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Hálito de "acetona" e boca seca são sintomas de doença silenciosa e séria

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Hálito de "acetona" e boca seca são sintomas de doença silenciosa e séria

Por: Pesquisa Web

Se não for bem controlado, o diabetes pode afetar a saúde de diversas formas: no funcionamento dos rins, dos olhos, no aumento do risco de infecções e na boca. Neste último caso a boca é necessária uma atenção especial para manter a integridade dos dentes e da gengiva e o bem-estar geral da pessoa que convive com a doença.

"As alterações bucais no paciente com diabetes têm sua incidência ou progressão favorecidas pelo descontrole glicêmico, que faz com que a taxa de glicose fique alta no sangue", afirma o periodontista Keller De Martini (CRO-SP 49.039), do serviço de odontologia do Hospital São Paulo (hospital universitário da Unifesp). "Elas são comuns mesmo em pacientes com boas ou regulares condições de saúde bucal e chegam a atingir até 80% deles".

A endocrinologista Janaína Koenen (CRM-MG 39.049) acrescenta que o fato de a saliva ser afetada pelo diabetes pode trazer algum prejuízo da saúde bucal. "A suscetibilidade a infecções bucais é favorecida pela diminuição do fluxo salivar e por alterações causadas pelo diabetes na própria composição da saliva, que perde proteínas antimicrobianas capazes de controlar infecções", explica.

"Por isso, além do desconforto, a diminuição do fluxo salivar é um fator de risco para cárie e lesões fúngicas na boca. A saliva é importante por dificultar o desenvolvimento de cárie e umedecer o rebordo alveolar, sobre o qual se apoiam as próteses", complementa Keller.

O que também chama a atenção é a alta propensão ao desenvolvimento de doenças periodontais ? a gengivite e a periodontite. Segundo a Sobrape (Sociedade Brasileira de Periodontologia), pessoas com diabetes têm um risco 2,5 vezes maior de apresentá-las do que pacientes sem a doença. Conheça, a seguir, os principais problemas bucais que o diabetes pode causar, conforme explicado por Janaína e Keller.

Doenças gengivais
O ambiente favorável à instalação de colônias de bactérias, causado pelo excesso de glicose no sangue, e a resistência reduzida a infecções fazem com que os pacientes com diabetes apresentem um alto risco de desenvolver gengivite e periodontite.

A gengiva começa a ficar inchada e a sangrar facilmente, retrai-se e mostra mais os dentes. Se nada for feito, a infecção progride e reabsorve o osso ao redor do dente. Pode ser necessário tratar com antibiótico, escovação correta, uso de enxaguantes bucais indicados pelo dentista e, em casos mais avançados, cirurgia.

Mau hálito
O mau hálito da pessoa com diabetes pode ter origem estomacal. Ele ocorre porque, como alternativa à queima da glicose na produção de energia, o organismo queima gordura, resultando em um hálito cetônico, com odor semelhante ao de uma maçã passada. O controle glicêmico elimina este problema. Enquanto isso, o uso de enxaguantes bucais pode ser útil. É imprescindível que o dentista indique o melhor produto.

Boca seca (ou xerostomia)
Em fases de descontrole metabólico, os pacientes com diabetes sofrem com a boca seca, causada pela diminuição da produção de saliva a partir do sistema nervoso autônomo. Essa hipossalivação pode causar fissuras na língua, cárie e feridas na cavidade bucal, além de dificultar a fixação de próteses e implantes dentários.

O tratamento pode ser feito a partir de várias abordagens. A primeira é a estimulação da mastigação por meio da introdução de alimentos mais consistentes e ricos em fibras, o que pode aumentar naturalmente a produção de saliva. Nesta linha mais natural, pode-se tentar a estimulação gustatória, com o consumo de alimentos azedos, e a própria ingestão de mais água ao longo do dia.

Por um viés farmacológico, o dentista ou o endocrinologista pode prescrever saliva artificial ou medicamentos que estimulem a produção de saliva. Também há a possibilidade de fazer estimulação elétrica em consultório, mas alguns pacientes não podem se submeter a esse procedimento (os que possuem marca-passo ou que tenham epilepsia, por exemplo). A acupuntura é outro tratamento que apresenta bons resultados na estimulação da produção de saliva.

Cicatrização tardia
As mudanças vasculares, a disfunção de neutrófilos (as células de defesa contra infecções), as mudanças na microbiota (a presença de bactérias) gengival e o prejuízo na síntese de colágeno (mais colágeno é destruído do que formado) são características do diabetes que levam à cicatrização tardia também na boca. Lesões demoram mais para ser eliminadas e tratamentos dentários e gengivais têm um período de recuperação prolongado. A melhor maneira de contornar o problema é fazendo o controle glicêmico da doença.

Síndrome de Ardência Bucal (SAB)
Essa condição é caracterizada pela sensação de ardência na mucosa bucal sem que existam lesões aparentes. Também são relatados sintomas como fisgadas, coceira e inchaço, principalmente na língua. O dentista ou o endocrinologista poderá indicar medicamentos para aumentar o bem-estar do paciente, mas a eliminação do problema depende também do controle glicêmico do diabetes.

Distúrbio de gustação (disgeusia)
Ocorre uma alteração no paladar: ou a pessoa não sente mais o gosto dos alimentos ou sua percepção de sabores muda. A disgeusia está normalmente associada a outros problemas bucais causados pelo diabetes, como a xerostomia. Por isso, seu tratamento depende da solução de tais condições paralelas. Independentemente do caso, é necessário não fumar para que os resultados sejam satisfatórios.

Candidíase
Causada pelo fungo Candida, esta doença acomete mais de dois terços dos pacientes com diabetes. O nível elevado de glicose no sangue, a diminuição do fluxo salivar e a baixa imunidade favorecem a adesão do fungo nos tecidos bucais. Sua manifestação é por meio de placas brancas principalmente na língua. Quando elas são removidas com espátulas, revela-se uma mucosa avermelhada e mais sensível na região. O tratamento se dá sobretudo com o controle glicêmico, mas antifúngicos orais ajudam a amenizar o mal-estar inicialmente.

 

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