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Ligeirinho:transporte clandestino toma conta da cidade e população aprova

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Ligeirinho:transporte clandestino toma conta da cidade e população aprova

Por: Sheila Barretto

População vê ligeirinho como alternativa de transporte (Foto: Camaçari Notícias)

O transporte alternativo já faz parte das grandes cidades e Camaçari não seria uma exceção. A cada dia tem aumentado o número de veículos do transporte clandestino, chamado de ‘ligeirinho’, e as falhas do transporte público tem levado os usuários a recorrem a este tipo de meio de locomoção, especialmente para aqueles bairros onde os ônibus não chegam.

Quem usa o transporte público reclama de falta de pontualidade, grosseria por parte de motoristas e cobradores e, mais recentemente, retirada de algumas linhas, roteiros muito longos e a extinção do Terminal de Integração Rodoviária (TIR). Por tudo isso, o usuário que não quer perder tempo, acaba optando por pagar um pouco mais que o valor da passagem do coletivo e ir de ligeirinho.

O que diz a STT

Em entrevista ao Camaçari Notícias, o superintendente de Trânsito e Transporte Público do Município, Armando Yokoshiro, falou que lamenta a situação e que a STT já está tomando providências para coibir esta modalidade de transporte. “Eu vejo isso com muito pesar, tenho que concordar com a população nessa situação porque nós temos um problema sério na estrutura do transporte coletivo aqui de Camaçari e que nós estamos buscando corrigir. A integração já é um inibidor desse tipo de transporte. Eu acho que a fiscalização não se dá apenas na ação coercitiva de apreensão, mas com ferramentas que inibam esse processo”.

O superintendente apontou ainda que várias irregularidades já foram detectadas nos ligeirinhos que circulam por Camaçari. “Nós já identificamos nas nossas operações carros clonados, carros não registrados, condutores sem habilitação e se vocês saírem e olharem no nosso pátio, a maioria desses carros que estão aqui foram fruto dessas operações no transporte irregular”, afirma.

População aprova

Por meio do nosso Instagram, fizemos uma enquete que teve a participação de 713 seguidores. Destes 560 apontaram o ligeirinho como um meio de transporte positivo. Moradora da orla, Lizandra Góes vê muitas vantagens no ligeirinho. “Acho a alternativa de ligeirinho positiva. Eu como moro em Barra do Jacuípe, a linha de ônibus Cooperunião não atende a população de maneira eficaz, pois demora demais pra passar, os ônibus são velhos e pequenos, além do preço que é absurdamente caro: R$ 4,40. Logo, para fugir desses fatores, a alternativa é pegar um ligeirinho que é rápido e prático, além de cobrar um preço acessível à população”.

Jonas Magalhães faz duras críticas às cooperativas e diz que o ligeirinho já o salvou várias vezes. “A população é refém dessa baderna intitulada de Cooperativa, um câncer pra cidade. A maioria de seus atuantes são mal educados, tratam os passageiros como uns quaisquer, passageiros que, por sua vez, só querem voltar pra casa depois de um dia inteiro de trabalho e ainda por cima tem que mofar no ponto pra pegar um ônibus lotado e levar mais uma hora pra chegar em casa. Inúmeras vezes, só esse ano, o ligeirinho impediu um atraso no trabalho ou nos estudos”.

Ligeirinho quer regularização

Nossa reportagem conversou com o vice-presidente da Coopertac, cooperativa que há dois anos trabalha com o ligeirinho no bairro Jardim Limoeiro. José Carlos dos Santos, conhecido como Carlinhos, falou que várias reuniões já foram realizadas com a Prefeitura a fim de regularizar o transporte, mas nada aconteceu até o momento. “Eu acho que o prefeito deveria sentar com a gente e organizar, que a gente pagasse os impostos como os mototáxis, passar por inspeção, tudo bonitinho, que vai gerar renda do mesmo jeito ou mais ainda porque a gente ia pagar nossas taxas, mas ele está deixando a gente a ver navios”.

De fato, no ano passado, o prefeito Elinaldo Araújo, participou de pelo menos duas reuniões com os representantes do transporte alternativo. No primeiro encontro, em 27 de julho de 2017, ficou definido que seriam formadas comissões com representantes da Câmara de Vereadores, da Superintendência de Trânsito e Transporte Público (STT) e dos profissionais que realizam esse tipo de transporte, além de uma audiência pública para debater melhorias para o segmento.

Segundo Carlinhos, o vereador Jorge Curvelo ficou a frente das negociações e foi até Aracaju para estudar o projeto que deveria ser implantado em Camaçari. Porém, um ano se passou sem que nada fosse feito no sentido de regularizar o ligeirinho. “Já tem dois anos que ele [Elinaldo] está no poder e ele falou que assim que ele entrasse, ia ajeitar. E a gente não tem resposta nenhuma”, lamenta Carlinhos.

A Coopertac, de acordo com o vice-presidente, possui alvará de funcionamento e mantém a documentação de seus cooperados bem organizada. Além dos documentos pessoais e do veículo, cada motorista precisa apresentar antecedentes criminais e ter o carro regularizado. Carlinhos disse que paga R$ 5.500 só de aluguel do ponto. Esse valor é dividido entre os cooperados que ainda participam de um rateio para custear a água, energia elétrica e internet. “A gente trabalha pela misericórdia mesmo, só pra não ficar sem nada”.

Carlinhos acredita que atualmente existam cerca de 500 ligeirinhos por toda a cidade e altos índices de desemprego contribuíram para esse crescimento do setor. “O pai de família precisa levar o pão de cada dia pra casa, aí, como não tem emprego, recorre ao ligeirinho”, pondera José Carlos.

Tem solução?

Mesmo sendo um meio de transporte clandestino, o ligeirinho serve à população e garante trabalho para centenas de chefes de família. A Prefeitura tem o desafio de tornar o transporte público mais eficiente e definir o que será feito com os trabalhadores que atuam no transporte irregular.

“Estamos buscando melhorias para o transporte. A gente vem trabalhando seriamente pra corrigir os erros, mas são processos que não são tão rápidos como a população deseja, mas também ficamos aflitos em não ter um transporte com um mínimo de qualidade para a população”, disse o superintendente Armando Yokoshiro.

“Eu acredito que o ligeirinho não pode acabar porque o pessoal precisa muito. A solução é regularizar. Se ele melhorar pra gente, vai gerar lucro pra prefeitura, os passageiros vão ficar mais seguros. Eu acho que o ligeirinho é indispensável”, conclui Carlinhos.

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