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Banca do Tião leva lazer, cultura e informação para Camaçari há 35 anos

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Banca do Tião leva lazer, cultura e informação para Camaçari há 35 anos

Por: Sheila Barretto

Tião mantém banca há 35 anos na Rua Castro Alves (Foto: Sheila Barretto/CN)

Manter um negócio por mais de três décadas nos dias atuais é um verdadeiro desafio. E quando o uma revolução afeta diretamente o seu ramo de atuação, a coisa fica ainda mais desafiadora, mas há quem consiga vencer as dificuldades e se firmar no mercado. Esse é o caso de Tião da banca de revistas da Rua Castro Alves, no Centro de Camaçari, que há 35 anos vende revistas, jornais e livros aos camaçarienses.

Sebastião Romão Torres é pernambucano e veio para Camaçari em 1984 buscando uma oportunidade de emprego no Polo Petroquímico, onde trabalhou durante quatro meses. Quando aqui chegou, Tião conta que a cidade tinha apenas 60 mil habitantes e o comércio era forte, tanto que, de acordo com ele, havia 11 agências bancárias na cidade.

Após passar um tempo trabalhando no Polo, Tião foi convidado por Antônio Olegário, o homem forte da banca de revista na época, para assumir a banca na Rua Castro Alves, ao lado de onde estava sendo construído o supermercado Unimar, hoje chamado de Bompreço. Nosso amigo aceitou fazer uma experiência, porém, logo se apaixonou pelo negócio.

“Quando eu cheguei no movimento eu pensei: ‘Poxa, isso é tudo o que eu quero. Adoro leitura, adoro revistas, adoro livros’. Então deu certo, eu não fiquei rico, mas fiz tudo que eu queria e li demais. Eu estou esse tempo todo trabalhando nesse ramo porque é muito gostoso trabalhar assim. O público de banca de revista é maravilhoso e a gente aprende demais, a gente vê, escuta e são muitas experiências, já passei por experiências fantásticas aqui. Eu acho até que vou escrever um livro futuramente, porque tem muita coisa pra ser contada”.

Tião presenciou todas as transformações pelas quais o centro da cidade passou. “Quando eu cheguei aqui não tinha nada disso que tem hoje, aqui era estrada de chão, ainda estava fazendo a terraplanagem, era no cascalho. O Bompreço estava em construção, ainda como Unimar, não tinha calçamento, nada. Só tinha o prédio das Pernambucanas que era o foco dessa região toda e não só da região, como da cidade. Aliás, as Pernambucanas era uma loja muito forte, era o shopping center de Camaçari, porque vendia diversos artigos e a loja vendia muito. Eu vi essa região crescer e se transformar. Vi a prefeitura de madeira, vi o ‘Banebinho’. Essa Rua Castro Alves, se você vê uma foto antiga, era muito diferente. Essas lojas eram todas casas residenciais, a sede e o depósito da Coelba ficavam aqui em frente ao antigo camelódromo”, relembra.

As coisas começaram a ficar difíceis para Tião a partir do ano 2000, quando mais pessoas puderam ter acesso à internet. “Essa revolução da internet é muito importante, muito interessante e muito benéfica, se as pessoas souberem usar. Agora para o comércio de jornaleiro foi muito ruim, matou completamente. Hoje eu não vendo mais revista, eu não tenho mais espaço pra vender revista. No passado, eu já cheguei a vender, em um só dia, 160 exemplares do jornal A Tarde. Hoje eu recebi três jornais A Tarde e estão todos aqui, não vendi nenhum ainda. Jornaleiro só na capital que ainda tem espaço”, lamenta.

Com a queda nas vendas de revista e jornal, Tião resolveu começar a vender livros e a estratégia tem dado certo. “Hoje eu estou sobrevivendo dos livros, porque é um material que nunca vai acabar. A leitura é fantástica, ela lhe traz uma abertura integral, você viaja, você aprende. E é lendo que você aprende a falar e a escrever corretamente. Quem não lê é cego, surdo e mudo. Camaçari pra leitura é difícil, é complicado introduzir essa ideia na cabeça do povo. Agora, depois de tudo isso que está acontecendo, desse advento da internet, é houve um despertar pra leitura de livros. Porque antigamente aqui em Camaçari, vendia muitas revistas, mas eram essas revistas da TV, de fofoca, mas livros... vender um livro aqui era uma festa. E ultimamente, não. Inclusive essa turma teen, de 11 a 20 anos, que está estudando agora, esses estão começando a ler maravilhosamente. Eu fico até impressionado, a turma está lendo pra caramba e isso é muito bom. Até porque agora existem muitas opções pra esses jovens lerem, tem diversas coisas voltadas pra essa faixa etária”, comemora Tião.

Apesar das dificuldades no setor, Tião continua com a sua banca, convivendo com várias pessoas, fazendo amigos e aprendendo sempre com cada um deles. “A banca é minha vida”, afirma.

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