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Conheça as particularidades das religiões com mais adeptos em Camaçari

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Conheça as particularidades das religiões com mais adeptos em Camaçari

Por: Sheila Barretto

A religiosidade faz parte da cultura de um povo. Ter fé é acreditar que dias melhores virão mesmo naqueles momentos em que tudo parece perdido. Camaçari, como uma cidade que abriga pessoas de diversas partes do país, tem uma população bastante diversa no que diz respeito à religião. De acordo com dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 108.187 se declararam católicas (apostólica romana), 60.449 são evangélicas, 2.673 espíritas e 735 do candomblé. Conversamos com representantes destas quatro religiões sobre como cada uma delas chegou a Camaçari.

Católica

A história do catolicismo em Camaçari começa ainda no século XVI, quando os jesuítas João Gonçalves e Antonio Rodrigues fundaram a Aldeia do Divino Espírito Santo às margens do Rio Joanes, onde construíram a primeira Igreja feita de palha, que levou o mesmo nome da aldeia. Ali se instalou a Companhia de Jesus, que seria a sede dos jesuítas, que vieram com o objetivo de catequizar e educar os índios Tupinambás que ali viviam. “Em 27 de setembro de 1578, a aldeia foi elevada a categoria de vila com nome de Vila de Abrantes”, explicou a freira Irmã Marli. No mesmo ano, a então Igreja do Divino Espírito Santo, foi elevada a matriz.

Outro marco importante para os católicos da cidade foi a criação da Diocese de Camaçari, em 15 de dezembro de 2010 pelo então Papa Bento XVI. O território da diocese é constituído pelos municípios de Camaçari, Candeias, Dias d'Ávila, Madre de Deus, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Terra Nova.

Atualmente, Camaçari possui 10 paróquias, sendo seis na sede e quatro na orla. Diversos trabalhos sociais são desenvolvidos para a comunidade católica, como a distribuição de alimentos e roupas realizada pela Paróquia de Santa Luzia, no bairro Gleba C.

Evangélica

A Igreja Evangélica mais antiga de Camaçari foi a 1º Igreja Batista, atualmente presidida e liderada pelo Apóstolo Amerivaldo. De acordo com o Pastor Paulo Passos, presidente do Conselho de Ministros Evangélicos de Camaçari (Comec), a maior igreja evangélica da cidade é a Assembleia de Deus, que é presidida e liderada pelo Pastor Cleudson Carlos. Os pastores mais antigos de Camaçari são o Pastor Aroldo Passos, da Igreja Missão de Jesus Cristo, e o Pastor Jonas, da Igreja do Evangelho Quadrangular.

Hoje existem muitas igrejas evangélicas em Camaçari, como destaca o Pastor Paulo Passos. “Temos diversas denominações com registro nos órgãos competentes e centenas de igrejas espalhadas na sede, distritos e orla do município”.

“Os princípios que regem os evangélicos são: a supremacia absoluta das santas escrituras, a doutrina do pecado e a corrupção do gênero humano, a obra e serviço do Senhor Jesus Cristo em favor do homem com sua morte na cruz, o trabalho interior do Espirito Santo nos corações dos homens, e o trabalho externo e visível do Espirito Santo na vida de cada homem e mulher”, explica o presidente do Comec.

As igrejas evangélicas realizam diversas ações sociais em Camaçari, segundo o Pastor Paulo Passos. “Distribuição de cestas básicas, sopão nas comunidades carentes, educação, cultura e lazer e, principalmente, a recuperação de muitos homens e mulheres a margem da sociedade através da pregação do evangelho e muitas das vezes com a internação em centros de recuperação de forma gratuita”.

Espírita

Os primeiros registros do Espiritismo em Camaçari datam dos anos de 1970. De acordo com Sara Andrade, atualmente existem oito centros espíritas entre a sede e a orla de Camaçari. O Espiritismo prega a existência de Deus e o reconhece como o criador de todas as coisas. Os espíritas também acreditam na imortalidade da alma. “Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado. Quando nasce para este mundo, dizemos que reencarnou; quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta ao plano espiritual ou espiritualidade, de onde veio ao nascer. Os espíritos são, portanto, pessoas desencarnadas que, presentemente, estão na espiritualidade”, explica Sara.

Além disso, o Espiritismo também crê na pluralidade dos mundos habitados, ou seja, nem todas as encarnações se verificam na Terra, e na comunicabilidade dos espíritos. “Não os vemos, pois se encontram numa dimensão diferente da nossa, mas eles podem ver-nos e até conhecer nossos pensamentos”, afirma.

Os centros espíritas de Camaçari também desenvolvem um trabalho social com a comunidade. “Cada casa tem sua atividade social, no geral são: distribuição de alimentos, jantas e sopa para moradores de rua e pessoas vulneráveis, enxoval para crianças recém-nascidas, entrega de cestas básicas, auxílio financeiro para creches comunitárias. Todas as casas fazem a gestão desta distribuição”.

Candomblé

A história do candomblé em Camaçari começa no Quilombo de Cordoaria, onde existia um terreiro muito conceituado e que acabou sendo demolido com o passar do tempo. Acredita-se que este tenha sido um dos mais antigos terreiros de candomblé do município. Há também registros de importantes terreiros em Parafuso, de acordo com o sacerdote do Terreiro de Lembá, Táta Ricardo Tavares. “A gente tem em Parafuso um terreiro muito antigo, que foi o terreiro do finado Zé do Mocotó, e a gente tem também algumas mães e pais de santo que foram tradicionais aqui em Camaçari, como a exemplo de Mãe Lourdes de Capangueiro e Mãe Eulina, que foram mulheres que protagonizaram essa luta afirmativa e que prestaram vários serviços sociais à população de Camaçari. Essas mulheres foram mães, criaram muitas crianças, acolheram em suas casas muitas famílias, foram mantenedoras de pessoas, mataram a fome. Foram mulheres que empreenderam nessa luta afirmativa pela estadia do povo de santo no território camaçariense”.

Táta Ricardo destaca a importância dessas mulheres de santo na formação da feira livre de Camaçari. “A gente tem registros que falam da força da mulher de candomblé na formação do mercado local. A feira de Camaçari se instala naquela redondeza da linha férrea, mas ela nasce com mulheres mercando alimentos, não só para vender aos trabalhadores da linha, mas às pessoas que por aqui passavam porque Camaçari era um campo de transição para o comércio. E ali nascem as vendedoras de acarajé, as fateiras, que é o trabalho que fora desenvolvido primeiro por mulheres de candomblé, as mulheres de mingau e bolo, porque o trabalho do trem era de madrugada e elas forneciam o café”.

O candomblé também presta uma importante contribuição à cultura do município. “Camaçari hoje é um polo riquíssimo em cultura popular e todas essas culturas descendem da população de comunidade de terreiro. As casas de candomblé sempre foram tradicionais na cultura, um exemplo disso são dois afoxés que eram tradicionais nos antigos carnavais de Camaçari: os Filhos de Eulina e os Filhos de Kintê. O carnaval de Camaçari também nasce oriundo dos terreiros de candomblé, o samba de roda, a Chegança, os grupos de Boi de Parafuso, o Boi Janeiro, Espermacete, todos esses grupos tem atrelado à sua imagem essas lideranças de pessoas que são ligadas ao culto de candomblé”, conta Táta Ricardo.

Segundo o sacerdote, existem atualmente em Camaçari mais de 300 terreiros de candomblé que prestam serviços sociais à comunidade. “É errôneo achar que um terreiro de candomblé só bate candomblé. A casa de candomblé é o espaço de acolhimento, de promoção de ação social, onde a gente cuida de todos, independente de ser de candomblé ou não. A gente só recebe discriminação, mas só promovemos acolhimento, porque o nosso Deus não ensina a gente a bater em ninguém, o nosso Deus ensina que a gente deve amar e respeitar cada um do jeito que é”.

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