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'Não precisava atirar', diz jovem que ficou cego em briga de trânsito

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'Não precisava atirar', diz jovem que ficou cego em briga de trânsito

Por: Sites da Web

Edson José Domingos Neto, estudante que foi atingido no olho por estilhaçoes de tiro de arma de fogo durante desentendimento no trânsito, na Avenida Ana Meroto Stefenon, Cobilandia (Foto: Edson Chagas/ A Gazeta)

“Peço mais paciência entre os motoristas pois uma situação como a que vivi poderia ter terminado em morte.” Esse é o alerta que o universitário Edson José Domingos Neto, de 22 anos, fez ao retornar para casa, nesta segunda-feira (15), cego do olho direito. Ele recebeu alta do hospital onde estava internado desde que foi atingido por estilhaços de um tiro disparado por um motorista, durante uma discussão de trânsito.

Edson e o irmão dele, o também estudante de Engenharia Civil Derick Castro Domingos, de 21 anos, seguiam de moto para a casa de um colega, no Ibes, em Vila Velha, para fazer um trabalho de faculdade. Eles saíram de Vera Cruz, em Cariacica, e seguiam pela Rua Ana Merotto Stefanon, na divisa com os bairros Cobilândia e Nova América. No local, foram surpreendidos por um carro modelo Corolla de cor preta.

“Ele passou por nós em alta velocidade e quase nos derrubou dentro do valão que margeia a rua. Cerca de 15 metros a frente, paramos no semáforo fechado onde ele também estava aguardando abrir”, detalhou Edson. Os irmãos e o motorista discutiram sobre a fechada anterior. Ao abrir o sinal, o motorista do carro sacou uma arma e fez um disparo pela janela, arrancando com o Corolla. “Não precisava ter atirado, bastava ter conversado”, disse Edson.

O tiro atingiu o chão, mas os estilhaços atingiram os irmãos. Derick foi ferido na barriga por um dos pedaços dá bala. Já o irmão, que pilotava a moto, foi atingido no olho direito. “Senti o sangue escorrendo pelo meu rosto e disse para o meu irmão que tinha sido atingido. Ele tirou a moto da rua e me colocou na calçada enquanto pedia socorro”, detalhou. Edson foi levado para o hospital e o irmão teve ferimentos leves.

O autor do tiro fugiu do local e ainda não foi localizado e nem identificado pela Polícia Civil. Nesta segunda, investigadores da Delegacia de Crimes Contra à Vida de Vila Velha e Derick estiveram no local do crime e fizeram uma varredura em lojas e casas na tentativa de encontrar câmeras de videomonitoramento que possam ter registrado o momento. Mas, até a noite, a polícia não divulgou se havia encontrado imagens do carro.

Mãe acredita que motivo foi preconceito
Amigos e familiares de Edson e Derick também estão tentando levantar informações para chegar ao autor da tentativa de homicídio contra os universitários. “Queremos encontrar imagens pois nossa intenção é divulgá-las para que o motorista seja responsabilizado o quanto antes pelo crime que cometeu”, disse um amigo da família. Para a mãe dos meninos, a técnica em enfermagem Sônia Castro, além da intolerância, o tiro contra os filhos também foi motivado por preconceito. “Por serem negros, em uma moto e com mochila, pode ter pensado que era um assalto. Isso é preconceito também”, lamentou a mãe.

Preocupada com tudo o que os filhos viveram, Sônia disse que há muito que lutar. “Vou fazer de tudo para meu filho ter a prótese ocular e para que ele continue os estudos. Sei que ele ainda não absorveu essa situação toda e a perda da visão. Meus filhos sempre foram dedicados aos estudos, obedientes e meninos tranquilos. Não merecem passar por nada disso”, destacou a técnica de enfermagem. Ela ainda guarda a camisa rasgada pelo tiro que o filho Derick usava e pede por justiça. “Esse homem não está preparado para o trânsito e nem para portar uma arma. Precisa se conscientizar que agiu errado”, completou Sônia.

Mãe mostra a camisa de seu outro filho, Derick Castro Domingos, que também foi atingido por estilhaços.

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