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Baleado ao ser confundido com assaltante, ator diz ter sofrido preconceito da PM

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Baleado ao ser confundido com assaltante, ator diz ter sofrido preconceito da PM

Por: G1

Leno Sacramento, de 42 anos, prestou depoimento à Polícia Civil nesta sexta-feira (15) e falou com a imprensa pela primeira vez sobre o ocorrido.

O ator Leno Sacramento, baleado na última quarta-feira (13) durante uma ação policial no centro de Salvador, após ser confundido com um assaltante, prestou depoimento na sexta-feira (15) e, pela primeira vez, falou com a imprensa sobre o ocorrido. Disse ter sido vítima de preconceito durante a abordagem da polícia por ser negro. Leno, que é do Bando de Teatro Olodum, foi ouvido por cerca de 2h pela Polícia Civil no Complexto dos Barris, acompanhado de advogados. Foi o primeiro depoimento prestado por ele após o caso.

"Eu contei só a verdade, só a verdade. Eu saí de casa, vim para o teatro trabalhar, como eu faço, e no meio do caminho eu ouvi pessoas mandando eu parar. Olhei para trás e, quando eu parei, antes de colocar o pé no chão, eu vi um disparo e caí no chão. Ainda não tinha noção do que estava acontecendo. Quando olhei para minha perna, minha perna estava sangrando muito. O tiro está aqui, passou de um lado a outro", destacou.

Engajado na luta contra o racismo, ele diz que os policiais que o abordaram agiram com preconceito. "Eu estou ferido, estou machucado, mas a dor é outra. Estou com outra dor aqui: a dor da bala que pegou em mim na quarta e que antes de quarta pegou em vários negros que não podem falar", disse o ator.

O advogado de Leno, Cleifson Dias, fala em "racismo institucional" na ação da polícia. "Isso porque todos os fatos nos levam a a crer que não foi uma mera abordagem desastrosa. Isso não é um acaso. Isso acaba-se tornando uma regra, acaba sendo percebido como uma regra e uma regra de atuação institucional", afirmou.

O caso é investigado pela corregedoria da Polícia Civil, que já solicitou imagens de câmeras de segurança para descobrir o que aconteceu durante a abordagem policial. A reportagem procurou a Polícia Civil nesta sexta para comentar a declaração do advogado de Leno, que nomeou a ação de "racismo institucional", mas não obteve resposta do órgão.

Versões

Segundo a assessoria da Polícia Civil, uma equipe de policiais foi acionada por populares por causa de dois homens que estariam cometendo assaltos, usando bicicletas, na região do Campo Grande, no centro da capital, na quarta. 
Quando foram atender a ocorrência, os agentes avistaram Leno e um amigo dele, o cenógrafo Garley Souza, andando de bicicleta e teriam achado que Leno estaria envolvido nos assaltos. A políca diz que o ator não teria obedecido uma ordem para parar.

O ator, no entanto, contesta. Afirma que estava indo para o Teatro Vila Velha, na Av. Sete de Setembro, quando foi baleado na região do Relógio de São Pedro, mesmo tendo parado quando ouviu o comando dos policiais. O policial civil que atirou e feriu o ator disse em depoimento à corregedoria que atirou no chão e que foi o estilhaço da bala que atingiu a panturrilha do ator. Leno, por sua vez, escreveu em uma rede social que o tiro não foi de raspão. O amigo de Leno não ficou ferido.

Leno participou do filme "Ó Pai ó", que conta com atores como Lázaro Ramos e Wagner Moura no elenco. Lenon também atuou na peça "Cabaré da Raça", que também trata sobre o racismo e tem cenas sobre a violência policial contra negro. O espetáculo também já foi protagonizada por Lázaro Ramos e é um dos mais conhecidos do Bando de Teatro Olodum. Atualmente, Leno está em cena no monólogo "Encruzilhada", que discute o racismo e as várias mortes simbólicas que envolvem o negro.

Integrantes do Bando de Teatro Olodum, do qual Leno também participa, escreveram um manifesto que foi lido na manhã desta quinta-feira, no Passeio Público, onde funciona o Teatro Vila Velha, em Salvador. O ator Lázaro Ramos compartilhou o manifesto na conta dele no Instagram.

A Polícia Civil informou que vai ser investigado se houve excesso por parte dos policiais civis durante a abordagem. A guarnição era composta por quatro policiais, mas só dois estavam diretamento envolvidos da ação que deixou o ator baleado.

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