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Brasil tem uma das piores taxas de ensino técnico, aponta ranking

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Brasil tem uma das piores taxas de ensino técnico, aponta ranking

De acordo com o levantamento, o Brasil fica à frente apenas de três países: Índia (9%), Canadá (10%) e África do Sul (10%).

Por Camaçari Notícias

(Foto: reprodução/depositphotos)

Um recente estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que o Brasil se encontra entre os cinco países com menor percentual de estudantes matriculados na educação profissional, considerando 45 nações analisadas. De acordo com o relatório "Education at a Glance," divulgado pela OCDE, apenas 11% dos alunos brasileiros estão matriculados nessa modalidade, bem abaixo da média dos países do grupo, que é de 44%.

Essa baixa taxa de matrículas na educação profissional pode estar relacionada ao alto índice de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos que não estão estudando nem trabalhando, conhecidos como "nem-nem." Cerca de 24,4% dos jovens brasileiros estão nessa situação, o que fica entre as seis maiores taxas entre os 40 países com dados disponíveis no estudo. Esse percentual é consideravelmente superior à média de 14,7% registrada na OCDE.

A disparidade de gênero é outra preocupação destacada no estudo. As mulheres brasileiras são substancialmente mais afetadas pelo desemprego e pela exclusão escolar, com 30% das mulheres entre 18 e 24 anos sendo classificadas como "nem-nem," em comparação com 18,8% dos homens da mesma faixa etária. Essa desigualdade de gênero está ligada à sobrecarga de afazeres domésticos e de cuidados, especialmente entre as mulheres com filhos até 7 anos de idade e em situação de vulnerabilidade econômica.

A falta de investimento e valorização na educação profissional no Brasil é apontada como um dos principais obstáculos para a inserção produtiva dos jovens no mercado de trabalho. Segundo Claudia Costin, presidente do Instituto Singulares, a tendência de menosprezar a educação técnica profissional ou de buscar que os institutos técnicos se tornem universidades acadêmicas contribui para essa problemática. Para promover um desenvolvimento inclusivo, é crucial olhar para a questão do primeiro emprego dos jovens e da inclusão produtiva.

No entanto, recentemente, o Congresso brasileiro aprovou uma lei que estabelece novas regras para o ensino técnico no país, mencionada no relatório da OCDE. Essa legislação visa incentivar a entrada de jovens na educação profissional, permitindo que os estudantes aproveitem créditos de disciplinas cursadas durante o ensino médio técnico na educação superior e criando um sistema de avaliação específico para a educação técnica e tecnológica. Além disso, a nova lei permite a contabilização de horas trabalhadas em programas de aprendizagem na carga horária escolar e vice-versa. O governo federal terá dois anos para elaborar uma política nacional de educação profissional.

A reforma do ensino médio, sancionada em 2017, também buscou promover a educação profissional como um dos pilares. No entanto, desde então, enfrentou críticas de especialistas e estudantes, alegando que poderia aprofundar as desigualdades educacionais no país. O governo atual está em processo de revisão desse modelo, com expectativa de finalizar um Projeto de Lei com propostas de modificação ainda nesta semana. Uma das mudanças previstas é a ampliação da carga horária na formação geral básica, tornando a educação profissional mais atrativa e acessível para todos os alunos.

Em um cenário em que a educação e a formação profissionais se tornam cada vez mais importantes para a empregabilidade e a transição da escola para o trabalho, é fundamental que o Brasil reavalie suas políticas e invista na capacitação de seus jovens, visando a redução das desigualdades e o aumento da produtividade do país. Além disso, é necessário considerar medidas que promovam a igualdade de gênero e o acesso das mulheres à educação e ao mercado de trabalho.

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