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MP da Espanha pede que Daniel Alves seja condenado a nove anos de prisão por estupro

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MP da Espanha pede que Daniel Alves seja condenado a nove anos de prisão por estupro

Lateral-direito viu carreira e casamento chegarem ao fim, após dar depoimentos que se contradizem.

Por Sites da Web

O jogador está preso numa penitenciária da cidade, desde janeiro, quando foi prestar esclarecimentos à polícia sobre o caso. (Foto: Eric Verhoeven/Getty Images)

O Ministério Público da Espanha pediu que Daniel Alves seja condenado a nove anos de prisão por estuprar uma mulher de 23 anos numa boate de Barcelona em dezembro do ano passado. O jogador está preso numa penitenciária da cidade, desde janeiro, quando foi prestar esclarecimentos à polícia sobre o caso. As informações são do O Globo*

Desde que foi detido pela polícia espanhola, no dia 20 de janeiro, o jogador já mudou seu depoimento várias vezes, chegando a alegar, inicialmente, que não conhecia a jovem. Depois de ser demitido por justa causa pelo Pumas, time mexicano que defendia, o lateral também viu o fim do relacionamento com a modelo Joana Sanz.

Em desdobramentos mais recentes, o jogador contou sua quinta versão do caso. Desta vez, Daniel confirmou que houve penetração, mas alegou que a relação foi consensual. O jogador também afirmou que tudo o que aconteceu dentro do banheiro da boate foi um "ato livre e voluntário", que ele e a jovem fizeram amor e a acusadora "nunca disse para parar". Segundo ele, essa versão não havia sido contada até o momento a fim de preservar Joana, sua esposa até então.

De acordo com a imprensa espanhola, Daniel Alves enfatizou no novo depoimento que é "respeitoso" na relação com as mulheres e não toma a iniciativa se não perceber "tensão sexual" e uma clara predisposição. E que ao verificar uma "química", teria proposto à jovem que os dois fossem para um local mais reservado.

Questionado sobre o teor da denúncia da jovem, o lateral diz que tem pensado a respeito desde o dia em que foi preso. Ele ainda afirma acreditar que a vítima se sentiu "ofendida ou irritada" pelo fato dele ter pedido para saírem separados e discretos, e também porque não foi atencioso ou carinhoso com ela.

Entenda o caso

A denúncia

De acordo com a vítima, que teve a identidade preservada, ela dançava na boate Sutton, em Barcelona, com amigos no dia 30 de dezembro quando foi chamada para a mesa de Daniel Alves, na área VIP.

Ele a teria tocado por baixo de sua roupa íntima sem consentimento e a levado ao banheiro, impedindo que saísse e obrigando que fizesse sexo com ele.

A mulher procurou a equipe de segurança do estabelecimento, que chamou uma ambulância e a polícia. O jogador já havia ido embora.

Dois dias depois, a vítima registrou queixa contra o jogador. Em sua versão, ela destacou que Daniel Alves a "agarrou pela nuca, não sei se também pelos cabelos e me jogou no chão, machuquei o joelho".

A mulher que acusa o brasileiro se recusou a receber qualquer tipo de indenização caso o jogador seja condenado.

Desde então, ela está recebendo apoio por parte do departamento encarregado e a denúncia está na Justiça, sob investigação, segundo o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC).

Versões contraditórias

Em sua primeira manifestação sobre o caso, em um vídeo enviado ao canal de TV espanhol Antena 3, Daniel Alves negou as acusações e afirmou não conhecer a vítima.

Dias depois, o jogador mudou seu relato, afirmando ter encontrado a vítima no banheiro da boate, tendo sido surpreendido. Nessa versão, Alves afirmou que não teve qualquer contato com ela e teria ficado parado, sem saber o que fazer quando a viu.

Pouco tempo depois, admitiu que manteve uma relação sexual com a mulher, mas disse que ela teria se lançado em sua direção dentro do banheiro para fazer sexo oral. O brasileiro alegou que ele não tinha dado essa versão até aquele momento com o intuito de “proteger” a vítima.

Em seu depoimento mais recente, o lateral acabou confirmando que houve penetração enquanto eles estavam no banheiro, mas alega que a relação foi consensual. Desta vez, Daniel Alves afirmou que não teria dado essa versão anteriormente para proteger a vítima e a sua então esposa, Joana Sanz.

Os indícios da Polícia Espanhola

A jovem foi atendida no Hospital Clínic e passou por um exame médico. O relatório diz que ela sofreu ferimentos leves compatíveis com a "luta" que teria travado com o jogador de futebol para não se sujeitar ao ato sexual.

A ficha médica indicou que dentre as lesões encontradas está uma pequena equimose no joelho. Trata-se de uma mancha roxa causada por um sangramento em que ocorre a infiltração do sangue na pele.

As câmeras de segurança confirmam a versão da vítima até o momento em que entraram no banheiro, onde passaram aproximadamente 15 minutos. Além disso, as imagens mostraram a vítima em situação de fragilidade após deixar o banheiro.

O resultado de um teste de DNA comprovou a presença de sêmen do atleta na roupa da vítima, além de impressões digitais no banheiro da boate.

A prisão

Daniel Alves foi preso logo após seu depoimento à Polícia Espanhola. O brasileiro, que estava no México, onde já tinha iniciado a temporada de 2023 no Pumas, retornou espontaneamente à capital da Catalunha para depor pela primeira vez.

Após a prisão, Leopoldo Silva, presidente do Pumas, clube mexicano até então defendido pelo jogador, realizou um pronunciamento oficializando a demissão.

Em paralelo, o Ministério Publico fez um pedido de prisão preventiva sem direito à fiança, o que foi aceito pela Justiça.

O jogador foi encaminhado ao presídio Brians I e, posteriormente, transferido para o Brians II. Ambos nos arredores de Barcelona.

A prisão do lateral foi mantida pela Justiça, devido à "alta possibilidade de fuga".

Apesar de bom comportamento, o atleta já recebeu duas advertências na unidade. A primeira por organizar um campeonato de futebol e a segunda por fazer uma 'batucada' na cela onde está detido.

A defesa do jogador

A defesa de Daniel Alves já tem uma nova estratégia na tentativa de que o jogador consiga ser posto em liberdade condicional. Um pedido deve ser feito pelos advogados ainda nesta semana e deve usar como argumento a presença da família dele na Espanha, com a chegada da ex-mulher e dos dois filhos, que, segundo o jornal “As”, devem deixar o Brasil e ir para Barcelona nos próximos dias.

A presença de vínculos familiares no país é fundamental no pedido de soltura do jogador por sustentar que Daniel Alves não teria interesse em deixar o país (um dos principais temores da Justiça local para mantê-lo preso). A chegada da ex e dos filhos teria se tornado uma estratégia após Joana Sanz, mulher do brasileiro, ter pedido o divórcio, o que retiraria o vínculo familiar dele com a Espanha.

O relacionamento

Uma das principais personagens atingidas pela situação é Joana Sanz, modelo espanhola de 29 anos e esposa de Daniel na época da denúncia. Procurada pela imprensa e pela opinião pública desde então, viveu altos e baixos. Juntos desde 2015, o casal firmou a relação em um casamento secreto em Ibiza, em 2017, que acabou recentemente, após o desdobramento das investigações.

Desde a primeira visita à penitenciária, Joana Sanz nunca falou abertamente sobre a acusação de estupro de Daniel Alves. No início das investigações, chegou a negar boatos de que estaria se divorciando. No entanto, em meados de março, a modelo fez uma publicação nas redes, um manuscrito, no qual deu a entender que o casamento havia chegado ao fim e manifestou o desejo de se sentir livre. Desde então, ela visitou o jogador apenas uma vez na prisão.

No conteúdo publicado, ela reiterou como ainda ama o atleta, adicionando: "Quem diz que um amor se esquece, está se enganando, ou não amou de verdade". Mesmo assim, ela deixou bem claro que ama a si muito mais, assim como se respeita e valoriza. Nos três parágrafos, também destaca como esses meses têm sido horríveis, obscuros e dolorosos para ela.

Duas mortes próximas ainda abalaram sua vida. No começo de janeiro, já havia perdido a mãe, falecida por conta de complicações geradas por um tumor. Cerca de um mês depois, também teve de se despedir de seu cachorro, um buldogue francês.

A ex-mulher de Daniel, Dinorah Santana, também se posicionou sobre a denúncia. A mãe dos dois filhos do jogador o defendeu em uma entrevista à TV espanhola, e afirmou que não há nada que o incrimine. No programa, ela chegou a questionar o funcionamento do sistema judiciário do país e insistiu que confia plenamente na inocência do ex-companheiro. Ao ser questionada sobre o motivo pelo qual ele mudou de versão diversas vezes durante a investigação, Dinorah defendeu o lateral-direito e afirmou que ele não disse a verdade por conta da morte da sogra.

Os dois se conheceram em 2001, ficaram juntos por dez anos e tiveram dois filhos: Daniel e Vitória. Durante o casamento, Dinorah assumiu a função de gestora da carreira do então marido e continuou mesmo após o divórcio, ocorrido em 2011.

Leia na íntegra a carta traduzida de Joana Sanz

"Desde pequena escrevo meus sentimentos para me expressar, suponho que por ser filha única. Seja por que for, me faz bem. Adoraria que as linhas aqui escritas fossem de amor e felicidade, mas não é o caso. Têm sido meses horríveis, não os mais duros da minha vida, porque já enfrentei muitas tempestades, mas sim os mais obscuros e dolorosos. A sensação de abandono e solidão bate na minha porta. Milhares de "por quê?" sem resposta. Elegi como companheiro de vida uma pessoa que a meus olhos era perfeita. Sempre esteve presente quando eu mais precisava, sempre e apoiou em tudo, sempre me incentivou a crescer, sempre carinhoso, atento...

Me custa muito aceitar que essa pessoa poderia me quebrar em mil pedaços. Acredito que vai custar anos da minha vida tirar da minha memória o jeito dele me olhar como se eu fosse a mais incrível do mundo. E, porra, sim, eu sou incrível. Sou incrível porque sou trabalhadora, independente, inteligente, detalhista, carinhosa, divertida, fiel e humana. Tão humana que apesar do vazio que me causou continuo aqui ao seu lado. Sigo e seguirei estando, mas de outra forma.

Eu o amo e o amarei para sempre. Quem diz que um amor se esquece está se enganando ou não amou de verdade. Mas eu amo, respeito e valorizo muito mais a mim mesma. Perdoar alivia, então, fico com o mágico e encerro uma etapa da minha vida que começou no dia 18 de maio de 2015. Dou graças às oportunidades e aprendizados que a vida me dá. Por mais difíceis que sejam, aqui está uma mulher forte que passa à etapa seguinte da sua vida.

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