Mulheres na construção civil: Crescente ocupação feminina e desafios no setor

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que simboliza a luta feminina por igualdade e reconhecimento. Mas essa celebração se estende por todo o mês de março, marcado como o 'Mês da Mulher', reforçando a importância da participação feminina em diversos setores da sociedade, incluindo a construção civil.

Historicamente, a engenharia e a construção civil foram áreas dominadas pelos homens, muitas vezes baseadas na percepção de que as mulheres seriam incapazes de executar as funções exigidas no setor. Isso se refletiu em desigualdades salariais e dificuldades para inserção e crescimento profissional. No entanto, esse cenário tem mudado graças às conquistas femininas no mercado de trabalho.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que, atualmente, as mulheres representam cerca de 10,85% da força de trabalho na construção civil no Brasil, totalizando mais de 250 mil profissionais. No Paraná, esse número é ainda maior, atingindo 18,73% das profissionais registradas no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-PR). Na Bahia, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), as mulheres ocuparam um quinto das vagas abertas no setor em 2024.

Empresas do ramo, como a Lyx Participações e Empreendimentos, têm ampliado a contratação de mão de obra feminina, com mulheres representando 30% do total de funcionários. Segundo Paulo Antonio Kucher, vice-presidente comercial da empresa, a presença feminina tem sido um diferencial para a produtividade das obras.

“Muitas vezes, as mulheres chegam até a empresa receosas, desconfiadas se realmente terão espaço nesse segmento, onde os homens sempre foram maioria. Mas, em pouco tempo, elas percebem a importância do trabalho delas e, principalmente, das oportunidades de aprendizado e de conquistar novas habilidades”, destaca Kucher.

A Lyx, que atua no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) em estados como Paraná e Rio Grande do Sul, está em expansão para outras regiões do Brasil, incluindo a Bahia. A empresa tem incentivado a inserção de mulheres em diversas funções, como serventes, assistentes administrativas de obras, meio-oficiais de pedreiro, pintoras, analistas de engenharia e assistentes de engenharia/qualidade. Além da contratação, também investe na capacitação dessas profissionais, garantindo oportunidades reais de crescimento.

Kucher enfatiza que a evolução do setor é notável e que a presença feminina nos canteiros de obras e em áreas técnicas mostra que a construção civil está se tornando mais inclusiva.

“A inovação precisa estar presente no conjunto do trabalho e a presença das mulheres na construção civil não é apenas uma tendência, mas uma realidade em transformação. Não basta apenas investir em novas tecnologias construtivas, mas principalmente estar receptivo aos novos profissionais, independentemente de gênero, nacionalidade ou nível de conhecimento. Oferecemos oportunidades para todos aprenderem uma nova carreira”, conclui.

A crescente inserção das mulheres no setor é um reflexo das mudanças sociais e do reconhecimento da competência feminina. Apesar dos desafios ainda existentes, o avanço da presença feminina na construção civil é uma prova do potencial transformador da igualdade de gênero no mercado de trabalho.