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Saúde
A Proctologista Natalie Baqueiro conversou com o Camaçari Notícias.
Por: Camaçari Notícias
A Proctologista Natalie Baqueiro, que atende na Clínica Santa Helena, conversou com o Camaçari Notícias para esclarecer algumas dúvidas sobre causas e tratamentos das hemorroidas.
Quando se trata de saúde, os assuntos ligados ao bem-estar precisam superar qualquer tabu ou vergonha, eles devem ser colocados em pauta, ou melhor, devem ser levados a conhecimento de um médico especialista na área. O tema hemorroida é um exemplo disso, geralmente alguns homens e mulheres só procuram o médico quando a situação realmente incomoda.
A Proctologista Natalie Baqueiro, que atende na Clínica Santa Helena, unidade de Camaçari, conversou com o Camaçari Notícias para esclarecer algumas dúvidas sobre causas e tratamentos das hemorroidas, a doença hemorroidária que afeta metade da população mundial, de acordo com a estimativa da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Camaçari Notícias - O que são hemorroidas?
Dra. Natalie Baqueiro - As hemorroidas são um emaranhado de vasos (tanto veias quanto pequenas artérias), recobertos por um tecido chamado mucosa e sustentados por fibras de músculo liso, e encontram-se dispostos ao redor do ânus, podendo ser internas ou externas. Todos possuem esses vasos, mas nem todo mundo vai evoluir com a chamada "doença hemorroidária", que ocorre quando as hemorroidas dilatam, inflamam ou saem para fora, causando sintomas.
CN - Como se formam as hemorroidas?
Dra. Natalie Baqueiro - A principal teoria atual que explica o surgimento das hemorroidas, sugere que ocorre devido ao enfraquecimento do tecido que sustenta esse emaranhado de vasos, levando a uma "frouxidão" e comprometendo a dinâmica da vascularização. Com isso, interfere, principalmente, no retorno do sangue, e favorece a dilatação dos vasos, além claro, da tendência de "sair para fora".
CN - Geralmente, as pessoas têm vergonha de falar sobre o assunto. Por que é importante tratar logo no início do aparecimento das hemorroidas?
Dra. Natalie Baqueiro - O ideal é que com o surgimento de sintomas, seja feita uma avaliação com um proctologista para avaliar se realmente trata-se apenas de hemorroidas. Caso se confirme, é importante definir qual tipo e grau (no caso das internas) e realizar o tratamento de acordo com cada necessidade. Na maioria das vezes, quando as hemorroidas ainda são "bem pequenas", o tratamento clínico associado a mudança de alguns hábitos é suficiente para controle dos sintomas. Me refiro, principalmente, a hábitos alimentares e aumento da ingesta de água, resultando em melhora da constipação e redução do esforço para evacuar. Entretanto, caso não haja mudança de estilo de vida, a tendência é ocorrer piora ao longo do tempo, podendo chegar em um momento que não haverá como escapar da cirurgia.
CN - Qual a diferença entre hemorroidas internas e externas?
Dra. Natalie Baqueiro - Existe uma estrutura no canal do ânus que se chama "linha pectinea", que fica a uns 2 cm para dentro. Acima dela, internamente, ficam as hemorroidas internas. As externas localizam-se na margem do ânus. As internas causam desconforto e sangramentos, mas não costumam causar dor, por sua inervação ser diferente das externas. Estas causam dor e incham em momentos de crise. As internas são classificadas em 4 graus e isso nos guia no tratamento. As externas não.
CN - Quais os tratamentos para hemorroidas? Quando é necessário passar por uma cirurgia?
Dra. Natalie Baqueiro - O tratamento depende do tipo de hemorroida e do grau. As hemorroidas internas de primeiro grau podem ser tratadas com pomadas, medicamentos orais, chamados flebotônicos, assim como, mudanças de hábito de vida citados. Outra opção de tratamento é a ligadura elástica, naquelas que não respondem ao tratamento clínico. Nas de segundo grau, além do tratamento clínico, costuma-se indicar a ligadura elástica. As de 3º grau costuma-se indicar cirurgia rotineiramente, porém pode ser considerada a ligadura elástica naqueles pacientes que não querem operar ou tem maior risco cirúrgico. A de 4º grau é sempre cirúrgica. As hemorroidas externas não são passíveis de ligadura elástica. A depender do quadro, se não responder a tratamento clínico, a proposta é cirúrgica.
CN - Por que na gravidez muitas mulheres sofrem com as hemorroidas?
Dra. Natalie Baqueiro - Na gestação, com o crescimento do feto, ocorre compressão dos vasos da pelve e, com isso, ocorre dificuldade no retorno de sangue, promovendo dilatação dos vasos. Além disso, as pacientes tendem a cursar com mais constipação e realizar mais esforço para evacuar, aumentando o risco de sofrer crises.
CN - Muitos falam sobre pacientes que passaram por procedimento cirúrgicos e voltaram a ter hemorroidas. Isso acontece? Por que acontece?
Dra. Natalie Baqueiro - Nas técnicas tradicionais, chamadas de hemorroidectomias excisionais, as hemorroidas "grandes" e com indicação, são removidas. Logo, a hemorroida não volta. Entretanto, se não forem corrigidos os hábitos já citados, mantendo-se o esforço para evacuar ou outros fatores de risco, pode ocorrer o surgimento de novas hemorroidas com sintomas, pois não se remove todas elas. Muitas vezes, o sangramento no ânus pode ter outra causa e o diagnóstico ser negativo para hemorroida. Explica um pouco para nós. Existem várias causas para sangramento via anal, desde doenças no ânus, quanto no intestino grosso e reto. É necessária coleta de informações e exame físico para afastar algumas causas e, prosseguir com investigação de outras, caso necessário. Dentre outras doenças que podem provocar sangramentos, cito a fissura anal, fístulas (geralmente cursam mais com saída de secreção, mas pode ter saída de sangue associada), inflamações no intestino e reto, doença diverticular, câncer e outros. É importante que haja avaliação para não deixar passar alguma causa mais grave, como câncer, atrasando o diagnóstico e tratamento.
CN - Quais são os cuidados que devemos ter para evitar hemorroidas?
Dra. Natalie Baqueiro - O ideal é evitar esforços excessivos para evacuar, devendo tentar corrigir a alimentação, aumentando a ingesta de alimentos ricos em fibras, como determinadas frutas, legumes e cereais, além de ter um consumo diário adequado de água. A realização de atividades físicas favorece um bom funcionamento do intestino, porém deve-se atentar para exercícios com cargas excessivas, principalmente, nos agachamentos e leg press, que podem causar piora.
Por Maryane Meira
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