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Por que você está sempre quebrado?

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Por que você está sempre quebrado?

Por: Camaçari Notícias

Agosto colocou fim a uma dívida mensal de R$ 200 no meu cartão de crédito. Foi a última das dez parcelas de uma câmera fotográfica. Substituí esse gasto muito bem: com uma nova dívida de mesmo valor mensal até novembro — ­desta vez com roupas. Eu merecia esse presente. Nos quatro meses anteriores eu havia trabalhado loucamente, com poucos sábados e domingos de folga. Era justo torrar um pouco com vestidos, calças e colares. O problema é que essa não é nem de longe a minha única dívida. O cartão de crédito ainda vem cheio de outros pequenos gastos de “urgência” (leia-se cerveja, festas, ração dos gatos e combustível no fim do mês, quando o dinheiro já acabou). Fora isso, agosto ainda trouxe contas novas: a renovação do seguro do carro e gastos extras com sistema de freios e suspensão. Meu aluguel continua absorvendo uma parte considerável do dinheiro, o imposto da minha mi­croempresa individual segue ignorado desde março (apesar dos juros mensais), a conta de água foi às alturas graças a uma válvula de descarga quebrada, a tarifa da conta jurídica voltou a subir. E o pior: meus ganhos com trabalhos freelances caíram bastante, e precisei raspar a poupança até o fim. Estou quebrada.

É a primeira vez que eu e toda a minha geração, nascida entre a década de 1980 e o começo dos anos 1990, vivemos uma crise financeira. Quer dizer, eu lembro de alguns colegas preocupados com a possível demissão dos pais (lá pelo começo dos anos 2000, a taxa de desemprego no Brasil ultrapassava os 14% e as demissões em massa eram comuns). Mas o cenário se acalmou, e entramos na vida adulta sem grandes preocupações  — a crise surgiu lá fora em 2008, mas o Brasil parecia escapar bem. Até que tudo começou a desandar outra vez.

Em meio a um turbilhão de problemas políticos, a inflação subiu 9,5% nos últimos 12 meses, os salários ofertados caíram 20% e a taxa de desemprego passou de 6,8% para 8,3% (são 8,4 milhões de pessoas desempregadas — 1,5 milhão a mais que no ano anterior). A maior faixa de desocupados fica justamente entre os jovens, que correm atrás de emprego quando a crise aperta e os pais ficam sem grana. O desemprego e a inflação voltaram a assombrar — e agora, pela primeira vez, estamos bem no meio do furacão.

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