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Confundido com traficante, adolescente morre baleado na saída da igreja

Por Sites da Web

Wesley Daniel saía da igreja com o pastor quando foi morto.

 

Eslane Camila Santos, de 21 anos, acredita que o irmão mais novo Wesley Daniel Santos Oliveira, de 17 anos, tenha sido confundido com traficantes por policiais e executado. O jovem foi atingido por três tiros ao sair da Igreja Resgatando Almas, no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, na noite da última terça-feira. O rapaz foi baleado na cabeça, no rosto e no peito.

— Infelizmente, os tiros foram certeiros para executar. Confundiram ele com um traficante, mesmo estando com roupa social e a Bíblia na mão. É mais uma injustiça. Para a gente, não vai ter ano novo, só tristeza.

A mãe do rapaz, Maria Quitéria Conceição dos Santos, de 43 anos, também acredita que o filho tenha sido confundido com um traficante.

— Foi sim. Infelizmente, é mais uma vítima, mais um inocente. Ele só ia para o colégio, trabalho e igreja. Era essa a vida dele. Era um menino de sonhos, mas o sonho dele foi interrompido. Ele queria se alistar ao Exército.

De acordo com ela, não há nada que possa ser feito para reparar a tragédia:

— A Justiça não existe. Matam os inocentes, mas nada é feito. Acredito apenas na Justiça de Deus — afirma a comerciante.

Mãe de Wesley não se conforma com o que aconteceu com o filho Foto: Guilherme Pinto / Extra.

 

Wesley frequentava a igreja há mais de um ano e saía do local com o pastor quando foi atingido. Ele tentou se esconder entre os carros, mas foi baleado três vezes. Mesmo sendo levado a uma UPA, não resistiu aos ferimentos:

— Um amigo reconheceu o meu irmão e foi me chamar no meu trabalho. Não conseguia acreditar — diz Eslane, que é atendente de uma lanchonete.

A irmã conta que Wesley já trabalhou em uma rede de supermercados como jovem aprendiz. Atualmente, o jovem trabalhava em um depósito de bebidas e iria cursar o 2º ano do ensino médio em 2016. O sonho de Wesley era se tornar militar.

Os amigos do jovem usaram as redes sociais para prestarem as homenagens na manhã desta quarta-feira.

Em uma publicação, uma jovem afirma que Wesley foi mais uma das vítimas da guerra que acontece na comunidade:

“Aí eu pergunto a vcs hipócritas que criticam os que pedem paz: vocês acham certo inocentes pagarem o preço perdendo suas vidas? Não é porque pedimos paz que somos a favor da polícia. Pedimos paz, porque já estamos com medo ...Saímos sem saber se iremos voltar, temos crianças dentro de casa e até as crianças tem que viver trancadas dentro de casa, sem poder sair pra brincar, pra jogar bola, andar de bicicleta, soltar pipa ... Pois sabemos que a qualquer momento uma dessas crianças pode ser vítima dessa guerra. Cada dia que passa fica mais difícil viver aqui dentro da comunidade. Infelizmente, perdemos nossos direitos de vivermos em paz”.

A Polícia Militar confirmou que o jovem foi morto no confronto entre policiais e traficantes. De acordo com o comando do Batalhão de Choque (BPChq), criminosos armados atiraram contra uma equipe na comunidade do Jacarezinho na noite desta terça-feira. Houve confronto. Segundo a nota, os bandidos conseguiram fugir e, durante a troca de tiros, um jovem foi ferido e socorrido para a UPA do Engenho Novo, mas não resistiu. O policiamento segue reforçado na comunidade.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) investiga as circunstâncias da morte de Wesley Daniel Santos Oliveira, 17 anos. Os PMs envolvidos foram ouvidos e tiveram as armas apreendidas. Os agentes realizam diligências para localizar provas que possam auxiliar na identificação da autoria do fato.


 

 

 

 

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