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Mulheres na indústria: participação feminina é cada vez maior em Camaçari

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Mulheres na indústria: participação feminina é cada vez maior em Camaçari

Boticário, Continental e Braskem valorizam a equidade de gênero

Por: Sheila Barretto

Mulheres já correspondem a mais de 47% do total de colaboradores do Grupo Boticário em Camaçari (Foto: Divulgação)

Durante muito tempo, a área industrial era um território predominantemente masculino, mas esta é uma realidade que vem mudando ao longo das últimas décadas. Cada vez mais as mulheres vêm ocupando espaços nos mais diversos setores, inclusive no industrial. Em Camaçari, este fato já pode ser constatado através das mulheres que trabalham nas fábricas, muitas inclusive ocupando cargos de liderança.

Um exemplo disso é a fábrica do Grupo Boticário. De acordo com a empresa, as mulheres já correspondem a mais de 47% do total de colaboradores. São 321 trabalhando pela companhia no setor industrial baiano. “Temos buscado cada vez mais espaço na sociedade, pois é preciso que entendam que somos capazes e qualificadas. É muito bom encontrar aliados, que buscam somar forças para ampliar o acesso das mulheres na indústria. O caminho ainda é longo, requer muita dedicação, mas estamos conquistando nosso lugar", comenta Keize Cruz, Gerente em Gestão da Qualidade.

“No GB, Diversidade e Inclusão é um pilar transversal ao nosso negócio, o que contribui para uma mudança de paradigmas internos e de toda a nossa cadeia.  É perceptível a preocupação do Grupo em ampliar o número de mulheres nos cargos de liderança, por exemplo. Inclusive essa é uma das metas dos Compromissos para o Futuro, assumidos em 2021, em alcançar ao menos 50% de mulheres na diretoria até 2025”, finaliza.

Lívia Lima, Chefe de Industrialização de Produto de Pneus e Ila Borges, Coordenadora da área de Gestão e Aquisição de Talentos da Continental

Signatária da Carta de Princípios de Empoderamento das Mulheres, conhecido internacionalmente pela sigla WEPs (Women Empowerment Principles), a Continental busca fortalecer seu compromisso com a equidade de gênero dentro da corporação, em sua cadeia de valores e também nas comunidades em que atua. Segundo a fabricante de pneus, atualmente, 32% dos cargos de liderança da Continental, em Camaçari, que atua em um setor historicamente masculino, são ocupados por mulheres.

Formada em Engenharia Química, Lívia Lima, 28 anos, entrou na Continental Pneus em 2014 como estagiária. Desde então segue carreira na fábrica em Camaçari, liderando uma equipe no setor de Industrialização do Produto. “Liderar um time tem sido um desafio extremamente prazeroso! Tenho aprendido muito, dando o meu máximo para ser exemplo e conseguir, também, inspirar outras jovens mulheres a seguirem o caminho da liderança”, conta.

Para ela, cada nova mulher em um cargo de liderança é importante para naturalizar a sua presença no mundo corporativo e industrial. “Não deveria ser algo diferente ver uma mulher tomando as decisões, lutando por um time e sendo escutada. É nesse nível de igualdade que precisamos chegar e sei que chegaremos!”.

Psicóloga com especialização em Gestão de Pessoas, Ila Borges, 34 anos, é coordenadora da área de Gestão e Aquisição de Talentos da Continental Pneus, em Camaçari. Durante os nove anos na empresa, ela também já atuou como Consultora Interna de RH do Departamento da Engenharia, um setor majoritariamente masculino. Para ela, ter mulheres em cargos de liderança traz diferentes pontos de vista, experiências e perspectivas nos processos de tomada de decisão das empresas.

“No Brasil, as mulheres são a maioria da população (51%, de acordo com o PNAD/IBGE) e muitas famílias são chefiadas por elas. Não trazer a perspectiva feminina para as tomadas de decisão, seja nas organizações, seja na máquina pública, contribui para que essas decisões tenham um viés que talvez não corresponda à realidade”, pontua.

Marina Reis, Gerente de Produção da Braskem

A Braskem é outra empresa que se preocupa com a questão da equidade de gênero. Atualmente, 25,2% dos integrantes da Braskem no Brasil são mulheres e 31,2% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, como informa a empresa. Na Bahia, a presença feminina no industrial é de 20%. Esses percentuais demonstram um avanço ao longo dos anos, mas a Braskem quer ampliar a participação das mulheres no seu quadro de integrantes. A companhia tem como meta ampliar o número de mulheres em cargos de liderança até 2030, além de garantir um ambiente de trabalho livre de machismo e sexismo.

A engenheira Marina Reis entrou na Braskem há 16 anos como estagiária e hoje ocupa o cargo de Gerente de Produção das unidades de Olefinas da Braskem em Camaçari. Para ela, a forte presença feminina serviu como inspiração. “Conheci operadoras, engenheiras de produção/processo e lideranças femininas que me inspiraram e me fizeram acreditar na carreira dentro da área industrial e assim aos poucos fui buscando meu espaço”. Para ela, estamos em um processo de evolução em relação à presença feminina. “Precisamos avançar ainda mais, mas estamos no caminho certo e tenho orgulho de fazer parte desta história de transformação do ambiente de trabalho da indústria brasileira”.

Nós já conquistamos muito, mas é óbvio que ainda precisamos conquistar muito mais. Por exemplo, em fevereiro de 2021, a agência de empregos Catho constatou que mulheres, mesmo ocupando os mesmos cargos e realizando tarefas iguais às dos homens, chegam a ganhar até 34% menos do que eles. Em funções como gerente e diretor, essa diferença é de 24%.

Neste 08 de março, Dia Internacional da Mulher, temos muito o que comemorar, mas temos também que ter a consciência de ainda existe um longo caminho de luta pela frente até termos nossos direitos igualados e sermos respeitadas pelo que somos, seja na indústria ou em qualquer outro espaço que a mulher deseje ocupar.

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