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'Os estudantes estavam gritando e pedindo socorro', conta porteiro sobre jovem que estava armado em escola de Salvador

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'Os estudantes estavam gritando e pedindo socorro', conta porteiro sobre jovem que estava armado em escola de Salvador

Estudante de 20 anos foi detido após levar faca para fazer ameaças.

Por Pesquisa Web

Agentes do Samu atenderam ocorrência no Colégio Estadual Luiz José de Oliveira (Nara Gentil/CORREIO)

O Colégio Estadual Luiz José de Oliveira, em Fazenda Grande I, viveu momentos de tensão e terror, ontem, no turno matutino, após um estudante de 20 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio, ameaçar professores e colegas com uma arma branca. O rapaz acabou contido e não feriu ninguém com a faca que portava, mas a ameaça desencadeou o pânico entre os outros alunos, que começaram a correr desesperados para o portão. A informação é do Jornal Correio*

Cinco ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) se deslocaram para o colégio, assim como viaturas da polícia militar e familiares dos estudantes, nervosos em busca de notícias. Cinco pessoas precisaram receber atendimento médico.

Segundo os funcionários do colégio, o jovem era considerado um estudante tranquilo. Ele não terá o nome divulgado pela reportagem, pois o CORREIO respeita diretrizes para evitar o ‘endeusamento’ de jovens que cometem atos de violência em escolas. O rapaz chegou à unidade seguindo a rotina diária e não demonstrou alterações no comportamento ao passar pela portaria com a mochila nas costas e fardado. Seguiu até o pátio e depois tomou café da manhã [a aula começa às 7h]. Quando o segundo sinal tocou, chamando os estudantes para a segunda aula, o jovem foi para o banheiro.

Lá dentro, ele colocou uma máscara, pegou a faca que estava na mochila e saiu em direção às salas de aula. Nesse momento, uma funcionária que passava pelo pátio o viu e gritou, o que serviu de alerta para os outros estudantes. A partir daí, uma sequência de pânico e desespero tomou conta do colégio. O vigilante Alan*, que preferiu não dizer seu nome verdadeiro por medo, e que trabalha na portaria do colégio, revelou ter levado um susto ao ver uma multidão de adolescentes correndo em direção ao portão.

“Os estudantes estavam gritando, pedindo socorro, e eu abri as duas bandas dos portões para que eles pudessem sair mais rápido. Nesse momento ouvi dois barulhos e pensei que fossem tiros, foi quando uma estudante contou que tinha um aluno com uma faca ameaçando todo mundo. O barulho que eu ouvi não era tiro, foi das cadeiras caindo. Eu então entrei na escola e fui atrás dele”, contou.

Antes de subir as escadas, o vigilante pegou um pedaço de madeira e teve que desviar da multidão que descia apressada. Havia mochilas, cadernos e livros espalhados por todos os lados e outros objetos pessoas dos alunos e funcionários que foram deixados pelo caminho. Quando ele entrou na sala, o estudante estava sendo contido por colegas e professores. “Coloquei o pedaço de pau de lado, encostado em uma parede, e imobilizei ele, até a polícia chegar”, contou.

A imagem está registrada em vídeos que estão circulando pela internet. Os pais parabenizaram o vigilante. Enquanto do lado de dentro a confusão acontecia, do lado de fora, moradores corriam às janelas sem entender o que estava acontecendo. Na fuga, estudantes invadiram a casa de Aline* que mora em frente ao colégio. “Eu ainda estava deitada, levantei assustada. Os meninos estavam desesperados”, contou.

Invasão a casas vizinhas

Muitos estudantes correram para casa e no caminho avisaram aos policiais que trabalham em um posto policial que fica há alguns metros da escola. Eles foram os primeiros a chegar ao local. Logo após, os veículos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) começaram a estacionar em frente aos portões. Os moradores contaram cinco ambulâncias.

Em nota, a Secretaria da Educação da Bahia (SEC) informou que ninguém ficou ferido, mas testemunhas contaram que cinco pessoas precisaram de atendimento médico. Um estudante machucou o braço e foi necessário enfaixar.

A reportagem flagrou o momento em que outra estudante foi carregada de dentro colégio até uma ambulância do Samu com o pé enfaixado e o joelho ralado. Ela contou que antes de cometer o ataque o jovem de 20 anos falou frases desconexas. Outras duas pessoas passaram mal por conta do susto e também precisam de atendimento médico.

Socorro

A quinta vítima é um caso mais grave. Durante a correria, alguns estudantes tentaram escapar pulando o muro lateral do colégio. No local fica uma avenida de casas, onde mora o técnico de celular Wolfgang Costa, 24 anos, que estava saindo para trabalhar naquele momento.

“Vi dois estudantes pulando o muro e pensei que estivessem filando aula, não percebi o que estava acontecendo. Mas quando outros estudantes vieram logo atrás, pulando o muro também, um atrás do outro, foi que percebi que tinha alguma coisa errada. Uma menina pulou, caiu e não levantou. Ela bateu a cabeça e ficou meio sonolenta”, contou.

O muro da frente da escola tem cerca de 3 metros de altura, mas na lateral o nível da rua é mais baixo, do topo até a base são cerca de 5 metros. Wolfgang e um estudante carregaram a menina até a pista principal para pedir socorro.

“Um rapaz que estava vestido com a farda do Samu parou o carro e perguntou o que estava acontecendo. Ele parecia estar saindo do plantão. A gente contou, e ele deu socorro para a menina”, contou Wolfgang. Funcionários da escola disseram que o vice-diretor esteve no Hospital Municipal para acompanhar o caso, mas não há informações sobre o estado de saúde da estudante.

Susto

Depois do ocorrido, pais, mães e irmãos mais velhos procuraram a escola para pegar os materiais escolares que os alunos abandonaram no momento da fuga. Antônio* é padrasto de um estudante que estava no colégio quando houve a confusão e contou que o adolescente chegou em casa assustado.

“Ele estava muito nervoso, chorando, disse que tinha alguém armado na escola. Ele e os amigos conseguiram arrancar uma das grades e escaparam pela janela. Depois, pularam o muro e foram para casa. Ele não tinha condições de voltar, ainda está muito abalado, então eu vim pegar a mochila com o caderno e os livros dele. A gente manda os filhos para a escola, mas não espera nunca que esse tipo de coisa vai acontecer”, contou.

Tanto estudantes, quanto funcionários contaram que o jovem de 20 anos estuda há alguns anos na escola e que era uma pessoa pacata. Ele falava pouco e não dava trabalho, por isso, estavam todos surpresos com o ataque. Depois que foi imobilizado, ele permaneceu em silêncio até a polícia chegar.

O jovem foi conduzido pelos policiais militares e, por volta das 11h30, uma dupla de policiais civis esteve na escola. Ficaram por cerca de 15 minutos, conversaram com funcionários e saíram.

Respostas

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o jovem foi ouvido na 13ª Delegacia (Cajazeiras), e que ele contou que estava sendo ameaçado. “Ele revelou ter baixado um aplicativo e, com isso, criminosos tiveram acesso a conteúdos pessoais e familiares e o estavam chantageando”, diz a nota.

Os bandidos teriam orientado e instigado que ele ameaçasse colegas e professores para não ter os arquivos pessoais divulgados. A SSP informou que vem acompanhando as mídias sociais para se antecipar a esses casos, além de identificar e responsabilizar os responsáveis por estes delitos.

A pasta afirmou também que está monitorando aplicativos de redes sociais como WhatsApp, Instagram, Facebook e Discord. Quem tiver informações sobre grupos ou possíveis autores pode ajudar a polícia através do Disque-Denúncia, no telefone 181. As informações são tratadas pela Superintendência de Inteligência e repassadas para as forças policiais. Fotos, prints e vídeos também podem ser enviados através do site (www.disquedenuncia.com) ou do Ministério da Justiça (www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura).

Também por meio de nota, a Secretaria da Educação (SEC) informou que as aulas estão suspensas no colégio onde houve o ataque, na Fazenda Grande I. Neste fim de semana haveria um campeonato esportivo na escola.

“Sobre a ocorrência no Colégio Estadual Luiz José de Oliveira, em Salvador, a Secretária da Educação do Estado da Bahia informa que não houve feridos. Não há qualquer situação de violência na unidade neste momento e as aulas estão temporariamente suspensas”, diz o texto.

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