Denarc desarticula esquema de venda ilegal de maconha líquida em cigarros eletrônicos

O Departamento de Narcóticos (Denarc) deflagrou, nesta segunda-feira (10), uma operação para desarticular uma organização criminosa envolvida na venda de maconha líquida, utilizada de forma clandestina em cigarros eletrônicos. A ação resultou na prisão de Vitor Lobo, ex-presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED), apontado como líder do esquema. Ele foi detido em um apartamento no Corredor da Vitória, uma das áreas nobres de Salvador. Outro suspeito também foi preso em São Paulo.

A operação também contou com desdobramentos no Paraná, totalizando o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão.

Investigação aponta uso irregular de cannabis líquidaDurante coletiva de imprensa, o delegado Guilherme Machado explicou que a investigação, iniciada em outubro do ano passado, busca apurar a comercialização ilegal de maconha líquida com níveis elevados de tetrahidrocanabinol (THC), substância psicoativa da cannabis.

Segundo Machado, embora a empresa de Vitor Lobo tivesse autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fornecer cannabis líquida a pacientes com prescrição médica, a investigação revelou que a comercialização estava sendo realizada fora dos limites estabelecidos pela agência. "A Anvisa não autoriza a venda de cannabis com alto teor de THC em vaporizadores, o que se enquadra na legislação como tráfico de entorpecentes", afirmou o delegado.

Machado também destacou que os vínculos da empresa de Lobo com outras organizações ainda estão sendo investigados. "Não podemos antecipar os resultados, mas há indícios de conexões com outras entidades", acrescentou.

Apreensão de drogas e muniçõesA operação resultou na apreensão de uma quantidade significativa de maconha líquida armazenada em potes, refis e canetas vaporizadoras. Além disso, foram encontradas drogas em natura e munições. "Foram apreendidos produtos de diversas formas e tamanhos, indicando a amplitude da distribuição", detalhou Machado.

A investigação também busca esclarecer possíveis conexões de Lobo com outros envolvidos, incluindo um médico infectologista. O delegado preferiu não revelar mais detalhes sobre esse aspecto, afirmando que será aprofundado ao longo da investigação. "Há boatos sobre sua relação com um grande médico, mas apenas ao final do processo poderemos confirmar", disse Machado.

Primeira apreensão desse tipo na BahiaSegundo as autoridades, esta foi a primeira apreensão de maconha líquida destinada ao uso em cigarros eletrônicos no estado. "É um fenômeno novo por aqui, e estamos trabalhando para identificar todos os envolvidos", disse o delegado.

A investigação continuará com a análise dos materiais apreendidos e a realização de periçias para determinar a extensão das atividades criminosas. "Estamos apenas no começo e ainda haverá desdobramentos", concluiu Machado.