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Salvador saltará de 32 para 160 bairros com novo projeto de lei

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Salvador saltará de 32 para 160 bairros com novo projeto de lei

Por CN com Assessoria de Comunicação

Depois de quase 60 anos, Salvador vai ganhar atualização da divisão territorial da cidade. O projeto de lei de reconfiguração dos bairros da capital foi encaminhada na terça-feira (20) pela Prefeitura à Câmara de Vereadores para apreciação. A medida, sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), visa atualizar a Lei 1.038/1960, com 32 bairros. A nova proposta fará a divisão da cidade em 160 bairros e três ilhas – de Maré, dos Frades e de Bom Jesus dos Passos.

O projeto irá ajudar na melhoria đo reconhecimento e identificação desses locais, com limites precisos de onde os bairros começam e terminam. Atualmente, as empresas e concessionárias que atuam em Salvador trabalham com mais de 400 bairros – o que gera confusão para os moradores. Dentre as situações atuais está a denominação de mais de um bairro para uma mesma rua, assim como ruas e avenidas identificadas erroneamente como bairros.

"A lei em vigor está fora de contexto. Só para se ter uma ideia, Itapuã ainda era um lugar de veraneio, por exemplo. Com a nova proposta, todos os órgãos públicos e empresas passarão a ter informações unificadas para prestação dos serviços", afirmou o secretário da Sedur, Guilherme Bellintani.

A delimitação também favorecerá o aprimoramento de políticas públicas já que, com os limites definidos dos bairros, os entes públicos poderão realizar melhor o levantamento das necessidades e a aplicação de recursos no local. A nova legislação prevê a revisão a cada dez anos, no intuito de acompanhar a evolução da cidade e tendo como horizonte a realização do censo demográfico.

Estudo – A construção do projeto de lei de atualização dos bairros e do território urbano de Salvador teve como base o estudo "O Caminho das Águas em Salvador – Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes". Realizado entre os anos de 2006 e 2010, a iniciativa teve a coordenação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e participação maciça da Prefeitura, do governo do estado e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a professora da Ufba Elisabete Santos, uma das coordenadoras do estudo, a primeira motivação para a pesquisa, que contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi a necessidade de levantamento da qualidade das águas dos rios da capital baiana. Até então, não havia informação de delimitação das bacias hidrográficas existentes em Salvador – elemento que, inclusive, é comum ser utilizado para ajudar a definir o território de uma localidade.

"Com o avançar do estudo, percebemos também que o cidadão não possuía qualquer relação de identidade e pertencimento com os rios, com os recursos naturais, e sim com o que chamamos de bairros. A partir disso, vimos a necessidade de que fosse feita essa delimitação territorial, até porque a legislação vigente era da década de 1960", explica.

Elisabete Santos lembra ainda que o encaminhamento do projeto de lei pela administração municipal era aguardado há algum tempo. "Todos os envolvidos no estudo vinham travando essa batalha para que a Prefeitura desse esse encaminhamento. Até porque a própria Prefeitura já tinha começado a utilizar essa delimitação, estando presente inclusive no PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano), mas ainda não havia feito a institucionalização. Essa iniciativa é essencial para as ações de planejamento e gestão da cidade", completa a professora.   

Metodologia – Para a nova delimitação, a metodologia englobou a definição de conceitos como o de bairro, considerado como "unidade de delimitação territorial com consolidação histórica, que incorpora a noção de pertencimento das comunidades que o constituem, que utilizam os mesmos equipamentos comunitários, que mantêm relações de vizinhança e que reconhecem seus limites pelo mesmo nome".

O trabalho teve como etapas o reconhecimento preliminar do sitio e levantamento histórico; a delimitação preliminar do bairro através da jurisdição associativa (imaginário da sociedade civil organizada); a pesquisa amostral/imaginário do cidadão, dentre outras ações. Os critérios para delimitação dos bairros levaram em consideração a opinião dos moradores, as barreiras físicas naturais (como hidrografia e topografia), elementos urbanísticos/área ocupada, concentração de equipamentos e serviços urbanos, sistema viário e acessibilidade, organização comunitária e ponto de corte, a exemplo fundo de lote e/ou eixo de logradouro.

Durante o processo, foram realizadas reuniões em todos os bairros que envolveram os responsáveis pelo estudo, as associações de bairros e representantes de empresas concessionárias de serviços. Esses encontros, por exemplo, ajudaram a não transformar ilhas em bairros, a partir dos relatos dos moradores considerando a identidade e o pertencimento ao espaço onde vivem.

Regiões administrativas – Antes mesmo da efetivação da nova delimitação dos bairros de Salvador, a Prefeitura tem adotado medidas que contribuem para a divisão territorial e, consequentemente, o planejamento e a gestão da cidade. Assim como a sanção do novo PDDU, após realização de diversas audiências públicas e aprovação da lei na Câmara de Vereadores, outro instrumento importante também foi adotado pela administração municipal e que tem gerado resultados positivos, principalmente para a melhoria da qualidade de vida da população: a divisão da capital em dez regiões administrativas e a implantação das Prefeituras-Bairro.

Tendo também como base o estudo "O Caminho das Águas", Salvador foi então dividida nas seguintes regiões: Centro/Brotas, Valéria, Barra/Pituba, Cabula/Tancredo Neves, Itapuã/Ipitanga, Subúrbio/Ilhas, Cajazeiras, Liberdade/São Caetano, Pau da Lima e Cidade Baixa. Em cada uma dessas regiões, foi montada uma sede que tem como missão oferecer com qualidade os principais serviços da Prefeitura a todos os cidadãos. Além disso, visa interagir com as comunidades e conhecer as necessidades e demandas, na busca de soluções e supervisão das ações e serviços da Prefeitura em cada um dos bairros da cidade. 

Com esse modelo, foi possível a realização de programas como o Ouvindo Nosso Bairro, considerada a maior ação de consulta popular do país e que teve a edição 2017 lançada no início deste mês. A proposta é que fazer com que o cidadão possa indicar as obras e intervenções prioritárias no bairro onde mora por meio de votação. Na primeira edição, promovida em 2015, foram indicadas mais de 100 mil obras e realizadas 1,3 mil melhorias nos bairros.

Neste ano, o processo será feito completamente online, por meio de aplicativo para celular, totens eletrônicos a serem disponibilizados em locais de grande circulação e pela internet.  Com a atualização e delimitação de bairros de Salvador, acredita-se que o trabalho das Prefeituras-Bairro ficará ainda mais fácil, já que terão a noção exata do território de atuação e do bairro a ser atendido.

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