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Fim de auxílio emergencial pode contribuir para desaceleração do consumo, diz BC

Economia

Fim de auxílio emergencial pode contribuir para desaceleração do consumo, diz BC

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Por: Pesquisa Web

Análise do Banco Central sugere que o auxílio emergencial ajudou a sustentar o consumo durante os primeiros meses de impacto da pandemia e infere que parcela menor do benefício pode ter sido destinada à poupança, indicando que o fim do programa pode contribuir para uma desaceleração, ainda que temporária, do consumo das famílias. As informações são do Valor Investe*

O auxílio emergencial (AE) a pessoas em situação de vulnerabilidade disponibilizou aproximadamente R$ 37 bilhões por mês de abril a julho, o que representa uma transferência da ordem de 12% da renda mensal de 2019, observa o BC no Relatório Trimestral de Inflação de setembro.

No documento, o BC estimou o impacto das transferências sobre o consumo, medido a partir das compras com cartão de débito nos segmentos da economia que coincidem com o conceito de comércio restrito da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE.

Foram usados dados em nível municipal, para explorar a importância que o auxílio tem para cada cidade e o desempenho das vendas nessas localidades.

Gráfico do relatório mostra a relação entre a variação do valor das compras (média de abril a julho ante a média de janeiro a fevereiro) e a importância do auxílio em cada município e também por regiões geográficas. Os resultados evidenciam uma relação positiva entre as variáveis em todas as regiões, diz o BC.

Para avaliar, com controles adicionais, essa relação sugerida, o BC usou uma equação que considerou as variáveis município, variação da média mensal dos gastos com cartão de abril a julho (ante janeiro e fevereiro), importância do auxílio emergencial como proporção da renda, renda per capita, população em 2019 e média mensal de novos óbitos pela covid-19 entre abril e julho.

A partir de variações em variáveis desse modelo, o BC estimou que, em média, um município em que o auxílio emergencial represente 1 ponto percentual (p.p.) a mais da sua renda do que um município similar (aquele com os mesmos valores para as demais variáveis da equação mencionada) teria variação nas compras 0,83 p.p. maior que o referido município de comparação.

“No agregado dos municípios, as estimativas indicam que o AE teria contribuído com 10,3 p.p. para o consumo no período, que cresceu 0,3% na métrica comparável”, diz o BC.

Se o coeficiente estimado for interpretado como uma medida da propensão marginal a consumir a partir do auxílio, “infere-se que a parcela do auxílio destinada à poupança pode ter sido pequena”, segundo o BC. “Nesse caso, o fim do programa pode contribuir para a desaceleração do consumo das famílias, ainda que de forma temporária”, avalia a autoridade monetária.

Apesar dos resultados evidenciarem a relevância macroeconômica do auxílio, a interpretação causal deve ser feita com cautela, pondera o relatório. Um motivo é que, possivelmente, as transferências do benefício são mais relevantes em municípios com maior proporção de trabalhadores informais, que perderam relativamente mais renda durante a pandemia.

“Assim, a omissão da variável renda do trabalho no modelo pode resultar em viés para baixo na estimativa da propensão a consumir. Por outro lado, a variação das compras com cartão de débito pode não representar adequadamente a variação do consumo das famílias no momento. Por exemplo, nota-se que o cronograma do AE incentiva o aumento do uso desse meio de pagamento ao permitir compras com cartão de débito antes da liberação para saque ou transferência bancária, o que pode implicar em viés para cima.”

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