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<b>Crise do Fies gera demissão de professores na Bahia</b>

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Crise do Fies gera demissão de professores na Bahia

Por: Pesquisa Web

A repentina mudança nas regras do Fies surpreendeu a todas as faculdades e universidades que acreditaram no projeto inicial do governo federal e fizeram uma série de investimentos em função disso. Um dos resultados mais graves e imediatos, são as demissões no corpo docente, que já começaram e devem agravar-se. A análise é de ninguém menos que o presidente da Abames - Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior, Carlos Joel Pereira.

De acordo com Joel, “as entidades acreditaram no projeto inicial do governo e investiram pesado em diversos setores, como contratação para ampliação do corpo docente, construção de salas, laboratórios etc., enfim, tudo conforme as exigências do projeto oficial. E, de uma hora para outra, na calada da noite, surgiram novos critérios de seleção.”

O presidente da Abames argumenta que essa mudança foi “um verdadeiro transtorno”, pois, como consequência imediata, provocou uma redução de cerca de 60% no ingresso de alunos, “reduzindo drasticamente a nossa base de captação”. E a pior consequência social não tardou a surgir: as demissões, que, segundo a Abames, já estão acontecendo em diversas unidades baianas.

CRESCIMENTO
De acordo com Carlos Joel, as demissões que vêm ocorrendo resultam do fato das faculdades e universidades privadas baianas terem feito projeções de demanda com base no projeto inicial do governo, o que levou a contratações de professores “visando os próximos oito ou dez semestres, pelo menos.”

“Agora, com a redução do ingresso de estudantes em torno de 60%, o que se vê é a lógica: menos estudantes, menor necessidade de professores. E os grandes grupos já começaram a demitir”. Diz o presidente da Abames.” Outro resultado óbvio da crise do Fies é a redução a zero das perspectivas de crescimento dessas entidades privadas de ensino: “Antes, trabalhávamos com a projeção decrescimento que variava de 4% a até 12%, mas agora, vai ficar no zero.”

A Abames analisa que as promoções feitas por algumas entidades de ensino, como as tentativas de financiamento interno ou mesmo de reduções na mensalidade que variam de 30% a 40%, em alguns casos, são desastrosas, pois isso já está provocando uma quebradeira, já que diversas instituições chegaram mesmo a cobrar prestações inferiores ao custo.”

Momento é de grande desafio
O secretário-executivo do Fórum e presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Gabriel Mario Rodrigues, disse que “o momento é desafiador, mas que é possível encontrar alternativas”.

Ainda de acordo com a ABMES, “a redução no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) este ano deverá promover mudanças nas estratégias das escolas particulares de ensino superior, que terão de se ajustar à diminuição da quantidade de alunos matriculados com o financiamento do fundo.”

”Para cada desafio, as instituições precisam encontrar soluções. As grandes estão procurando encontrar mecanismos de financiamento próprios. As pequenas também devem encontrar caminhos para sobreviver. Nós estamos em um momento de adaptação e acredito que, se houver harmonia entre as instituições e o governo, para ajustar a melhor maneira onde possam ser feitas correções no Fies, vamos encontrar solução”, diz a ABMES.

Cerca de 70% dos estudantes não renovaram crédito no estado
Recentemente, em entrevista concedida a este repórter, o presidente da Abames afirmava que “cerca de 70% dos estudantes de instituições de ensino superior particulares da Bahia ficaram fora do financiamento do Fies este ano, já que apenas um terço das verbas pleiteadas foi liberado.” 
Como a grande maioria dos estudantes que procuram o Fies não tem a menor condição de pagar as mensalidades sem o empréstimo oficial, certamente estarão alijados do ensino superior.

A situação tem tudo para gerar uma enorme pressão social em busca do ensino público superior, o que poderia levar o governo a ter que realizar enormes despesas para ampliar vagas. “Isto, sim, seria despesa, pois o que se está se fazendo querer crer é que o Fies é despesa, mas não é. Trata-se de um financiamento, e, assim sendo, é um dinheiro que vai retornar. Apenas é bancado pelo Tesouro Nacional em função da sua natureza social.”

Carlos Joel lembra, inclusive, que as próprias instituições de ensino superior particulares “pagam 4% por aluno para a manutenção de um fundo que garante o ressarcimento do empréstimo em caso de inadimplência.”

SITUAÇÃO NACIONAL
Em nível nacional, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) informa que as faculdades particulares de todo o país encaminharam ao Ministério da Educação (MEC), na próxima semana, uma proposta de aprimoramento do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), denominada Fies 2.0. O estudo foi apresentado no 8º Congresso Brasileiro de Ensino Superior Particular (CBESP), no Rio de Janeiro.

Segundo o diretor executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato, o Fies 2.0 seria o caminho para as faculdades brasileiras retomarem suas atividades, sem as condições de financiamento estudantil estabelecidas pelo MEC até o final do ano passado. Ele considera que o Fies é um programa de êxito e importante, por isso é fundamental garantir sua continuidade e sobrevivência.

“O grande problema é que os ajustes apontados pelo setor privado há mais de um ano chegaram de forma bastante abrupta, sem planejamento. O Fies 2.0 aborda os ajustes que deveriam ser feitos. Da forma como vinha sendo oferecido, o programa acabava com a lógica de mercado, que faz com que, se existe concorrência, os preços se tornam mais competitivos”, afirmou. Tribuna da Bahia*

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