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Tempo surpreende com chuvas, trovoadas e alaga cidades baianas

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Tempo surpreende com chuvas, trovoadas e alaga cidades baianas

Por: Sites da Web

Para quem já estava  acostumado com o intenso valor, com temperaturas que chegavam perto dos 40ºC, os últimos dias têm surpreendido não só quem está em Salvador, mas principalmente em algumas cidades do interior, onde a seca, que colocou em situação de emergência 251 municípios parece ter dado lugar  a fortes chuvas, acompanhadas de trovoadas e inundações.


Para se ter uma idéia da mudança climática, há pouco mais de 15 dias os incêndios florestais eram os cenários mais comuns em diversas regiões da Bahia, principalmente na Chapada Diamantina, e a região do Rio São Francisco enfrentava uma das maiores secas da sua história, levando o nível da barragem de Sobradinho a menos de 2% do seu volume útil. Atualmente esse volume está em 3,23% com tendência de alta e chove tanto no norte de Minas Gerais, onde ficam as nascentes do rio, como em toda região ao longo do seu curso na Bahia.


Em Salvador, desde o Ano Novo até ontem, havia chovido 123,9 milímetros, conforme as mediações feitas pelo instituto Nacional de Meteorologia (IInmet). Foram até agora 11 dias de chuvas, quase no limite histórico da média pluviométrica de 138 mm, e de 13 dias chuvosos para o mês de janeiro. E a previsão  meteorológica indica que pelo menos até o próximo domingo há possibilidades de mais chuvas com trovoadas em diversas regiões do estado e Região Metropolitana de Salvador.


Para a meteorologista do Inmet na Bahia, Marinez Cardoso, apesar das mudanças, quando comparadas com o final do ano passado, não se trata de fenômenos atípicos, mas com de natureza cíclica. “Estamos sob a regência do El Niño, que ocorre periodicamente em todo o mundo, e historicamente o mês de janeiro é marcado por chuvas não intensas, que em média ocorrem durante 11 dias no mês”, disse. Para ela, prevalece a tendência de que com o El Niño o verão será de poucas chuvas e intenso calor.
Apesar das chuvas, o tempo continua abafado na maior parte do Estado e em Salvador. Para os próximos dias, com forme as previsões tanto do instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), como do Centro de Previsão e Estudos Climáticos (Cpetc), a tendência é que até o domingo ocorram chuvas com trovoadas ao longo do litoral, Chapada Diamantina, Oeste e Norte do estado, com temperaturas altes, que em Salvador podem chegar a 32º C.
Por sua vez, Marinez Cardoso explica que é prematuro se fazer qualquer prognóstico para o período do Carnaval, mas se for mantida a tendência histórica, poderão ocorrer chuvas esporádicas, por causa da concentração de umidade e calor em todo o Estado.
Em fevereiro, historicamente, a média pluviométrica em Salvador é de  142 milímetros, com 15 dias de chuvas distribuídas ao longo do mês.
O fenômeno El Niño, nas análises do Cptec e do Inemt deverá continuar até o final de março,  mas atualmente o que se observa na Bahia, conforme explica a meteorologista do Inmet, é que há uma concentração de umidade combinada com a temperatura do oceano Atlântico, que forma uma espécie de corredor que vai do Amazonas, passando pela Regiões Centro Oeste até chegar ao  litoral baiano. “Isso faz com que os períodos de chuvas, como os que vêm ocorrendo atualmente, sejam mais longos e persistentes, mas sem as intensidades das chuvas de outono”, disse.
A chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul, conforme disse, deverá continuar influenciando o tempo nos próximos dias, mantendo o céu encoberto e chuvoso em toda a Bahia. É resultante da combinação de uma frente fria que permanece sobre o Sudeste brasileiro e sul do Estado, e a umidade que vem da região Amazônica e do Oceano Atlântico. Mesmo com essa mudança de tempo, o baiano conviverá com  altas temperaturas  em várias regiões, principalmente no Oeste e São Francisco, onde a temperatura pode chegar a 35°C, e provocar  chuvas fortes e trovoadas.
Alerta aponta raios e trovoadas
Na manhã de ontem, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta meteorológico  em que apontava para riscos potenciais de alagamentos e deslizamentos de terra provocados por fortes chuvas que poderão chegar a até 50 milímetros no dia em municípios da região do São Francisco e Oeste da Bahia, Norte de Minas Gerais.
O alerta recomenda ainda que a população se coloque em lugares altos os utensílios domésticos, desliguem aparelhos elétricos e quadro geral de energia, por causa das descargas (raios) atmosféricas. O alerta vale até hoje para os municípios da Chapada Diamantina, Vale do São Francisco, Região Sul, Metropolitana de Salvador, e Extremo Oeste do estado.
El Niño
A previsão por consenso dos institutos meteorológicos no Brasil, elaborada para o trimestre – janeiro a março – indicam que por causa do fenômeno El Niño existe maior probabilidade de chuvas ocorrerem abaixo da média normal climatológica em grande parte das Regiões Norte e Nordeste do país.  Na Bahia essa probabilidade indica que elas deverão ocorrer 40%  abaixo da média. Ainda para o trimestre , a previsão por consenso indica maior probabilidade de temperaturas acima da média em quase todo o País.
Os fenômenos El Niño são alterações significativas de curta duração - 15 a 18 meses-  na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Estes eventos modificam um sistema de flutuação das temperaturas daquele oceano chamado Oscilação Sul e, por essa razão,seu papel no aquecimento e global.
No Brasil costuma se manifestar provocando grandes inundações nas regiões Sul e Sudeste e secas nas regiões Norte, centro Oeste e Nordeste. Mesmo sendo de curta duração, costuma provocar efeitos prolongados que se prolongam por quase um anho após o fim da mudança climática. Na Bahia a previsão é que ele se prolongue até o final de março de 2016.
Rios enchem na Chapada e Barreiras tem chuva recorde
No município de Santa Rita de Cássia, no extremo oeste da Bahia, já próximo à divisa com o estado do Piauí, em 21 dias de janeiro choveu 438 milímetros. O volume de água fez com que os níveis de água do Rio Preto, afluente do Rio Grande, que por sua vez deságua no Rio São Francisco, subissem. Igual situação vive o município de Carinhanha, nas margens do São Francisco, já próximo á divisa norte com o estado de Minas Gerais, que acumula um índice pluviométrico de 355 mm em 21 dias de janeiro.


Na Chapada Diamantina, que a até 15 dias convivia com inúmeros focos de incêndios dentro e nos arredores do parque Nacional, já choveu 339,2 mm em Lençóis e 380,9 em Itaberaba. Com isso o nível da Barragem bandeira de melo, que fica no vizinho município de Marcionílio Souza começa a subir, o mesmo acontecendo com o Rio Paraguaçu, que começa a receber um volume significativo de água dos seus afluentes em Lençois, Mucugê, Andaraí , Morro do Chapéu e Ibicoara.


Até mesmo no coração do Semiárido, no município de Remanso, que fica na margem do Lago de Sobradinho, o volume de chuva até agora acumula 204 mm, o mesmo acontecendo em Monte Santo  (126 mm), Irecê (228,8 mm), Jacobina 223,7 mm) e Morro do Chapéu (211,1 mm).  Segundo o Inmet, uma das características do verão é  a incidência de altas temperaturas com forte umidade, o que contribui para intensificar as chuvas.
Com as chuvas na Chapada Diamantina, rios que formam a bacia do Paraguaçu estão cheios e formam diversas quedas d‘água em seu percurso, mudando por completo o cenário de destruição da vegetação que havia a até pouco menos de 15 dias. Com isso ressurgiram as cachoeiras da Fumaça, em Lençóis, e a de Moça Loira, em Mucugê , após mais de três meses de estiagem e incêndios em várias áreas do Parque Nacional, que teve sua vegetação destruída em mais de 50 mil hectares. Em Mucugê, as cachoeiras de Andorinhas, Piabinha, Matinha e Moça Loira também  estão cheias.


Barreiras
Há 36 anos que não se via tanta chuva na região de Barreiras, no oeste da Bahia, como neste janeiro de 2016. O mês ainda nem terminou e a estação meteorológica convencional do Instituto Nacional de Meteorologia computava 410, 2 mm de chuva até 10 horas da manhã do dia 21, pelo horário de Brasília. Este é o maior volume de chuva que caiu sobre Barreiras desde fevereiro de 1980, quando choveu 416,6 mm.


Grandes áreas de instabilidade continuam sobre o Nordeste e vão provocar mais chuva também sobre Barreiras nos próximos dias. Choveu 93,9 mm entre 10 horas de ontem e 10 horas de hoje e até domingo podem ocorrer outros eventos de chuva volumosa. As áreas de instabilidade enfraquecem a partir de segunda-feira.

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