Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Salvador

/

'Era pra prender, não precisava ter matado', diz mãe de jovem morto

Salvador

'Era pra prender, não precisava ter matado', diz mãe de jovem morto

Por: Pesquisa Web

Familiares se despendem das vítimas
(Foto: Almiro Lopes)

 

“Se tivesse no erro, era pra prender. Não precisava ter matado." A frase é da mãe de Vitor Campos Brito, 23, um dos três jovens mortos durante uma ação policial, na Rua Maderite, no bairro de Fazenda Coutos, em Salvador, na última sexta-feira (16). Devastada, a senhora que prefere não ser identificada, foi até o cemitério de Plataforma para enterrar o filho e mais dois amigos, Tiago Souza, 19, e Alisson Caíque, 21 anos, na tarde de quarta-feira (21).

Moradores e familiares das vítimas lotaram a cerimônia para prestar as últimas homenagens às vítimas e aproveitaram para protestar, pedindo menos violência durante as ações da polícia. A morte dos meninos, para amigos e vizinhos, ainda não tem explicação. A tia de um dos rapazes garante que eles não estavam armados quando foram baleados. "Eu sei que Alisson não estava armado. Ele não andava com arma", enfatizou a mulher, que também pediu anonimato. Ela diz ainda que foi vítima da ação policial. "Eles xingaram mães de família que estavam na rua procurando os filhos. Agora, me diga, quem é que vai deixar o filho na rua com tiro?", questionou ela.

Moradores levam o corpo das vítimas durante enterro
(Foto: Almiro Lopes)

A parente de uma das vítimas ainda tenta entender o que aconteceu. Ao falar na situação, ela diz lembrar do momento em que todos saíram correndo por causa do barulho dos tiros. Segundo a jovem, que também manteve o anonimato, os jovens estariam na rua e quando os policiais chegaram correram para casa. "Tem que matar porque correu da polícia? Se quando eles [polícia] chegam todo mundo fica apavorado", afirmou. Para um vizinho, que testemunhou o crime, os jovens 'viraram estatística'. "Agora, três jovens que cresceram juntos foram mortos e nada vai ser feito".

Defesa
Procurada, a Polícia Militar da Bahia (PM) informou que os três jovens possuem passagens por tráfico de drogas. Vitor tinha duas passagens por "tráfico e condutas afins". A primeira foi em 2015 e a segunda, em maio de 2017. Já Alisson Caique tinha uma passagem, também por tráfico de drogas, em junho de 2016. Sobre a ação, a polícia disse que foi até a Rua Maderite porque vizinhos denunciaram tráfico de drogas na região. A PM diz que ao chegar ao local foram recebidos a tiros pelos jovens e houve revide. Eles ainda afirmam que havia mais gente na casa, mas que os outros homens conseguiram fugir.

Com os jovens, a PM diz que apreendeu três revólveres calibre 38, 25 pinos de cocaína, 51 pedras de crack, um pedaço de maconha prensada, uma trouxinha da mesma droga e R$ 265,75 em espécie. A ocorrência já foi registrada na Corregedoria da PMBA.

Relato da mãe
Mãe de Vitor conversou sobre o crime e sobre os últimos momentos com o filho. Veja o relato:
Eu tinha visto Vitinho pela última vez quando fui chamar ele pra almoçar, umas 15h. Ele nem gostava quando eu o chamava, dizendo que já era homem feito. De noite, a polícia chegou, eu desci pra procurar meus filhos, tenho seis. Quando eles [polícia] chegam na rua, as mães descem logo pra ver. Eu cheguei e vi uma viatura, então, não deu pra ir até o local, mas ouvi os tios e foram muitos, mais de 50. Eu senti no meu coração que estava matando. Quando acabou, cheguei pra uma vizinha, dei o documento dele e mandei ela reconhecer, pois eu já não tinha condições. Eu não esperava enterrar Vitinho. Foi o meu pedaço, mas tenho certeza que ele foi pra glória, porque Deus é justo.

***
Criei meus seis filhos fazendo uma faxina aqui e ali, vendendo produtos naturais...Sou uma mulher verdadeira e não gosto de mentiras... Vitinho respondia por tráfico - uma vez foi armado e outra vez que ele estava traficando mesmo, mas ele não andava armado. Agora, eu choro é pela tortura. Passaram uma hora atirando. Precisam parar com isso, porque hoje três mães choram. Se existe direitos humanos, vamos guerrear juntos. Precisamos de ajuda.
***
Vitinho era um menino bom. Ele era brincalhão e todo mundo gostava. Vitinho já trabalhou até de carteira assinada, como pintor. Vitinho gostava muito de viver.

Fonte: Correio*
 

Relacionados