Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Saúde

/

Remédio para leucemia importado pelo governo está 40% contaminado

Saúde

Remédio para leucemia importado pelo governo está 40% contaminado

Por: G1

Medicamento importado pelo Ministério da Saúde para tratamento da LLA

O teste encomendado pelo Centro Boldrini, referência na América Latina no combate ao câncer infantil, para verificar a eficácia da Leuginase – medicamento chinês importado pelo Ministério da Saúde desde o início do ano para tratamento da Leucemia Linfóide Aguda (LLA) – apresentou resultados preocupantes para os pacientes. O laudo apontou que 40% do produto está contaminado por proteínas, o que, segundo especialistas, não garante a eficiência do remédio.

O exame foi realizado por um laboratório americano e é o segundo teste no medicamento encomendado pelo hospital.
De acordo com a oncologista e presidente do Boldrini, Silvia Brandalise, a quantidade de proteína presente na Asparaginase, que era o remédio importado pelo Ministério da Saúde antes da troca para o produto chinês, é de 0,5%, o que comprova a tese do hospital de que a Leuginase não possui eficácia suficiente para ser aplicada em crianças. O primeiro teste encomendado pelo centro, feito pelo Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), já havia apontado que o produto apresenta 398 impurezas.

O medicamento é essencial para o combate da LLA, que atinge principalmente crianças e jovens. Por conta da falta de comprovação de eficácia, o Boldrini optou por não usar o medicamento chinês e decidiu importar a Asparaginase por conta própria, já que o estoque fornecido pelo governo federal acabou na última semana. No entanto, os 18 frascos que foram comprados ainda não chegaram e pelo menos 40 crianças que vão iniciar o processo podem ter o tratamento prejudicado.

De acordo com especialistas, cerca de 4 mil crianças precisam de um componente chamado asparagina, que tira o alimento das células malignas da LLA. Até o início deste ano, o Ministério da Saúde importava a Asparaginase de laboratórios alemães e americanos, cuja eficiência é de 90% e possui apenas três impurezas, segundo testes. No entanto, o impasse começou quando, no início do ano, a pasta decidiu comprar o remédio do fabricante chinês.

Importação por conta
O Boldrini, que se mantém através de doações, vai tentar conseguir recursos para a compra de 100 frascos por mês do remédio, o que daria uma despesa de R$ 500 mil mensais para obter os produtos. A previsão é que os primeiros frascos cheguem nesta semana.

“A possibilidade de usar a Leuginase está descartada. Vamos importar o remédio que nós temos certeza da eficácia por conta própria. Já importamos 18 frascos, que ainda não chegaram por conta da burocracia brasileira para a importação de medicamentos. Mas vamos aguardar chegar e buscar ajuda para importar mais frascos. A criança brasileira não pode ser usada para testar um medicamento que não existe estudos sobre os efeitos que ele tem”, disse Silvia.

Ministério da Saúde, Anvisa, Laboratório
O Ministério da Saúde informou que um novo teste no medicamento também será feito pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e que a asparaginase chinesa já é usada em 11 estados brasileiros (Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e São Paulo). De acordo com a pasta, até agora, não houve nenhum efeito diferente do esperado.

Além disso, o Ministério da Saúde afirmou, em nota enviada ao G1, que "a compra deste ano seguiu os mesmos critérios técnicos e embasamentos científicos dos anos anteriores". Já o LNBio também emitiu um comunicado onde explica que os testes realizados no remédio são "preliminares e não conclusivos".

A empresa uruguaia Xetley S.A, representante do laboratório Beijing SL Pharmaceutical - fabricante da Leuginase - disse que vai aguardar o resultado da análise da Fiocruz. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação do medicamento pelo Ministério da Saúde, mas informou que a responsabilidade da qualidade do produto é do importador.


Relacionados