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Loja gera revolta ao comercializar cerâmicas de negros escravizados no aeroporto de Salvador: "R$ 99,90"

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Loja gera revolta ao comercializar cerâmicas de negros escravizados no aeroporto de Salvador: "R$ 99,90"

A venda de peças de cerâmicas de negras e negros escravizados na loja Handar das Artes gerou revolta nas redes sociais.

Por Pesquisa Web

A comercialização de peças de cerâmicas de negras e negros escravizados na loja Handar das Artes, que fica no aeroporto de Salvador, gerou revolta nas redes sociais. As imagens foram publicadas pelo historiador carioca Paulo Cruz, que estava visitando a capital baiana. A informação é do BNews*

Na foto publicada pelo historiador no final da tarde de domingo (6), é possível ver as mercadorias expostas na prateleira do estabelecimento com a etiqueta "Escravos cerâmica-R$ 99,90 a unidade". Na legenda da postagem, Paulo frisou que a peça foi encontrada na cidade com mais negros na América.

"Último dia de viagem. Cidade mais preta das Américas. No aeroporto internacional de Salvador a loja @hangardasartes exibe em sua prateleira figuras de escravos à venda. ACORRENTADOS. No porto de entrada e saída da cidade, repito, mais preta da América. O preço da nossa história, genocídio e dor? R$99,90. Vamos lá perguntar se eles são racistas?", escreveu.

Após a repercussão, a loja Hangard das Artes divulgou uma nota de retratação em que que justifica a venda da cerâmica. No texto, o estabelecimento ainda pede desculpas e afirma que retirou todas as peças de circulação. [veja nota na íntegra no final da matéria]

O caso ganhou força depois que o ativista Antônio Isupério compartilhou a revolta do historiador e criticou a vendas nas redes sociais.

"Você imagina que poderia ter um boneco de crianças judias em 'forninhos' para serem vendidas como adereços? Então, isso não acontece porque o repúdio à violência do Nazismo já está em domínio público, enquanto nós negros ainda estamos em processo de conquista da nossa humanidade", disse ele.

Isupério também comentou na publicação da loja. "Caso o artesão seja negro, precisa ser orientado para produzir símbolos de empoderamento da luta como Zumbi e Dandara. Caso seja branco e só retirar mesmo.

Veja nota da loja na íntegra:

"A loja Hangar das Artes vem a público se retratar e esclarecer os fatos ocorridos na manhã de hoje (07/02/2022).

Trata-se de uma empresa que emprega inúmeras pessoas, atuante no mercado de artesanato e obras de arte há mais de 20 anos, comercializando e divulgando a confecção de obras de diversos artistas regionais, sempre incentivando a produção daquele pequeno artesão cujo seu sustento depende exclusivamente de sua arte.

Todas as obras que exibimos são voltadas para a exaltação da cultura e história baiana e brasileira. Nossa loja está localizada no Aeroporto de Salvador e sempre exaltou as diversas culturas, com ênfase na cultura africana, já que temos orgulho de demarcar que somos, provavelmente, a cidade mais negra fora de África. Sempre com muito respeito e admiração.

As imagens que estão circulando, de algumas de nossas esculturas, tratam-se da imagem do Preto(a) Velho(a) - espíritos que se apresentam sob o arquétipo de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como escravos, entidades essas que trabalham com a caridade e cuidam de todas as pessoas que os procuram para melhorar a saúde, abrir caminhos e ter proteção no dia a dia. Por isso, algumas das peças possuem correntes, na tentativa (ERRÔNEA) de retratar a história dessa entidade de maneira literal. Erramos na forma em que as peças foram expostas e em descrevê-los apenas como escravos, apagando, de certa forma, a história que carrega.

Pedimos nossas mais sinceras desculpas a todos que se sentiram feridos e menosprezados pela maneira como conduzimos às coisas. Nossa intenção JAMAIS foi menosprezar, ferir ou destituir da imagem de uma entidade tão importante e a potência de sua história. Nossas correntes foram quebradas! E não queremos de maneira alguma trazer de volta memórias desse passado tenebroso e vergonhoso.

Por isso, retiramos todas as peças de circulação afim de minimamente nos retratar diante do ocorrido. Sabemos que não se apaga o que foi feito, mas reconhecemos a nossa falha e não tornaremos a repeti-la, não só pela repercussão que houve e sim por não condizer com a nossa verdade.

Nossas sinceras desculpas pelo ocorrido".

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