Corpo carbonizado é encontrado sob viaduto em Salvador
Publicado em
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies
Notícias
/
Geral
/
Fala xenofóbica de vereador contra baianos em caso de trabalho escravo é 'traição à Constituição', aponta Defensoria
Geral
Trabalhadores baianos foram resgatados em condições semelhantes às da escravidão.
Por G1
Imagens de espaços onde eram mantidos os trabalhadores em Bento Gonçalves. (Foto: Polícia Rodoviária Federal/Divulgação)
A Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA) emitiu uma nota contra a fala xenofóbica e racista do vereador Sandro Fantinel (Patriota), do Rio Grande do Sul, referente ao resgate dos trabalhadores baianos encontrados em situação análoga à escravidão, na cidade gaúcha de Bento Gonçalves.
Sandro usou o plenário da Câmara de Vereadores para dizer que as empresas devem contratar argentinos ao invés "daquela gente lá de cima", referindo-se ao Nordeste.
O documento de repúdio foi compartilhado em conjunto com a Defensoria do RS. A DPE-BA se colocou contra a "normalização do autoritarismo por meio de discursos de ódio" e disse que o vereador transgrediu o próprio mandato e também a Constituição Federal.
"Traindo o mandato que exerce em nome do povo em sua pluralidade, nesta terça, 28 de fevereiro, o referido vereador valeu-se do púlpito da Câmara da cidade gaúcha para injuriar e difamar justamente os cidadãos a quem deveria bem representar, os quais, em seu conjunto, constituem o povo brasileiro, que é um só, independentemente de sua origem ou cor".
"Traiu a Constituição à qual está submetido ao vilipendiar os fundamentos da República, que incluem a promoção do bem de todos; a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a redução das desigualdades sociais e regionais".
Na mesma nota de repúdio, a Defensoria Pública argumentou que o vereador agiu como se fosse maior que a Justiça e que o próprio povo que o elegeu, e disse ainda que envergonhou a Câmara de Vereadores do RS.
"Confiante de que a liberdade é direito absoluto, ao ponto de compreender o abuso e a ilegalidade que esmagam o direito de seus iguais em brasilidade, o vereador também parece julgar-se maior que o tempo e a história, ao tentar condenar o futuro de nosso país a um passado de privilégios e preconceitos que já não encontram lugar entre nós".
Confira nota na íntegra:
"Contra a normalização do autoritarismo por meio de discursos de ódio, cumprindo a missão constitucional de zelar pelos fundamentos de nossa República Federativa, as Defensorias do Povo do Rio Grande do Sul e da Bahia unem-se para publicizar a presente nota de repúdio face às declarações do vereador Sandro Fantinel, da cidade de Caxias do Sul.
Traindo o mandato que exerce em nome do povo em sua pluralidade, nesta terça, 28 de fevereiro, o referido vereador valeu-se do púlpito da Câmara da cidade gaúcha para injuriar e difamar justamente os cidadãos a quem deveria bem representar, os quais, em seu conjunto, constituem o povo brasileiro, que é um só, independentemente de sua origem ou cor. Mais: traiu a Constituição à qual está submetido ao vilipendiar os fundamentos da República, que incluem a promoção do bem de todos; a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a redução das desigualdades sociais e regionais.
O referido cidadão portou-se como se fosse maior que a ordem jurídica e que o próprio povo que, ao fim e ao cabo, legitimam o mandato que precariamente detém, mas que não lhe pertence; como se fosse maior que a própria Casa Legislativa que envergonha aos olhos do mundo, submetendo-a ao risco de ver-se reduzida ao tamanho de seu ofensor caso não responda proporcionalmente ao ultraje que pelas palavras deste lhe é imposto.
Confiante de que a liberdade é direito absoluto ao ponto de compreender o abuso e a ilegalidade que esmagam o direito de seus iguais em brasilidade, o vereador também parece julgar-se maior que o tempo e a história, ao tentar condenar o futuro de nosso país a um passado de privilégios e preconceitos que já não encontram lugar entre nós. Ao passado o que é do passado porque o futuro pede passagem e a pavimentação de seus caminhos exige a efetiva reparação dos danos que lhe impõem aqueles que buscam impor sua intolerância à liberdade e à igualdade alheias.
Nesse sentido, em cumprimento à sua missão constitucional e a favor de um futuro de dignidade e justiça para todos, como exigem os ideais civilizatórios, por esta nota as Defensorias da BA e do RS publicizam seu repúdio ao discurso do vereador Sandro Fantinel".
Governador Jerônimo Rodrigues também se manifestou
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), se pronunciou na noite desta terça-feira (28) após as falas xenofóbicas. Em uma rede social, ele afirmou que adotou medidas cabíveis para que Sandro seja responsabilizado pelo que disse.
Ele determinou que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) tome medidas para que o vereador do Rio Grande do Sul responda judicialmente pelas falas.
"Eu repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que se refiram à nossa gente com preconceito. É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana", disse o governador.
O vereador fez o comentário xenofóbico nesta terça. Ele ainda disse que as empresas devem contratar funcionários argentinos, pois estes seriam "limpos, trabalhadores e corretos".
Após a fala do político, o deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) disse que foi registrado um Boletim de Ocorrência contra o vereador.
Relembre caso
Mais de 200 pessoas foram resgatadas de um alojamento em Bento Gonçalves onde eram submetidas a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva para as vinícolas. Eles afirmam que eram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e spray de pimenta.
Os trabalhadores foram contratados pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dos 207 empregados resgatados do alojamento em Bento Gonçalves, 194 voltaram para a Bahia, quatro ficaram no RS e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho, que voltaram para suas cidades.
Siga o CN1 no Google Notícias e tenha acesso aos destaques do dia.
Publicado em
Publicado em
Publicado em
Publicado em
Geral
22/11/2024 15:00
Geral
22/11/2024 14:10
Geral
22/11/2024 11:45
Geral
22/11/2024 09:10