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Queda do emprego: 'Ainda pode piorar antes de melhorar'

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Queda do emprego: 'Ainda pode piorar antes de melhorar'

Por: Pesquisa Web

O índice de desemprego de outubro, divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira, ficou "estatisticamente estável" em relação a setembro, segundo o instituto. A taxa passou para 7,9% no mês passado, após registrar 7,6% nos dois meses anteriores.

Há apenas um ano, o índice, medido pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), era de 4,7%. Isso significa que, nos últimos 12 meses, 771 mil pessoas ingressaram no grupo dos que buscam trabalho.

O grande salto do desemprego, porém, ocorreu mesmo no primeiro semestre. Desde julho, o índice tem variado menos e em novembro e dezembro a expectativa dos analistas é que a taxa permaneça estável ou até tenha uma ligeira melhora.

Mas essa relativa trégua nas demissões quer dizer que estamos chegando ao fundo do poço no que diz respeito a deterioração do mercado de trabalho brasileiro?

"Infelizmente, não", disse à BBC Brasil Rafael Bacciotti, analista da consultoria Tendências.

"É preciso lembrar que, por uma questão de sazonalidade, no fim do ano temos mais contratações temporárias, o que segura um pouco o índice. Mas a trajetória continua sendo de baixa (do emprego) e esperamos que no ano que vem a média do desemprego fique na casa dos 9%."

Marcos Mollica, sócio-responsável pela gestão de recursos da Rosenberg Partners também vê um cenário de maior deterioração do mercado de trabalho em 2016, não descartando uma volta ao desemprego de dois dígitos em um cenário mais pessimista.

"Ainda vai piorar antes de melhorar, até porque a expectativa para o ano que vem é de uma nova queda no PIB (Produto Interno Bruto)", diz ele.

"Se não tivermos nenhuma surpresa, 2016 vai ser o fundo do poço para a economia brasileira e poderemos iniciar alguma recuperação em 2017, com um crescimento ainda baixo. Mas há riscos no cenário externo relacionados à recuperação chinesa e à política monetária americana. E no cenário interno, ligados à trajetória fiscal brasileira e às dificuldades do governo para promover o ajuste", opina.

RAZÕES

Até o ano passado, os brasileiros vinham assistindo a uma progressiva melhora no mercado de trabalho no país, com os índices de desemprego atingindo sucessivos recordes de baixa.

Segundo Bacciotti, duas dinâmicas que provocaram a reversão desse processo em 2015 devem continuar em curso no ano que vem.

A primeira diz respeito à queda na atividade de uma série de setores, como construção civil, serviços, indústria de transformação e produção de óleo e gás, que estariam fechando postos de trabalho.

Desde janeiro, por exemplo, só a indústria paulista já demitiu 159 mil pessoas, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). E, no caso da indústria, as demissões se mantiveram inclusive em outubro, quando foram fechados 20 mil postos de trabalho.

“O ano de 2015 foi o pior para o emprego na indústria do Estado de São Paulo. À frente (prevemos uma) grande melhora? Pelo menos que consigamos enxergar, não”, disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp.

A segunda dinâmica que deve continuar a impulsionar o índice de desemprego no ano que vem seria a redução da renda real das famílias, que, segundo Bacciotti, deve cair 2% em 2016 (após uma queda de 4% em 2015).

Ele lembra que, apesar da inflação estar na casa dos 10%, as negociações salariais devem ficar mais difícieis em um cenário de demissões em alta.

"Até o ano passado tínhamos uma redução do desemprego em parte em função do aumento da renda. Com uma renda familiar maior, muitos jovens podiam optar por apenas estudar, por exemplo", diz o analista da Tendências.

"Agora, com a inflação corroendo o poder de compra das famílias e o aumento das demissões, temos uma volta ao mercado dessas pessoas que estavam sem trabalhar, o que pressiona o índice de desemprego."

Segundo o IBGE, o rendimento real médio dos trabalhadores brasileiros ficou em R$ 2.182 em outubro, tendo uma queda de 0,6% frente a setembro e de 7% em relação a outubro de 2014 (quando era de R$ 2.345).

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