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<b>Marceneiro morto em Itinga após seguir dupla estava cansado de assaltos</b>

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Marceneiro morto em Itinga após seguir dupla estava cansado de assaltos

Por: Pesquisa Web

Camisa feita após morte de marceneiro (Foto: Hilza Cordeiro/CORREIO)

Cansado dos frequentes assaltos ao restaurante da mãe nos últimos meses, o marceneiro Ramon Henrique de Jesus Santos, 32, morto em Itinga, na tarde de quinta-feira (2), saiu de carro pelo bairro em busca dos possíveis assaltantes. Ao encontrar os dois homens que suspeitava serem os ladrões, Ramon e um amigo os renderam com uma arma.

De acordo com a Polícia Civil, um mototaxista presenciou a abordagem e ligou para a polícia relatando o ocorrido. Policiais da 81ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Itinga) foram atender ao chamada e encontraram no local os dois homens que tinham sido rendidos por Ramon. Eles afirmaram que o homem que os atacara estava em um veículo Ônix.

Os dois disseram que achavam que se tratava de uma tentativa de assalto. A viatura então seguiu procurando pelo carro mencionado até encontrá-lo. De acordo com o depoimento do amigo que estava de carona, ao notar a viatura, próximo ao Loteamento Jardim Pérola, Ramon tentou fugir porque estava com um revólver e não tinha porte de arma. Em nota, no entanto, a Polícia Militar informou que os amigos atiraram contra a guarnição, que, por sua vez, revidou.

Ainda conforme a PM, no confronto, “um dos criminosos”, foi atingido e socorrido para o Hospital Menandro de Farias, mas não resistiu. Ramon já chegou sem vida à unidade. Na nota consta ainda que o amigo do marceneiro, que não teve o nome divulgado, foi preso e levado para a 27ª Delegacia (Itinga). Após prestar depoimento, ele foi liberado. Os dois homens que foram abordados por Ramon e o amigo também foram levados pela polícia para a delegacia, ouvidos e liberados.

Segundo uma testemunha, no momento do crime, uma mulher abraçou o amigo do marceneiro e gritou avisando que eles eram moradores do bairro e que não eram criminosos. De acordo com a Polícia Civil, nenhum dos quatro envolvidos na confusão tinha passagem em delegacias. No crime, a PM relata ter apreendido com Ramon uma pistola Ruger alemã .40 (de uso restrito da polícia) com 11 munições de mesmo calibre, um celular e R$ 102. Ao contrário do que disse a PM, o Ônix utilizado não tinha restrição de roubo, segundo a Polícia Civil.

Família e moradores acusam PM
A família e os amigos de Ramon não se conformaram com a versão do crime apresentada pela Polícia Militar. Segundo José Mário dos Santos, 53, pai do marceneiro, os policiais o confundiram com um assaltante e o mataram no meio da rua, mesmo o filho tendo se rendido com as mãos para cima. Ramon foi atingido com sete disparos.

Uma outra testemunha do ocorrido contou que, quando os policiais fizeram Ramon e o amigo descer do carro, um policial teria dito que se encontrasse arma no veículo, eles iriam morrer. Ainda segundo a testemunha, após encontrar a arma, o policial mandou que os dois sentassem no chão. Em seguida, os policiais pegaram a pistola usada por Ramon e dispararam contra a viatura para forjar um confronto. O caso foi registrado na polícia como auto de resistência – quando há morte em decorrência de atividade policial. O Ônix também apresentava uma marca de tiro no parabrisa. De acordo com a Polícia Civil, tanto o veículo quanto a viatura serão periciados.

Protesto
Na tarde desta sexta-feira (3), durante o sepultamento de Ramon no Cemitério Bosque da Baz, no bairro de Nova Brasília, o pai de Ramon disse que ainda não decidiu se levará o caso à Corregedoria da Polícia Militar. “Estamos analisando uma forma de confortar nossa família. Eles tinham que prender, não tirar a vida. Isso não pode ficar assim”, desabafou. Por enquanto, a família está organizando uma caminha pelo bairro em protesto pela morte. Os amigos mandaram fabricar camisetas com os dizeres "Queremos justiça! Pai de família covardemente assassinado por policiais militares da 81ª CIPM".

Emocionado, José Mário não se conteve ao lembrar da relação do filho com os netos e relembrou a história de Ramon. “Ele aprendeu a profissão comigo. Trabalhávamos juntos, eu já estava para ‘encostar’ e ele ia levar adiante a marcenaria”, contou. De acordo o pai, Ramon resolveu ir atrás dos assaltantes porque o estabelecimento da mãe tinha sido assaltado pela terceira vez em um curto período. Ele era o filho mais velho e tinha duas irmãs. O marceneiro deixou esposa e dois filhos. Segundo familiares, aos finais de semana, ele dava aulas de boxe para crianças do bairro e foi aluno do pugilista Popó. Fonte: Correio*

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