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Enem ignora abordagem regional em suas provas

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Enem ignora abordagem regional em suas provas

Por: Sites da Web

Cada vez mais globalizados, os processos seletivos, como o Exame Nacional de Ensino Médio, têm ignorado em suas provas questões que abordem aspectos regionais, como na área de geografia, história e literatura. Para muitos educadores, essa prática empobrece o ensino e desestimula o estudante ao conhecimento sobre os assuntos que envolvem a região em que vive, a exemplo das peculiaridades do Nordeste, contada geograficamente e também dos livros que eram cobrados em diversos vestibulares.

Conforme a professora de geografia do Curso e Colégio Oficina, Márcia Kalid, um dos grandes desafios das instituições de ensino da Bahia é o de manter esses conteúdos no programa das disciplinas, que garantam ao aluno o acesso aos aspectos culturais e regionais da sua terra natal. "Um país de poucos leitores, de grande dificuldade de formação de leitores, que para muitos têm o Enem como balizador do seu currículo, ignora a leitura dos clássicos da literatura. Foi um empobrecimento significativo em uma já problemática educação escolar", afirma Kalid. Apesar dessa observação, a professora diz considerar a prova do Enem bem estruturada para um exame objetivo.

"O problema é resolver essas questões da abordagem, que comprometem, e muito, a formação intelectual dos alunos". Nesse caso, a solução, segundo ela, seria a de realizar um vestibular em duas fases, com uma segunda fase de questões abertas e redação, para aumentar o tempo de produção do texto, assim como o maior aproveitamento das questões.

Literatura - No caso da literatura, por exemplo, o professor Zé Carlos Bastos diz que o Enem revela um problema crônico nacional: escreve bem quem lê bem, sendo que o Brasil é um país notadamente repleto de não leitores. "Nós não somos um país de leitores!

No entanto, no âmbito regional, temos raras exceções, como a Uneb, que exige nos seus exames o mínimo de leitura literária", disse Bastos. Outros exames, de acordo com o professor, como os da Faculdade Bahiana de Medicina e da Faculdade Bahiana de Direito, excluem da grade de seus vestibulares os autores clássicos, os modernos e os contemporâneos. "É o resultado claro das nossas políticas públicas equivocadas e práticas educacionais completamente desmotivadoras em relação à leitura", diz Bastos, que ainda ressalta um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que indica o Brasil na sexta posição entre 15 outros países da América Latina e Caribe, em uma avaliação sobre a capacidade de escrita e leitura.

Isso ficou evidente no Enem de 2014 em que apenas 250 alunos tiveram nota máxima na redação e os outros 529 estudantes tiraram zero na mesma prova. Porém a estudante do Curso Oficina Pré-vestibular Juliana Noya de Araújo Góes diz que o exame é uma forma democrática de inserção no ensino superior. "O exame é muito democrático, mas acredito que deveria haver uma segunda etapa para conteúdos específicos", observa a aluna. A Tarde*

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