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Com quase metade da população em áreas de risco, Salvador lidera índice do IBGE

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Com quase metade da população em áreas de risco, Salvador lidera índice do IBGE

Por: G1

Salvador lidera índice de cidades com maiores números de moradores em locais de risco no país (Foto: Egi Santana/G1 BA)

 

Uma pesquisa realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) aponta que Salvador é a cidade que tem o maior número de moradores vivendo em áreas com risco de desabamento e alagamento no país.

De acordo com o estudo, que foi divulgado nesta quinta-feira (28), dos 2.675.656 milhões de moradores que o município tinha na época, 1. 217.527 milhão vivia em locais propícios aos desastres. O número equivale a quase metade da população.

Depois da capital baiana, de acordo com a pesquisa, seguem as cidades de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), que ficaram em segundo e terceiro lugar, com 674.329 mil e 444.893 mil moradores em locais de risco, respectivamente.

Em relação à porcentagem, conforme a pesquisa, Salvador fica em terceiro lugar no país, com 45,5% da população em áreas de risco. Antes da capital baiana, vêm Igarassu (PE), com 68,4%, e Ribeirão das Neves (MG), com 60,5%. A população das duas cidades é cerca de 10 vezes menor que a de Salvador.

A Bahia aparece em terceiro lugar entre os estados no país e em primeiro no nordeste. De acordo com a pesquisa, dos 14.016.906 de habitantes que o estado possuía em 2010, 1.375.788 viviam em áreas de risco. No ranking nacional, a Bahia está atrás de São Paulo e Minas Gerais, que ocupam o primeiro e segundo lugar, respectivamente. O estudo do IBGE foi realizado em 46 cidades do país. Das 568 áreas monitoradas nestes locais, foram identificadas 1.835 mil áreas de risco.

Salvador

Nos últimos anos, a capital baiana teve tragédias causadas por deslizamentos de terra que provocaram a morte de dezenas de pessoas, como os casos registrados em 2015 na localidade do Barro Branco, na Av. San Martin, e na comunidade do Marotinho, bairro do Bom Juá, que deixou 15 mortos; além do desabamento em Pituaçu, em março deste ano, quando quatro pessoas da mesma família morreram. Além da chuva, a ocupação desordenada é uma das situações apontadas por especialistas como causas dos desastres.

O historiador e geólogo Rubens Antônio Filho explica que a ocupação de forma irregular na cidade é histórica. Em 1549 (ano da fundação), a capital baiana tinha um território cujo limite ocupado por construções se resumia entre onde hoje está a Praça Castro Alves e a Praça Municipal. No entanto, com o passar dos anos, cresceu. A maior parte desse tipo de ocupação ocorreu nas encostas, já que Salvador possui muita área semelhante a vales.

De acordo com o historiador, o "estilo" enladeirado, cheio de altos e baixos de Salvador começou a ser formado há milhões de anos, e a própria natureza transformou o território que hoje é a cidade. Apesar das diversas áreas altas em Salvador, o geólogo diz que, em muitos casos, não é possível enxergar a inclinação desses vales, por conta dos prédios e obras. Rubens conta, ainda, que, ao longo do tempo, as modificações nas encostas de Salvador não foram feitas da forma correta, o que facilita a ocorrência dos deslizamentos.

Infraestrutura

Segundo o engenheiro civil, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Luís Edmundo Campos, a falta de estudo do solo para a construção é recorrente na cidade.

Além disso, ele aponta um outro problema durante a construção em encostas. "A pessoa, ao invés de aproveitar o terreno para fazer a casa, ele faz o desenho de uma casa plana e adequa o terreno à planta daquela casa, ao invés de adequar a planta da casa ao terreno", disse.

Luís Edmundo falou ainda que a má infraestrutura das casas nas encostas também pode causar o deslizamento. Segundo o professor, a utilização de forma errada dos tubos para captação de água da chuva e esgoto podem estourar o encanamento, e a pressão da água, além de molhar o solo, pode empurrar a estrutura de um imóvel.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) disponibiliza para as famílias com renda de até três salários mínimos acesso a arquitetos e engenheiros para elaboração de projetos de construção ou de obras de ampliação de imóveis particulares. O serviço é oferecido através do Escritório Público de Arquitetura, Urbanismo e Engenharia, localizado na sede da Seinfra, no Vale dos Barris, número 125.

Áreas de risco

Salvador possui, atualmente, cerca 600 áreas de risco localizadas em encostas, segundo o mapeamento e registro de ocorrências da Defesa Civil de Salvador (Codesal). Em todos esses locais existe possibilidade de deslizamentos.

O professor Luís Edmundo afirmou que nem todas as encostas são áreas de risco. Ele explica, ainda, que para ser definida como área de risco, são levados em consideração o tipo de ocupação, de solo, de drenagem, de habitação, entre outros pontos referentes ao espaço. Caso essas estruturas apresentem problemas na insfraestrutura, a área é apontada como de risco.

De acordo com a Codesal, as áreas com maior risco de Salvador se encontram próximas à Cidade Baixa, como por exemplo nos arredores da Avenida Contorno, no bairro da Liberdade e na região da Avenida Suburbana. Com o crescimento habitacional desordenado, regiões como Avenida Paralela e BR-324 também passaram a ser ocupadas irregularmente. Tanto a prefeitura quanto governo do estado afirmam que realizam ações para contenções de encostas e proteção com geomantas. A prefeitura informou que, desde 2013, 40 estruturas foram finalizadas com recursos municipais.

As intervenções no município foram realizadas em Cosme de Farias, Federação, Vale das Pedrinhas, Ladeira do Cacau, Avenida Contorno, Canabrava, São Cristóvão, Itapuã, Saramandaia, Rio Vermelho, Luiz Tarquínio, Saboeiro, Santa Mônica, Costa Azul, Estrada Velha do Aeroporto, São Caetano, Liberdade, São Tomé de Paripe, Estrada da Rainha, Fazenda Grande, São Marcos e outras 26 localidades.

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