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Modelo camaçariense Vinícius Ferreira dá lição de como vencer o racismo

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Modelo camaçariense Vinícius Ferreira dá lição de como vencer o racismo

Por: Sheila Barretto

Vinícius afirma que para vencer o preconceito precisamos ser bons (Foto: Reprodução/Instagram)

Durante a série de reportagens que fizemos sobre o Dia da Consciência Negra, chamou a atenção uma característica comum entre os entrevistados: a força. Todos eles demonstraram ter plena consciência sobre os desafios de ser negro, mas também deixaram claro que para enfrentar o racismo é necessário ter muita força. Terminamos hoje com a entrevista do modelo camaçariense Vinícius Ferreira, que contou um pouco da sua história, sua visão diante do preconceito racial e disse que espera que um dia o racismo seja excluído da sociedade.

O mundo da moda quase perdeu Vinícius para o esporte. Mas, quis o destino que ele brilhasse nas passarelas ao invés dos gramados. “Eu nunca pensei em ser modelo, na verdade, quando criança, eu sonhava em ser jogador de futebol, cheguei até a me profissionalizar, joguei no Camaçari, no Camaçariense, mas eu não dava muito certo, acho que o destino estava reservando outra coisa pra mim. Nessas idas e vindas por clubes da Bahia, Pedro [Reis] da Sargasso me chamou pra fazer um desfile. Ele foi o primeiro cara que falou que eu levava jeito pra modelo”.

Mesmo sem acreditar no próprio potencial, Vinícius conta que aceitou o desafio e viu que podia dar certo. “A partir desse desfile foi que eu percebi esse algo mais, eu comecei a ver com mais carinho a possibilidade de ser modelo. E aí eu fui procurar saber como é que fazia, que curso tinha que tomar, quem tinha que procurar e fui correndo atrás, aos trancos e barrancos. Camaçari na época não tinha uma cena de moda consolidada, aí fui pra Salvador”.

Na capital, o modelo participou de vários concursos e foi ficando cada vez mais claro que ele poderia ir longe. Porém, dentro do mundo da moda, Vinícius se deparou (e ainda se depara) com o racismo. “Eu percebo um preconceito velado. Todo mundo alega não ter esse preconceito racial, mas todo mundo conhece um racista. Dentro de instituições, dentro de marcas, dentro de comerciais, você percebe que o negro nunca vai estar numa posição de poder”. Quantas campanhas publicitarias em revistas, na TV ou na internet você já viu onde um negro aparece como o chefe, o dono da empresa, o dono do carro do ano? Pois é.

Com muita garra, Vinícius não se deixa vencer pelo preconceito. “Eu encaro, toda vez que eu encontro uma situação de preconceito, eu me manifesto porque eu acho que é um compromisso que eu tenho com a minha raça. É muito difícil você ter essa distinção aqui no Brasil, onde tudo é misturado, mas quando eu encontro pessoas que ainda não têm uma clareza de pensamento, que ainda acreditam que as pessoas são separadas por cor, por classe social, eu me manifesto, sim, eu não deixo passar. Para haver mudança tem que ter manifestação, senão a gente vai continuar aceitando e não vai mudar”.

Para os rapazes negros que sonham em seguir carreira, não só na moda, mas em qualquer outra área, Vinícius aconselha: “Sonho você consegue, é só se dedicar, correr atrás, vai acontecer de muita gente falar que você é louco, mas você deve usar isso como um estímulo. Antes de tudo, seja um bom ser humano porque eu acredito muito na força do cosmo. Na minha concepção o universo conspira a favor das pessoas boas. Quando você é uma pessoa boa, com a aura bacana, tudo vai se encaixando. E quando você é admirado por questão de postura, não por questão de beleza, é muito gratificante. É com conteúdo, com uma boa conversa, bons conselhos, bons exemplos, que você vai se cercar de pessoas boas, porque você atrai as coisas que você emana. Eu acredito nisso, essa é a força do universo e esse é o meu conselho”.

Por fim, o belo faz questão de agradecer às pessoas que fizeram com que ele se tornasse um homem de caráter, sua família. “As pessoas são responsáveis por criar bons seres humanos e eu agradeço toda essa consciência que eu tenho, todo esse discernimento de vida, de ser um bom ser humano, à mainha, à painho, minha irmã Tila, que tem uma integridade impar. Você tem essa responsabilidade, se você tem essa consciência, você tem que passar essa consciência adiante porque eu acredito que no futuro esse assunto preconceito vai ser extraído da sociedade, porque a gente vai formar pessoas boas, seres humanos bons, com consciência, isso que é importante. Todo esse conjunto é necessário para que a pessoa cresça com bons valores, com bons princípios, digna, acima de tudo”.

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