Camaçari Cultural: conheça o criador do hino da cidade

Salve ó terra, por todos querida, majestosa cidade baiana,
De um povo com alma aguerrida, sob o sol és a mais soberana!

Este é o refrão do Hino de Camaçari, que retrata tão bem as particularidades do município, com suas riquezas naturais e o poder da indústria que impulsiona a economia. Mas nem todos conhecem o responsável por representar a cidade nas estrofes de um hino. Com seu estilo simples, sua fala calma e profundo conhecimento musical, Enoque Norberto, compositor do hino, visitou a redação do Camaçari Notícias e bateu um papo com nossa equipe de reportagem.

A escolha do hino de Camaçari se deu através de um concurso realizado no ano de 2002. Enoque conta como resolveu participar. “Eu, na verdade, nem sabia, tava vindo até do estrangeiro. Saltei no aeroporto, peguei um carro, desci na rodoviária e vi lá uma placa: ‘Concurso para o hino de Camaçari’. Não sabia se Camaçari tinha ou não hino, estranhei, mas olhei o edital, vi as regras. E aí eu fiz duas músicas. Fiz uma primeira, com o nome ‘Árvore que chora’, que eu nem lembro mais a letra, e eu tava tocando essa música, ensaiando, uma sobrinha minha de seus 5, 6 anos de idade, disse ‘Tio, essa música já tá manjando’. Aí depressa, uma semana antes de terminar o prazo pra inscrição, eu fiz a música. E pra minha surpresa, passou a que eu fiz em menos tempo. Eu até gostava da outra, mas realmente essa tem algo que eu também aprecio muito, acabei gostando mais dela e esqueci a outra”, relembra.

O compositor afirma que a inspiração veio dos próprios elementos do município, como as belíssimas praias, a Mata Atlântica, o povo, mas ele também se inspirou nas histórias que ouvia de dois moradores antigos da cidade. “Quando eu ainda era adolescente, eu tinha contato com duas pessoas que falavam demais sobre uma Camaçari que eu não conheci. Um senhor que trabalhou na Leste, chamado Zé Rosalvo, ele mora aqui nos 46 e alcançou um período áureo em Camaçari, que foi antes e depois do Polo. E como ele tinha uma vida boêmia, então ele também se adentrou muito no teor cultural que Camaçari tinha. Isso pra mim foi uma base muito boa. E um outro cidadão, Raimundo Áquila, que mora no Camaçari de Dentro, praticamente da minha idade, mas veio cedo e andava muito em Camaçari, admirava muito a cidade e era muito atento às coisas. Ele tem um olhar muito sensível para as questões de evolução social da cidade. Ele viu essa cidade inchar do dia pra noite com a vinda do Polo, que realmente trouxe mudanças bem visíveis. Isso tudo foi o caldeirão onde eu bebi para fazer o hino de Camaçari”, conta.

A relação de Enoque Norberto com a música começou em 1986. No ano de 1992, ele resolveu fundar uma escola de música para atender à comunidade do bairro da Bomba, onde mora. “Fundei a Escola de Música Alegreto com um parceiro e essa escola funcionou até 1996”. Por causa do curso de Licenciatura em Música, Enoque não conseguiu dar continuidade às atividades. “Aí eu tive que fechar a escola. Fiquei com a esperança de reabrir, mas assim que eu terminei a faculdade, comecei a trabalhar como assistente de maestro no coral de uma empresa do Polo, e isso foi de 2001 até 2008”.

Atualmente o músico tem uma banda de forró, chamada de Padim Vô, uma homenagem a seu avô que também era seu padrinho, e está preparando o segundo CD, que se chamará Festejo e trará uma mescla dos estilos de forró, como coco, xote e xaxado. Paralelamente, Enoque dá aulas de violão na Casa da Criança e tem um projeto social com os alunos da Escola Creche Senhora do Amparo, no Gravatá e da Escola Comunitária do Parque Florestal.

 

Nota da Redação: Enoque Norberto fará  até o final de 2017  uma série de aparições culturais aqui no Camaçari Notícias.