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Delegada Maria Tereza dá lição de força e fala sobre o amor à profissão

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Delegada Maria Tereza dá lição de força e fala sobre o amor à profissão

Por: Sheila Barretto

Maria Tereza é titular da 4ª Delegacia de Homicídios de Camaçari (Foto: Sheila Barretto)

Neste mês, o Camaçari Notícias entrevistou diversas personalidades negras que atuam na nossa sociedade. Nascidas aqui ou não, todas elas trazem algo em comum além da cor da pele: a resistência e luta para chegarem onde querem. O caminho nem sempre é fácil, na verdade os obstáculos são muitos, mas todas são vencedoras em suas áreas de atuação e trazem uma lição de vida para cada um de nós. A nossa primeira entrevistada é a Drª Maria Tereza Santos Silva.

Maria Tereza é a atual delegada titular da 4ª Delegacia de Homicídios de Camaçari. Nascida em Salvador, filha dos advogados Adélia Santos e Rodolfo Neri, ela cresceu em um ambiente ouvindo falar sobre leis e isso influenciou diretamente na sua carreira como advogada e posteriormente como policial civil. Ela também é formada em Letras.

A história de Maria Tereza em Camaçari começa em 2011, quando ela trabalhou como delegada adjunta da 18ª Delegacia Territorial. Em 2012, foi instalada a unidade da 4ª Delegacia de Homicídios e ela assumiu como titular. A DH funciona no mesmo complexo policial onde estão a 18ª DT e a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM).

Apesar de trabalhar em um ambiente duro como é uma delegacia especializada em homicídios, Maria Tereza diz que se sente gratificada e fala com paixão sobre o seu trabalho. “Ontem mesmo quando eu soube que teríamos um flagrante, eu fiquei feliz como uma menina. Porque é isso que a sociedade espera, uma resposta da Segurança Pública, punição para aqueles que cometem crimes e eu me sinto feliz em poder dar essa resposta para aquela família que perdeu seu ente querido de uma forma brutal. E hoje em dia se mata por qualquer coisa, porque mexeu com a mulher do outro, por causa de uma galinha, porque pisou no pé, enfim”.

A policial destaca também a parceria entre as polícias civil e militar no combate ao crime em Camaçari. “Essa parceria é fundamental. No flagrante que realizamos ontem, a participação dos policiais do SOINT [Setor de Operações de Inteligência] do 12ª Batalhão de Policia Militar foi muito importante”. Para ela, o trabalho em conjunto e a união de forças é o caminho para manter a ordem.

A delegada conta que, como todo mundo, enfrentou diversos obstáculos durante a sua trajetória, mas sempre os enfrentou com garra e coragem. “Eu estou onde eu quero estar e isso é Maria Tereza falando porque a mulher tem o poder de fazer e ser o que ela quiser, independente da cor da sua pele. Eu sempre tive muito claro na minha mente o que eu queria ser e onde queria chegar e lutei para conseguir e hoje estou aqui, com muito orgulho”.

Camaçari hoje tem o privilégio de ter à frente de suas delegacias, mulheres fortes. Além de Maria Tereza na DH, temos Taís Siqueira, na 18ª DT, Florisbela Rocha, na DEAM, Danielle Monteiro, na 26ª DT/Vila de Abrantes e Aymara Vacanni, na 33ª DT de Monte Gordo. Maria Tereza é a única negra.

Sabemos que o ambiente policial é predominantemente masculino e ter uma mulher, negra, numa posição de destaque é algo raro. Apesar disso, Maria Tereza disse que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito e que, se aconteceu, passou despercebido. “Eu sempre me dei ao respeito e por isso sempre fui respeitada. Nenhum policial, escrivão, investigador ou qualquer outro que está hierarquicamente abaixo de mim dentro da minha delegacia me desrespeitou ou foi preconceituoso comigo. Se porventura isso aconteceu algum dia, eu não percebi porque quando você se impõe e mostra para as outras pessoas a sua posição, não dá lugar para que tentem pisar em você”.

O amor pelo trabalho que desenvolve e a sensação de dever cumprido são a marca registrada de Maria Tereza, uma mulher de fala mansa, mas firme, que soube driblar as dificuldades para alcançar seus objetivos. Que espera servir de exemplo para suas filhas e que, com certeza, inspira outras mulheres a seguir seu exemplo de não baixar a cabeça, não se deixar intimidar. Como ela mesma disse, nós podemos tudo.

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