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Ministério Público identifica surto de doença infecciosa na Papuda

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Ministério Público identifica surto de doença infecciosa na Papuda

Por: G1

Funcionário cuida de gramado em frente a Papuda, em Brasília (Foto: Gláucio Dettmar/CNJ/Divulgação)

 

O Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, tem 692 detentos contaminados por dois tipos de doença infecciosa que provocam feridas e fungos na pele. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública, que disse ter iniciado o tratamento dos infectados. Para apurar a situação, o Ministério Público fez vistoria na Papuda em 27 de junho. O órgão disse que deve fazer novas visitas para monitorar a situação e que vai tomar "todas as medidas necessárias até que o problema de saúde seja resolvido."

O caso também é acompanhado pela Vara de Execuções Penais (VEP), que informou ter feito inspeções no local, e constatou que os "atendimentos emergenciais já haviam sido prestados". Apesar de parecer alarmante, o número representa 10% do total de presos em duas alas da Papuda – o Centro de Detenção Provisória, onde há 3.623 presos e 172 infectados, e a Penitenciária I, onde há 3.800 detentos, e 520 com alguma das doenças.

De acordo com a advogada criminalista Daniela Tamanini, que tem clientes no presídio, doenças transmitidas por fungos e bactérias, como micoses, são comuns nos presídios devido às condições precárias de infraestrutura e higiene.
Além da superlotação das celas, da falta de circulação de ar e da limpeza precária, o atendimento médico não é adequado, segundo a advogada. "Mesmo eles tendo uma ala médica lá dentro, com dois a três médicos, conseguir atendimento é difícil. Ainda mais porque essas micoses são muito comuns."

As doenças identificadas pela governo são a escabiose e o impetigo, infecções de pele provocadas por ácaros e bactérias. Ambas têm maior chance de proliferação em ambientes fechados com aglomeração de pessoas, como escolas, creches, quartéis e presídios. O infectologista e comentarista da TV Globo Luiz Antônio Silva explicou que a escabiose é popularmente conhecida como "sarna" e provoca pequenas bolas avermelhadas na pele que coçam bastante.

Ao coçar – especialmente à noite, quando o sitoma se intensifica – é comum que sejam formadas feridas e o contato com bactérias presentes na unha en o ambiente externo gera a infecção, neste caso chamado impetigo. "Nós chamamos de escabiose impetignada, porque uma provoca a outra. É uma doença secundária, que causa infecção na pele pela coceira das feridas. Pode dar até fungo." 

Os sintomas podem se manifestar em todo o corpo, inclusive nas regiões íntimas. Imagens publicadas pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindpen) mostram as reações em alguns detentos. A recomendação médica para evitar complicações é que o tratamento seja iniciado em até 48 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas. "Geralmente, entra com uso de antibiótico oral pra tratar as feridas e pomadas pra evitar a coceira. Mas é preciso tratar todo mundo de uma vez", disse o médico.

Sindicato dos Agentes Penitenciários do DF publicou imagens de detentos da Papuda com sintomas de doença infecciosa (Foto: Sindicato dos Agentes Penitenciários/Divulgação)

Cuidados
A Secretaria de Segurança Pública infromou que as infecções "foram controladas por meio de medicação assim que foram identificadas, por volta do dia 20 de junho". Segundo a pasta, quando o Ministério Público esteve no local, os tratamentos já haviam começado.

Médicos e enfermeiros das unidades prisionais têm feito mutirões de triagem dos internos para verificar se há novos casos das doenças, segundo a pasta. Os profissionais também estão orientando os presos sobre higiene pessoal, especialmente quanto às mãos, e as celas estão passando por limpeza. Descontente, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Leandro Allan, afirmou que a situação é alarmante e pode piorar, já que a transmissão da doença ocorre pelo contato e os presos doentes estariam convivendo com detentos sadios.

O risco de contágio também é grande para quem trabalha com os presos, como os agentes e funcionários da limpeza. "Além disso, somente nessa unidade, passam 3 mil visitantes toda semana", afirmou. Pelo risco de transmissão, ele sugere que as visitas fossem suspensas até que a situação estivesse controlada. No entanto, a Secretaria de Segurança diz que não há motivos para suspender as visitas, porque, mesmo que as doenças tenham atingido quase 10% do total de presos em duas alas da Papuda, "não significa que os estabelecimentos prisionais estão passando por um quadro de epidemia".


 

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