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Polícia
Repórter Marcelo Castro e o editor Jamerson Oliveira são investigados pela polícia.
Por: Ibahia
(Foto: reprodução)
O apresentador da TV Itapoan, Zé Eduardo, afiliada da Record em Salvador, deu detalhes de como descobriu o golpe aplicado em telespectadores através do envio de doações por Pix. O repórter Marcelo Castro e o editor Jamerson Oliveira são investigados pela polícia por envolvimento no caso. Os dois foram demitidos da emissora.
Em entrevista ao podcast Canal do Black, do ex-jogador Preto Casagrande, Zé Eduardo afirmou que o esquema existia há cerca de oito meses. O apresentador narrou que foi alertado pelo empresário do jogador Anderson Talisca, de que algo estaria errado com a chave Pix divulgada no programa para doação de dinheiro para uma criança que lutava contra o câncer.
"Talisca liga para Márcio [empresário do jogador] e diz que quer botar R$ 70 mil na conta da criança. Aquela criança tinha dias para morrer, poderia botar R$ 10 bilhões que ela não ia sobreviver. Márcio me liga e diz que Talisca queria dar R$ 70 mil. Eu falei 'maravilha, oh o Pix aí'", contou.
Segundo Bocão, o empresário informou que o valor acabou sendo transferido diretamente para a mãe da criança. No entanto, mesmo assim, ele avisou que a chave Pix divulgada não coincidia com a da mãe da menina.
"Quando acaba o programa, Guto [irmão de Zé Eduardo] me liga: 'Márcio quer te falar que o Pix que está não é da mãe da criança'. Eu falei: 'Tá [sic] maluco? Marcelo Castro, Jamerson lá em cima. Pix se erra, tchau, abraço, tenho mais o que fazer'. Dia seguinte Guto insistiu e Márcio me disse: 'Boca, golpe violento. Eu botei um centavo naquele Pix e caiu no nome de um rifeiro'", continuou.
Peguei o telefone na hora e liguei para o diretor de jornalismo e para a diretora do programa. No outro dia fomos bater o Pix de todos os programas que ele fez e não batia um. O negócio é de uns outros meses atrás, disse Zé Eduardo.
Zé Eduardo, que já depôs sobre o caso, afirmou que acredita que os dois jornalistas envolvidos serão presos. "Eu fui depor. Pelo que vi, o delegado que está no inquérito é número 1, vai pedir a prisão dos dois e de mais 10. O circo era grande, para ir armando contas. Aquela história: menino bom, boa família, bons colégios. A mãe está aí, desesperada. Isso que me deixa mais acabado", opinou.
Vida de Luxo
Para Zé Eduardo, as coisas materiais e a vida de luxo que os jornalistas passaram a ter fez com que eles se deslumbrassem.
"O luxo, a vida, encantamento, carrão e ele se encantou foi todo. E não posso nem dizer que ele não tem berço. A mãe dele é honesta, trabalhadora, o pai também, conheço. O outro menino [Jamerson] também. Eles se encantaram, com Mercedes, combo, whisky", pontuou.
Investigação
A Polícia Civil segue investigando as fraudes financeiras com uso de Pix que ocorreram na TV Itapoan Record. No último dia 12, o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), delegado Charles Leão, informou que investiga a participação de rifeiros no caso.
Segundo informações da TV Bahia, o delegado reforçou que há um rifeiro com atividade comprovada no esquema de fraude. Ele está sendo investigado.
"Há dois rifeiros investigados. Um dos rifeiros foi apontado por uma das pessoas [que prestaram depoimento]. O outro rifeiro a gente está em processo de investigação e prefiro, nesse momento, não falar nada para não atrapalhar nossa investigação", afirmou.
As investigações também já confirmam que o golpe foi feito por meio de campanhas de arrecadações de doações para pessoas em estado de vulnerabilidade social.
O esquema
Também já se sabe como o esquema funcionou. De acordo com a polícia, o telespectador era contatado no programa Balanço Geral, da Record, TV Itapoan. As pessoas pediam ajuda e o número para doações era exibido na tela, para quem estava em casa. Às vítimas, era feito o pedido da chave Pix, com a promessa de que o valor arrecadado seria repassado.
Mas, a chave Pix informada seria de um laranja que integrava o esquema, mas colocada no ar como se fosse da emissora. As investigações apontam que menos da metade do valor era transfeiros ou não recebiam nada.
A polícia também está investigando se funcionários da emissora receberam valores. Cerca de 27 pessoas que trabalham no local.
"Algumas chaves PIX utilizadas foram desativadas, comentou o delegado, após afirmar que pediu ao Banco Central informações sobre pessoas que estariam vinculadas as contas bancárias.
As vítimas das fraudes também foram escutadas. Ainda de acordo com a polícia, ainda não há um valor exato das quantias desviadas. A polícia enquadra o crime como estelionato por meio virtual e também investiga uma possível associação criminosa e lavagem de dinheiro.
"Então, o que a pode afirmar é que um conjunto de indícios forma uma prova, e essa prova está nos apontando verdadeiramente pela existência de uma fraude", disse.
Na coletiva, o titular da DreofCiber detalhou o que foi relatado pelas vítimas nos depoimentos.
"Essas vítimas informaram que a chave PIX era fornecida pela pessoa que entrevistava. A chave teria que ser da empresa para fins de controle, [mas] a própria empresa diz que não fornecia a chave PIX. Outros repórteres informaram que estranham isso", detalhou.
A polícia disse que a investigação será feita em três fases. Dois jornalistas suspeitos ainda vão ser ouvidos e não há data para os depoimentos.
O que diz a emissora
Em nota, a emissora afirmou que está colaborando com o início das investigações do caso. Também detalhou que, quando soube das suspeitas, "todas as medidas possíveis para apurar os detalhes e entregar às autoridades competentes".
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