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Página que pede boicote a uma casa noturna recebe 100 relatos por dia

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Página que pede boicote a uma casa noturna recebe 100 relatos por dia

Por: Sites da Web

Antes de sair para curtir a noite em uma das baladas sertanejas mais famosas de São Paulo, Renata (nome fictício) fez contato - pela internet - com uma das pessoas que ajudam na divulgação da casa e distribuem entradas VIP.

Segundo ele, Renata deveria procurá-lo quando chegasse ao local com suas amigas. Lá, as três meninas foram avaliadas pelo funcionário, que permitiu a entrada gratuita de apenas duas delas.

A terceira garota, segundo Renata, não é magra, e precisou pagar para entrar. “São normas da casa, se eu deixasse ela entrar, meu chefe me matava”, afirmou o rapaz, uma vez que as três jovens já haviam entrado.

Esta conduta é comum entre os funcionários do Villa Mix, casa noturna na Zona Sul de São Paulo. Tão comum que, durante o mês passado, dez garotas se uniram parar criar a página “Boicote Mix” no Facebook, em busca de relatos de pessoas que foram discriminadas pelo estabelecimento. Apenas seis horas após a criação, a página já havia conquistado 1000 curtidas e, hoje, já passa das 19 mil.

Segundo o relato de Renata e outros postados anonimamente na página do boicote, é comum que promoters peçam fotos das garotas ou perguntem se são bonitas antes de garantir entradas VIP.

Além da aparência física, a roupa das pessoas – principalmente das mulheres – também é analisada; no próprio site da balada, é possível encontrar um tópico de restrições que proíbe o uso de sandálias rasteiras, tênis feminino, determinados tipos de corrente, camisetas de times de futebol, bonés e toucas.

Na porta do estabelecimento, os funcionários fazem o possível para não afirmar diretamente o motivo de barrarem tantas pessoas, mas fica implícito que quem estiver acima do peso, for negro ou que não estiver vestido de acordo com os padrões da casa, não é bem-vindo.

O “Boicote Mix” diz ter sido procurado anonimamente até por ex-funcionários da casa, que afirmam receber ordens específicas de barrar negros e “pessoas de classes inferiores”. Se não o fazem, são castigados.

Ao iG, a estudante Luísa Manzin, uma das organizadoras do movimento afirmou que o grupo recebe cerca de 100 relatos por dia, e que duas das dez moderadoras da página já sofreram pessoalmente com as atitudes discriminatórias da casa.

“A motivação para o boicote veio de uma insatisfação com o jeito que as coisas acontecem. Eu tenho muitos amigos que já sofreram com abusos lá e em outras baladas”, afirma a moderadora, orgulhosa após a página ter motivado investigações por parte do Ministério Público de São Paulo no último dia 5.

Casos como os expostos pelo movimento já alcançaram a mídia antes, mas nunca foram tão numerosos como agora. Em dezembro do ano passado, a jovem Thayla Elias Alves foi ao Villa Mix com a prima e a amiga em uma sexta-feira.

Na quarta-feira da mesma semana, a garota já havia cadastrado seus nomes para a festa de sexta mas, quando chegaram ao local, foram informadas de que os nomes não constavam na lista.

Enquanto Thayla conversava com o gerente da casa, sua prima afirma ter ouvido uma funcionária dizer: “essa neguinha não entra aqui hoje”. Thayla registrou um boletim de ocorrência na mesma noite e a funcionária prestou depoimento afirmando que a jovem havia a agredido verbalmente.

Em nota, a assessoria de imprensa do Villa Mix afirmou que a casa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Investigada pelo MP, o estabelecimento tem um prazo de 20 dias para dar explicações.

 

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