acordo com o neto da paciente, José Guilherme Barbosa, Nazaré está sendo sedada por causa das queimaduras e também por conta de sua situação emocional:

— Estamos em um momento de muita fragilidade. Ainda não sabemos onde ela ficará quando tiver alta. O que estamos buscando agora é justiça.

Em nota, a Ampla informou que providenciou a transferência da paciente, que havia sido inicialmente internada no Hospital Estadual Azevedo Lima, para o CHN. A empresa afirmou também que vai arcar as despesas hospitalares e com todos os custos relacionados ao enterro das vítimas. A Ampla ressaltou ainda que está em contato com parentes das vítimas.

Parentes dos dois lados da família afirmaram que não houve qualquer contato da parte da Ampla. Além disso, José Guilherme afirmou que a transferência de Maria Nazaré para a unidade particular foi feita a pedido da família, e acrescentou que as despesas hospitalares estão sendo custeadas pelo plano de saúde da paciente. Na manhã desta terça-feira, José Guilherme compareceu à 73ª DP (Neves) acompanhado do advogado Edemildo Sarmento com o objetivo de obter informações sobre a investigação. Como a delegada responsável pelo caso não estava no local, eles ficaram de voltar à delegacia na parte da tarde.

Lucas (à esquerda), Raphael e o pequeno Gabriel, no colo.

 

 

Tragédia
Filho de Adão, o técnico naval José Paulo Abreu Moreira, de 62 anos, contou que os quatro haviam ido visitar a avó das crianças e iam buscar a mãe delas, que trabalha como técnica numa empresa de telefonia. Raphael colocou o bebê no banco de trás do carro e, ao fechar a porta, o fio caiu sobre o capô. Vendo o incidente, o filho adolescente correu até o veículo para tentar salvar o irmão mais novo, e acabou recebendo a descarga elétrica. Desesperado, Raphael tentou puxar os filhos, e também ficou preso pela corrente elétrica. O avô chegou em seguida, para tentar acudir o enteado e os netos, mas também foi eletrocutado. A avó das crianças foi a última a tentar ajudar a família. Ela sobreviveu, apesar de também ter recebido a descarga elétrica.

Em nota, a Ampla informou que identificou em seu sistema um curto-circuito de grandes proporções, na noite de domingo, que "teria sido ocasionado pelo choque de um objeto na rede nas proximidades onde ocorreu o rompimento do cabo". A empresa acrescenta que está aguardando os resultados das investigações e prestando assistência à família das vítimas. A Polícia Civil fez uma perícia no local, mas o resultado só deve ficar pronto em 30 dias. O caso é investigado pela 73ª DP (Neves).

Nota da Ampla:
"A Ampla informa que ainda na madrugada de segunda-feira (04/01) providenciou a transferência da Srª Maria Nazaré Alcântara do Hospital Azevedo Lima para o Complexo Hospitalar de Niterói, onde ela está sendo atendida por uma equipe de referência para tratamentos de queimados e sendo acompanhada de perto por um médico da empresa. Além das despesas hospitalares, a Ampla também vai arcar com todos os custos relacionados ao enterro das vítimas e está em contato com familiares para prestar atendimento psicológico".

 

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