Biofábrica deve ampliar produção de Aedes

A produção da biofábrica de mosquitos transgênicos Moscamed, instalada em Juazeiro, na Bahia, será ampliada emergencialmente, após decisões tomadas nas últimas semanas no âmbito dos governos estadual e federal. A ideia inicial é ampliar a disseminação dos mosquitos, hoje feita apenas no município de Jacobina, para 20 cidades com menos de 100 mil habitantes, porém com elevada taxa de infestação por Aedes aegypti.

O secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas garantiu a renovação do contrato de financiamento do projeto que se encerraria em 31 de dezembro de 2015 e que conta com um investimento anual da Sesab-Secretaria da Saúde do Estado da Bahia de R$ 1,2 milhão, mas até o momento não houve a efetiva assinatura do documento. O projeto completo que vem sendo desenvolvido pela Sesab, sob a coordenação do infectologista Roberto Badaró, subsecretário estadual da Saúde, envolve múltiplas ações conjuntas, complementares, incluindo ações de diretas de combate, educação e pesquisa.

A solicitação do Ministério da Saúde é que a estratégia seja colocada em ação ainda neste começo de ano. Para tanto, foi autorizada pelo governador Rui Costa a cessão do galpão da biofábrica de palma forrageira, que estava em fase final de construção, para que no local seja instalada uma fábrica de ovos de mosquitos transgênicos. A decisão foi comunicada, em reunião, pelo secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, ao diretor-presidente da Empresa Moscamed Brasil, Jair Fernandes Virgínio.

Projeto
A iniciativa busca que as fêmeas do Aedes silvestre, ao cruzar com os transgênicos machos, gerem mosquitos estéreis ou que morram antes de chegar à fase adulta. Dados preliminares apontam para a redução de até 80% no número de ovos e mosquitos selvagens, nas localidades onde houve a liberação do mosquito transgênico. A capacidade atual de produção da fábrica é de 4 a 5 milhões de mosquitos por semana, o que é suficiente para controlar uma área de até 100 mil habitantes.

A primeira Biofábrica do Brasil para a produção de insetos estéreis e controle biológico de pragas foi estabelecida em abril de 2005 e está sediada na cidade de Juazeiro, na região norte da Bahia. A Moscamed, que originalmente foi concebida para o controle de pragas da fruticultura passou a atuar, também, no controle de pragas da pecuária e saúde pública, com a criação em massa de insetos estéreis para o combate à mosca da bicheira e criação de Aedes aegypti transgênico para controle biológico da dengue.

A Moscamed foi criada para combater a Ceratitis capitata, praga de origem africana que ataca frutos, e é popularmente conhecida como mosca-do-mediterrâneo. Essa espécie foi introduzida no Brasil no final do século 19. Junto com outras moscas-das-frutas, causam prejuízo de 120 milhões de dólares por ano para a fruticultura brasileira e mais de dois bilhões de dólares para a fruticultura mundial.

Entre as principais culturas atacadas estão os pomares de goiaba, acerola, manga e pêssego. Além das moscas-das-frutas, a lagarta da macieira, Cydia Pomonella, outra praga que ameaça plantações de maçã na região sul do país é alvo da ação de monitoramento e controle da Moscamed.
Ao empregar as melhores técnicas no Monitoramento de Pragas, na aplicação  em Pesquisa e Desenvolvimento, e na Capacitação em Defesa Agropecuária, a Moscamed ampliou o acesso do Brasil ao mercado internacional de frutas, principalmente para os Estados Unidos, Japão e União Européia.