Mercado eleva previsão do PIB e inflação para 2024, aponta pesquisa Focus

Analistas consultados pelo Banco Central elevaram significativamente suas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ao fim de 2024, mas também revisaram para cima as projeções para a inflação do próximo ano. Os dados foram divulgados na mais recente edição da pesquisa Focus, publicada nesta segunda-feira (26).

A pesquisa Focus, que reflete a percepção do mercado sobre indicadores econômicos, revelou que a expectativa para o crescimento do PIB em 2024 subiu de 2,23% para 2,43% em relação à semana anterior. Esse ajuste positivo aproxima a previsão dos analistas da projeção oficial do Ministério da Fazenda, que atualmente estima um crescimento de 2,5% para o próximo ano. Em 2025, contudo, a expectativa para o crescimento econômico foi levemente reduzida, de 1,89% para 1,86%.

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia sinalizado neste mês que a equipe econômica poderia revisar para cima a projeção oficial de crescimento, refletindo a confiança em uma recuperação econômica mais robusta do que a inicialmente esperada.

Por outro lado, a pesquisa Focus destacou uma preocupação crescente com a inflação. Pela sexta semana consecutiva, o mercado revisou para cima a previsão para a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024, que agora está em 4,25%, contra 4,22% na semana anterior. A projeção para 2025 também foi ajustada, passando de 3,91% para 3,93%.

Esses números mostram um descompasso em relação à meta oficial de inflação, que é de 3,00%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A elevação contínua das expectativas inflacionárias tem gerado debates sobre a necessidade de ajustes na política monetária.

A pesquisa Focus também manteve, pela décima semana consecutiva, a projeção de que o Banco Central deixará a taxa Selic em 10,50% até o final deste ano. Para 2025, a expectativa é que a taxa básica de juros seja reduzida para 10,00%.

No entanto, declarações recentes de membros do Banco Central, incluindo o presidente Roberto Campos Neto e o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, sugerem que uma possível alta na Selic poderá ser considerada na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro. A razão seria a aceleração da inflação interna e o aumento das incertezas no cenário econômico global.

Por fim, a pesquisa indicou uma ligeira elevação na previsão para o valor do dólar ao final deste ano, que passou de R$ 5,31 para R$ 5,32. Para 2025, a moeda norte-americana continua sendo projetada em R$ 5,30.

Perspectivas

Os números divulgados pela pesquisa Focus ressaltam um cenário econômico em transformação, onde a recuperação do crescimento parece ser acompanhada por desafios persistentes no controle da inflação. O mercado agora aguarda os dados do IPCA-15 de agosto, que serão divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, para obter um panorama mais claro sobre o comportamento dos preços neste mês.