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Artigo aponta que Delegacias da Mulher funcionam melhor para mulheres brancas

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Artigo aponta que Delegacias da Mulher funcionam melhor para mulheres brancas

Estudo aponta escolaridade como principal causa

Por: Camaçari Notícias

(Foto: Reprodução)

Um artigo a ser publicado no periódico Public Administration Review aponta que as delegacias especializadas no atendimento à mulher vítima de violência, são mais eficazes para mulheres brancas, pois estas possuem um nível de escolaridade maior que das mulheres negras. Segundo a publicação, as unidades só funcionam para mulheres negras em municípios com infraestrutura urbana e com altos níveis de escolaridade feminina. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

O artigo “Structural Advocacy Organizations and Intersectional Outcomes: Effects of Women’s Police Stations on Female Homicides”, foi desenvolvido por Anita M. McGahan (Universidade de Toronto), Paulo Arvate (FGV-SP), Paulo Ricardo Reis (UFRJ) e Sandro Cabral (Insper). Nele, os autores sugerem políticas públicas para tratar complementarmente gênero e raça, possibilitando assim que as delegacias tenham o efeito pleno também para a população negra.

“Tudo indica que as mulheres brancas utilizam mais as delegacias da mulher por serem mais instruídas. Quando as mulheres negras têm mais instrução o resultado começa a aparecer”, diz Paulo Arvate. “Essas mulheres brancas parecem ser mais conscientes dos seus direitos, elas conseguem acessar o serviço disponível”, completa Sandro Cabral.

Segundo a pesquisa, a chance de uma mulher negra que mora em uma cidade com altos índices educacionais morrer, cai de 4,7% a 8% com uma delegacia da mulher, ao tempo em que para uma mulher branca o efeito de redução oscila entre 22% e 25%. O efeito médio de redução de homicídios de mulheres é de 10% a 13% na comparação com cidades sem delegacias da mulher, mas concentrado nas brancas.

As condições de infraestrutura, de acordo com os pesquisadores, são de suma importância para tornas possível o acesso às delegacias da mulher. “Além de ter consciência dos direitos, a mulher precisa ter condições de formalizar a demanda, tanto em termos de transporte para ir à delegacia, como de telecomunicações. Em regiões em que os índices de infraestrutura são menos desenvolvidos, diminuem as chances de fazer as denúncias e de a investigação avançar”, explica Cabral.

“As regiões metropolitanas tendem a concentrar um conjunto de outros equipamentos que também fazem parte das políticas públicas de maneira complementar”, afirma Paulo Ricardo Reis. O artigo mostra que em cidades com infraestrutura precária, as delegacias da mulher não geram mudanças relevantes nos indicadores.

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