Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Salvador

/

Taxistas de Salvador buscam fidelizar clientes com serviços vip

Salvador

Taxistas de Salvador buscam fidelizar clientes com serviços vip

Por: Sites da Web

Do lado de fora, parece um táxi comum. Mas basta abrir a porta do Renault Duster que a realidade é outra: oferecer só ar-condicionado ficou no passado. E, antes mesmo que o passageiro entre, a recepção fica por conta de um senhor arrumado, trajando terno, camisa  e sapato social. É o taxista Juarez Souza, 40 anos, há 12 conduzindo passageiros pelas ruas da cidade.


Não é uma limusine, mas é quase isso. A lista de serviços do táxi dele é imensa: tem internet wi-fi, carregador para celular, frigobar com água, refrigerante e suco, balinhas, revista, jornal do dia, televisão de 14 polegadas, DVD player, sistema de som e um “cardápio musical” que vai de Cazuza e Elis Regina a Michael Jackson, Shakira e Guns n’ Roses.
Juarez garante que já roda pela cidade assim há cinco anos, sem cobrar nenhum custo adicional pelos mimos aos clientes. Mas, agora, o taxista tem um objetivo diferente: bater de frente com o Uber, o serviço de motoristas particulares que usa carros de luxo acionados por meio de um aplicativo para smartphones. Apesar de não ter chegado a Salvador ainda, o Uber está em 68 países e já funciona ou funcionou em cidades brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.


Brindes e discoteca
À noite, se um cliente de Juarez estiver indo a uma festa e já quiser começar o esquenta ali mesmo, dá: o taxista disponibiliza um jogo de luzes e até um globo de discoteca, com trilhas como o duo Daft Punk. Neste fim de ano, fez brindes como kits de unha, com lixa e palitinho.


“Você pode rodar todos os dias, por um mês, pela cidade, mas não vai achar alguém igual ao meu. Pode  ter um item ou outro, mas eu sou o pioneiro”, orgulha-se o taxista. De fato, ontem mesmo, em um evento na orla do Jardim de Alah, a cooperativa à qual ele é credenciado, a Teletaxi, lançou uma categoria especial do serviço de táxi: é a Teletaxi Class.


“Ano que vem tem Jogos Olímpicos aqui e a população já vai ter um serviço diferenciado. O Uber envolve também marca de carro, porque sei que em São Paulo tem BMW, Mercedes-Benz. Pode até assustar algumas pessoas, mas, pelo serviço que a gente tem, não me assusta”, garantiu Juarez.


Para ele, Salvador não tem a cultura de tratar bem os clientes. Mas, em 2016, quer ir além: vai fazer um cadastro dos clientes e, nos aniversários, além de ligar para dar parabéns, vai presenteá-los com uma corrida. “As pessoas já falam para mim, ‘poxa, nunca peguei um carro assim’”.


Sem adicional
O serviço adicional também não será cobrado, segundo o também taxista João Adorno, 27. Há  um mês, ele começou a modificar seu carro. Ao todo, fez um investimento de cerca de R$ 800 – principalmente para a compra de terno, sapatos, calças e camisas sociais.


O restante, como a água, suco e as balinhas, vai  acabar se pagando até com gorjetas. Ele, por outro lado, teme o que  pode acontecer com a chegada do Uber. “É a praga dos taxistas e das empresas de táxi, mas estamos chegando, partindo para cima mesmo. O meu diferencial é o atendimento, o cuidado com o cliente, o sorriso no rosto”, afirmou ele.


Ainda conforme Adorno, tudo que tem colocado no carro “é apenas uma comodidade”, mas a maior bandeira “é o respeito e a simpatia para com o cliente”. Taxista há apenas seis meses, Elmo do Couto, 21, já chegou adaptado. Por ser cadastrado na Elitte Táxi, já trabalha de roupa social e sempre com ar-condicionado. Além disso, desde o início, instalou internet wi-fi, frigobar, carregador de celular.


“A maioria dos clientes tem iPhone, então, já deixo o cabo separado. Tenho também uma bateria extra separada, que pode ficar com eles durante a corrida”, conta. O cliente escolhe a música que vai tocar no carro e, nessa época de Natal, também distribui chicletes e balas, além de café, gengibre, maçã...


Recompensa
Tudo isso, para ele, é uma forma de conquistar o cliente. “Não é menosprezando ninguém, mas tem todo tipo de taxista na rua. Alguns não querem ligar o ar-condicionado, por exemplo”. E o melhor: quando os passageiros gostam, tendem a deixar um agrado extra.


Na última semana, conta Elmo, conduziu uma cliente até um shopping. Ao chegar lá, ela deveria pagar R$ 30. Acabou pagando R$ 50 e saiu elogiando o serviço. O taxista Everaldo Souza, 47, tem feito tanto sucesso com os mimos que tem recebido elogios até de quem vem de cidades onde já tem Uber.


“Outro dia, uma cliente de São Paulo disse que nunca tinha visto internet dentro do táxi e que a minha era muito boa, que tinha dado para baixar um livro”, lembra ele, que trabalha com a Elitte Táxi e com aplicativos como o 99Táxi.


Everaldo acredita que taxistas e motoristas particulares têm públicos diferentes e que há espaço para o Uber. “Mas se amanhã os meus colegas do Uber estiverem ganhando muito mais dinheiro para o Uber, vou para o Uber. Desde que eles paguem os impostos que a gente paga”, delimita.


Mas quem usa só os aplicativos e as tradicionais filas na rua, como o taxista Jerfferson Vilas Boas, 34, também pode oferecer esses diferenciais. O motorista, que trabalha com o EasyTaxi, o 99Táxi e o Wappa, não deixa de ter wi-fi, DVD, vestir roupa social e oferecer bombons aos clientes.


Além disso, trabalha com transporte de cadeirantes. “O Uber não me preocupa. Tudo isso que eles têm no atendimento, a gente pode colocar. Só que ainda falta capacitação para os taxistas”, aponta. O CORREIO enviou perguntas à assessoria do Uber no Brasil, sobre a intenção da empresa em passar a oferecer o serviço na capital baiana, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.


Cooperativa lança frota ‘classe A’ e já pensa em universalizar serviço | por Lara Bastos
Bastante atenciosos com os clientes, vestidos com terno preto,  camisa e sapato social, 35 taxistas passaram a circular pela cidade, desde ontem, em carros climatizados e com internet à disposição.


As novidades nos veículos, que contam ainda com televisão, água, balas, revistas e o jornal do dia no banco de trás, foram lançadas pela cooperativa de táxi por rádio chamada mais antiga de Salvador, a Teletaxi. Para pedir um veículo da modalidade Class, basta ligar e solicitar ao atendente. E o melhor: não há nenhum custo adicional na tarifa.


“Nós quisemos sair  na frente, mostrando que a categoria de táxi é capaz de prestar um atendimento de qualidade”, explicou o supervisor do Teletaxi Class, Jorge Sarmento. Segundo ele, a chegada do Uber ao Brasil foi uma oportunidade para a categoria se reciclar.


“O mercado era carente de um  atendimento de qualidade, por isso o Uber conseguiu se estabelecer nas outras cidades. Começamos com 35, mas devemos aumentar a  frota logo, porque a demanda é grande”, avalia Sarmento, que até o final de 2016 pretende estar com o serviço adaptado a todos os veículos.


Para fazer parte da nova frota, desde já, atender bem só não basta. Das balinhas ao frigobar, todos os mimos são financiados pelos  próprios taxistas. “Nós já contamos com, pelo menos, outros 40 taxistas que querem entrar no projeto, mas primeiro é preciso se  adequar”, conta ele.


Rogério Pedreira é um dos que já estão na ‘tropa de elite’. Como retorno do investimento, espera  que haja aumento da clientela. “Um cliente que tem esse tipo de atendimento dificilmente vai querer pagar o mesmo preço para pegar outro carro”, argumenta.


O taxista João Adorno já tem feito corridas dentro do novo modelo de atendimento e nota que os clientes ficam surpresos com a diferença. Na corrida, além da internet wi-fi e revistas variadas, aposta na simpatia para conquistar a clientela.


“Quando veem a gente oferecendo água, suco, perguntam se vai ficar mais caro, porque não estão acostumados”, explica ele, que, junto com os colegas, passou por treinamento com uma especialista em marketing, para aprender a atender bem. O projeto da frota especial demorou seis meses para virar realidade.


Vereadores de São Paulo aprovam liberação de aplicativo polêmico
Ontem, no último dia de trabalhos legislativos de 2015, os vereadores de São Paulo aprovaram um projeto que regulamenta o compartilhamento de carros na cidade, uma lei pensada para liberar o Uber, que passou em primeira votação.


O texto, do vereador José Police Neto (PSD), cria exigências para os motoristas que compartilham seus veículos, pedindo, por exemplo, os antecedentes criminais. Diz ainda que empresas que façam a intermediação entre motoristas e clientes devem se cadastrar na Prefeitura e informar a lista de motoristas cadastrados.  
A aprovação do texto gerou reações. O vereador Adilson Amadeu (PTB), principal articulador anti-Uber, acusou o colega de “manobrar” para conseguir levar o projeto adiante. Antes de ser levado para a sanção do prefeito Fernando Haddad (PT), o texto ainda precisa passar por uma segunda votação, em 2016.


A Prefeitura também deve se pronunciar sobre formas de regulamentar o Uber já no primeiro semestre do ano. Fundado em 2010, a empresa tem causado a ira dos taxistas de grandes metrópoles, como Londres e Paris. No Brasil, várias manifestações contra o app já foram realizadas na própria capital paulista e, principalmente, no Rio de Janeiro, onde houve inclusive agressões e ameaças de morte.


Criação do Uber não diminuiu uso de táxis, afirma Cade
Um estudo feito pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), divulgado na semana passada, mostrou que a entrada do aplicativo Uber no mercado de transporte público não diminuiu a demanda por serviços de táxi, pelo menos via serviços como 99taxis e Easy Taxi. 


De acordo com o estudo, que comparou o uso do Uber com os referidos aplicativos para smartphone, o Uber atende a uma fatia de clientes que não andava de táxi. O Departamento de Estudos Econômicos do Cade analisou cidades onde o Uber já funcionava – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte – e também em outro grupo de locais onde o Uber não funcionava.


Dados de ambos os grupos foram comparados e não houve redução do uso de táxis, apesar do advento do Uber. Dados foram coletados entre outubro de 2014 e maio de 2015. Ao CORREIO, o diretor de operações do EasyTaxi, Fábio Margulies, disse não considerar o Uber como um rival na disputa por clientes. “Seria um concorrente se ele atuasse no mesmo mercado, mas hoje só trabalhamos com meios de transporte regulamentados pelos municípios. A gente não compete com eles”, exemplificou.

 

Relacionados