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Jovens estudantes lutam para conseguir levar projeto para Minas Gerais

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Jovens estudantes lutam para conseguir levar projeto para Minas Gerais

Por: Sheila Barretto

Anderson, Maria Luiza, Ana Beatriz e Sophia são alunos do CETEP-RMS (Foto: Sheila Barretto/CN)

Uma oportunidade de conscientizar a população sobre os riscos do óleo residual no meio ambiente. É isso o que quatro jovens camaçarienses estão buscando, mas estão enfrentando a barreira da falta de apoio. Denominado de TOR – Transformando Óleo Residual, o projeto de Anderson Silva, 18 anos, Sophia Santiago, 17 anos, Ana Beatriz, 16 anos e Maria Luiza Pinheiro, 15 anos, foi um único do estado da Bahia a ser selecionado para participar da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece ente os dias 16 e 22 de julho, no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte.

Desde então, o grupo tenta conseguir apoio junto ao Governo do Estado para arcar com os custos da viagem, mas não tem recebido a devida atenção. Como mais uma tentativa, os quatro guerreiros que são alunos do 3º ano do curso Técnico em Química do Centro Territorial de Educação Profissional da Região Metropolitana de Salvador (CETEP-RMS), procuraram a reportagem do Camaçari Notícias para chamar atenção sobre os problemas que estão enfrentando.

Anderson conta que são várias as dificuldades que eles encontram pelo caminho, mas a maior delas surgiu quando o projeto foi selecionado para a feira do SBPC. “A gente não tem recursos para conseguir ir para essa feira”. Maria Luiza explica. “Essa é uma reunião de cientistas do Brasil e eles dão oportunidades para jovens mostrarem seus projetos. E o nosso foi o único selecionado da Bahia e a gente gostaria muito de poder ir, só que a gente não tem apoio e, infelizmente, a nossa escola não tem condições de nos bancar. E aí a gente tem que recorrer ao Governo do Estado, que até agora não tem nos dado nenhuma resposta e nem demonstrado nenhum interesse de tentar fazer algo”.

Quanto custa investir na educação e no crescimento de jovens químicos? Eles afirmam que não é muito. “Não é uma viagem pra fora do país, não é uma coisa cara, a gente já pesquisou muito pra poder tentar passar os preços pra eles, só que nem isso eles fazem questão de aceitar”, disse Ana Beatriz. Os estudantes informam que a diretora da escola está tentando ajudar, mas se conseguir, apenas dois poderão ir, o que não é o ideal, como explica Sophia. “A questão é que são 30 pessoas para assistirem a apresentação e fazerem os produtos com a gente e são cinco mesas, então não tem como duas pessoas ficarem se dividindo entre cinco mesas, sendo que em cada mesa, vai ser produzido um produto diferente”.

É triste ver adolescentes tão preocupados em passar seus conhecimentos para a população numa situação em que todas as portas parecem estar fechadas. “A gente fica um pouco desestimulado, porque tem mais de um mês que a gente está correndo atrás de uma resposta em relação à SBPC e não tem. A gente já falou com bastante gente, semana passada a gente conseguiu participar de uma reunião onde a gente teve acesso ao pessoal da Secretaria de Educação [Estadual] e conversamos com eles bem rápido, enviamos um e-mail, mas até agora a gente não teve resposta. E é uma situação urgente porque a gente precisa confirmar que a gente vai participar”, contou Sophia.

E essa confirmação tem que ser feita até o início de junho, porque eles pediram um pouco mais de prazo à organização do evento. “Já passou pela nossa cabeça largar tudo de mão. A gente entende a situação do país, mas a gente também entende que a gente não tá pedindo muito. Um monte de coisa está acontecendo aí, um monte de dinheiro sendo roubado e a gente só está pedindo uma viagem para quatro pessoas e o orientador, que tem que ir de qualquer forma. Não é algo grande”, ponderou Maria Luiza. E de fato, ela tem razão. Investir nos nossos jovens deveria ser prioridade para o governo.

O que faz esses jovens seguirem em frente nessa luta, é o apoio da família, tanto moral, quanto financeiro, já que para desenvolver o projeto, eles têm utilizado recursos próprios. “A gente só não tem avançado mais porque não temos estrutura dentro do colégio, ultimamente tudo o que a gente tem feito, a gente tem tirado do nosso próprio bolso para investir, então está muito complicado”, lamentou Sophia. Até quando uma feira acontece em um local muito mais próximo, eles passam por dificuldades. “A gente tem também outra feira que é aqui em Salvador, e eles só querem levar duas pessoas. A gente vai ter que tirar do nosso bolso pra poder alguém levar os outros dois pra Salvador pra poder apresentar junto”, disse Ana Beatriz.

O projeto

A partir do óleo residual que é utilizado em casa no preparo de alimentos, como frituras, os jovens cientistas conseguem fazer produtos de limpeza e até cosméticos, como explicam os estudantes. “A gente está usando agora o óleo residual, para que as pessoas possam entender que nós podemos transformar esse óleo em coisas produtivas, úteis. A gente tem tentado fazer da melhor forma possível, de uma forma fácil, para que as pessoas possam fazer em casa. A partir do óleo são feitos biocosméticos, como esmaltes, batons, tinta, hidratante corporal, além de materiais de limpeza, como detergente, sabão líquido, em barra e em pó”.

“As pessoas ainda não tem consciência sobre o poder de destruição que o óleo tem, quase nada do óleo é reutilizado. É um dos produtos que mais causa efeitos na natureza e o que menos é reutilizado. E não é algo complicado porque, a partir do momento em que você joga ele pelo ralo, já é um pouco mais complicado, mas quando você tem consciência de que você não pode jogar ele fora, fica tudo mais fácil, até porque muita gente pode fazer o sabão, que não exige nenhum tipo de material de laboratório, a não ser a soda cáustica, e você pode reutilizar o seu próprio dinheiro que você gastou na sua casa. Além da questão ambiental, é uma questão econômica também”.

Além de levar essa proposta para as feiras de ciências, os jovens querem dar continuidade ao projeto, mas para isso é preciso patrocínio, o que também não tem sido fácil, apesar de Camaçari abrigar um Polo Petroquímico. “A gente está correndo atrás de patrocínio, não só para a viagem. Para o projeto em si a gente está tentando com empresas maiores, que visam o meio ambiente, então a gente está enviando e-mail sempre para tentar conseguir algum tipo de apoio para conseguir continuar o projeto, até com materiais de laboratório que a gente não tem na escola, por exemplo”, relatou Ana Beatriz.

O prazo para confirmação da participação no SBPC está terminando e, infelizmente, pode ser que o sonho desses quatro jovens de representar seu estado numa feira tão importante e levar a consciência ambiental para as pessoas, seja destruído pela falta de interesse de quem pode fazê-lo se tornar realidade.

Para entrar em contato, mande um e-mail para tor.transformandooleoresidual@gmail.com.

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