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Ambientalista chama de "mutilação" a poda drástica do bambuzal da Praça Abrantes

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Ambientalista chama de "mutilação" a poda drástica do bambuzal da Praça Abrantes

Por: Geovânia Cruz

Há quase um mês o bambuzal situado na praça na Praça Abrantes foi “podado”, desde então, muitas pessoas se manifestaram contra a prefeitura de Camaçari, por autorizar essa poda drástica, sobre a qual o Artigo 99 da Lei Federal 9605/98, caracteriza como “crime ecológico”.

Durval Borges, ambientalista da Arborize de Camaçari, se pronunciou sobre o assunto e declarou que entrará com processo junto ao Ministério Público para que os responsáveis pela poda do bambuzal sejam punidos sob o rigor da Lei.

Durval chamou a poda do bambuzal de “mutilação” e explicou: “Foi uma mutilação, porque toda árvore tem sua natureza, todo vegetal tem sua estrutura própria, inclusive já se aplica um conceito que não existe poda de árvores, que elas vão assumindo a sua formação peculiar, que advêm de várias situações, espacial, geográfica, função ambiental”.

O ambientalista, que se declarou indignado pelo que fizeram com o bambuzal plantado na praça há mais de 35 anos, destacou a realidade climática de Camaçari e a necessidade de, ao invés de se destruir árvores, plantá-las: “O clima quente de Camaçari e a atividade industrial desenvolvida no município tornam a cidade ainda mais desconfortável, do ponto de vista ambiental e climático. A presença de árvores aqui é inclusive uma necessidade. Ainda não consegui entender, porque até hoje ninguém conseguiu desenvolver um plano de arborização urbana, capaz de atender realmente às necessidades do município”, completou.

De acordo com Durval, cada árvore tem suas características peculiares e, especialmente o bambu tem uma formação estrutural que não permite, inclusive, uma poda com corte de cima, do broto, como foi feita, e explicou: “Não tem condições de ser assim, porque dessa forma a planta fica deformada, sem viabilidade alguma, fragiliza a planta do ponto de vista biológico e ecológico”.

Durval Borges, ambientalista da Arborize

De acordo com o que estabelece o Artigo da Lei supracitada (Art. 99 da Lei Federal 9605/98): “Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia, a pena é de três meses a um ano, ou multa. Se for aplicada a multa, esta será de R$ 100,00 a R$ 1.000,00 por árvore, conforme previsto no artigo 56 do Decreto Federal nº 6.514/2008”, Durval Borges diz que não consegue entender que, mesmo com todo aparato jurídico de defesa que se tem, ainda se presenciar algo assim em Camaçari.

“E o que mais me chama atenção, é que o crime foi permitido por uma entidade pública, ou seja, não foi feita por um cidadão comum. De forma irresponsável, o poder público convida pessoas desqualificadas, para fazer um trabalho de uma importância extraordinária como esta”, desabafa o ambientalista, se declarando perplexo pelo que denominou de “assassinato da árvore”. 

Segundo parecer técnico de Durval, o bambuzal da Praça Abrantes foi completamente comprometido e, talvez de forma irreversível do ponto de vista de sua rebrotação. “Não se pode esperar que daquelas varas brote o olho de volta. Ou seja, a capacidade do bambu é de ir se renovando por baixo. Quando se faz uma poda daquela, se deforma a planta e, praticamente, inviabiliza a brotação natural do vegetal”.

No dia 20 de novembro publicamos uma matéria informando o ocorrido com a planta. Nos dias seguintes a Secretaria de Ordem Pública e Sustentabilidade (Seops) nos encaminhou uma nota explicando que o corte foi necessário porque folhas da planta caía no chão, o que poderia causar acidente. Casos as pessoas pisassem nelas, poderiam escorregar. Também foi dito que a árvore foi cortada para acabar com escorpiões que foram vistos no local.

Sobre esta explicação da Seops, Durval argumenta: “A secretaria não apresentou nenhum respaldo técnico plausível como argumento ou justificativa do ato. Até porque o bambu está lá, e as folhas continuam caindo no chão e, eu acredito que essa história de escorpiões é mito, porque, se realmente tinha, eles continuam lá”.

Diante do erro grave cometido pela prefeitura, Durval diz esperar que as punições sejam aplicadas sobre os responsáveis pela poda irregular, bem como, ações de reparação, a fim de que, os impactos sobre a planta sejam reduzidos. “Agora, é preciso fazer um estudo da planta e saber o que se pode salvar dela e, a prefeitura deveria fazer isso. É uma forma de reconhecer o erro e, mostrar para a sociedade que medidas estão sendo tomadas para, de alguma forma, reverter essa situação. Essa coisa de aconteceu, aconteceu e pronto, não deve existir. A sociedade precisa de uma resposta, até porque o bambuzal servia a todos que utilizavam sua sombra na praça para se protegerem do sol quente”.

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