Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies
Política
.
Por: Pesquisa Web
Senador Marcos do Val — (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)
Após acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de o coagir a participar de um golpe de Estado, senador Marcos do Val (Podemos-ES) desistiu de renunciar ao mandato. Ele afirmou que o faria, nesta madrugada, mas que a família e colegas senadores fizeram ele repensar a decisão. Entre os parlamentares que teriam mudado a decisão está o filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro.
Marcos do Val negou as afirmações iniciais de que Bolsonaro o coagiu a participar de um golpe de Estado. Segundo novas declarações, quem o pressionou foi o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em reunião ocorrida em dezembro do ano passado, na residência oficial da Granja do Torto, com a presença de Bolsonaro. De acordo com Do Val, a ideia era gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O parlamentar afirmou que as afirmações feitas em suas redes a respeito da pressão de Bolsonaro para que ele participasse de um golpe foram feitas de “cabeça quente” por ter sido chamado de traidor por apoiadores do ex-presidente por cumprimentar Rodrigo Pacheco (PSD), após ele se reeleger presidente do Congresso.
"Eu estava num momento de muita raiva, trabalhando desde 5h para tentar eleger o Marinho, fiz um desabafo. Quando tá nervoso, você fala coisas e depois se arrepende", afirmou o senador durante entrevista coletiva concedida em seu gabinete.
Ele explicou que no dia 7 de dezembro, uma quarta-feira, foi procurado por Daniel Silveira e que o ex-deputado afirmou que o ex-presidente queria encontrá-lo. O senador afirma que imediatamente contactou o ministro Alexandre de Moraes informando a procura do ex-deputado. Segundo ele, o ministro o instruiu a comparecer ao encontro dizendo que "quanto mais informação, melhor". O encontro aconteceu na sexta-feira, 9 de dezembro, na Granja do Torto.
Do Val explicou que Daniel Silveira sugeriu que eles se encontrassem no caminho pois seria melhor que ele não chegasse em um carro oficial do Senado e, dessa forma, não precisasse registrar a visita, como exige a segurança presidencial. "Falei que iria com meu carro e ele disse que não, que iriam me pegar em outro veículo. Parou um dos carros da presidência com um motorista e Daniel. Ele pediu para que entrasse no carro dele e pediu para o meu motorista aguardar e fomos para Granja do Torto", explicou o parlamentar.
O senador disse que quando chegou, sugeriu ao ex-presidente pedir a desmobilização de seus apoiadores em frente ao quartel-general do Exército. A ele, Bolsonaro disse que preferia não se envolver pois qualquer movimento poderia ser mal interpretado por Moraes. "Eu iniciei o assunto que era necessário o presidente dizer à sociedade que não iria acontecer nenhuma intervenção militar e retirasse os brasileiro que estavam ali no sol e na chuva", afirmou o parlamentar.
Do Val explicou, então, que Daniel Silveira propôs a gravação de conversas entre o senador e o ministro do Supremo, já que ele tinha acesso ao magistrado. Segundo o parlamentar, Silveira disse ter uma missão que poderia "salvar o Brasil". Do Val explicou que seria uma operação ilegal, mas que o ex-deputado garantiu que tinha uma equipe e que a escuta seria legalizada. "O presidente ficou em silêncio, quem falava era o Daniel", disse o senador.
Ele explicou que resolveu tornar público o encontro após a Polícia Federal encontrar uma minuta golpista na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Do Val explicou que o ex-presidente apenas ouviu as ideias de Silveira e que, como parlamentar, cumpriu seu papel de denunciar.
Daniel Silveira foi preso nesta quinta-feira, no Rio. A determinação da prisão não tem ligação com o relato do senador. O ex-deputado, segundo a decisão de Moraes, descumpriu de forma reiterada ordens judiciais referente a outra ação da quel é alvo no STF.
O senador disse que não gravou as conversas, mas tem os registros das mensagens trocadas com Daniel Silveira. Para ele o objetivo do ex-deputado era o fazer gravar Moraes para convencer Bolsonaro a embarcar no golpe. "No meu entendimento ficou claro que “presidente, seu eu conseguir um senador para gravar, você topa?”. Daniel estava tentando convencer eu e ele", disse o senador. Do Val ainda considerou a possibilidade de Bolsonaro estar com integrantes do GSI colhendo provas para denunciar Silveira.
Flávio Bolsonaro confirma reunião
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi ao plenário do Senado apresentar sua versão sobre a denúncia de Marcos do Val. O filho do ex-presidente confirmou o encontro e disse que Do Val havia lhe avisado que iria expor o caso, mas que “a situação que foi narrada não configura nenhuma espécie de crime”.
Depoimento na Polícia Federal
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) tome, no prazo de cinco dias, o depoimento de Marcos do Val.
"Conforme amplamente noticiado, o senador Marcos do Val divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal", escreveu Moraes.
A decisão de Moras foi tomada no inquérito que investiga a participação de nomes como o ex-ministro Anderson Torres nos atentados de 8 de janeiro. Ela atendeu a um pedido da própria PF, que apontou que a oitiva do parlamentar era necessária já “que recentemente [ele ]divulgou em suas redes sociais possuir informações relevantes quanto a investigação em apreço”.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que as declarações de Val reforça a responsabilidade no âmbito jurídico do ex-presidente nos vários atos que buscavam uma ruptura democrática.
“Temos relatos que vão se somando, sempre mencionando pessoas muito próximas a ele [Bolsonaro]. Estamos diante de um fato novo que fortalece a ideia que, além da responsabilidade política, há cada vez mais indícios conducentes à responsabilidade jurídica do ex-presidente”, disse Dino, que havia se licenciado do ministério para tomar posse como senador e retorna hoje à tarde ao posto. Fonte: Valor Investe*
Siga o CN1 no Google Notícias e tenha acesso aos destaques do dia.
Política
Política
Política
Política