Bicampeão estadual de poesia falada, Slam das Mulé comemora 5 anos de trajetória

(Foto: Acervo pessoal)

“Trazendo a mensagem, as mina aqui faz o que quer: SLAM DAS MULÉ!” – assim é o grito de guerra dessa batalha de poesia falada do município de Camaçari, organizada por e para mulheres, que completa cinco anos de existência em 2023. Para dar início a esse ano de comemorações, o Slam das Mulé realiza sua primeira competição do ano no dia 03/03 (sexta-feira), às 15h, na quadra da Praça Abrantes.

A programação é gratuita e conta com o tradicional poetry slam, DJ Valesca Roberta, DJ Mvuka e a banda KalunduH, além de uma feira empreendedora composta por mulheres e pessoas LGBTQIAP+. O evento marca o retorno do Slam das Mulé às ruas de Camaçari após um período de atuação no centro cultural parceiro NaLaje Multiespaço. “Foi na Praça Abrantes que o Slam nasceu e é muito importante que a gente continue demarcando esse lugar como nosso, que os versos das mulé sigam ecoando mais e mais pela cidade, e que a gente possa se fortalecer e se unir contra tudo que tenta nos derrubar” – aponta a slammaster Juliana Valle. 

Podem participar da batalha meninas e mulheres de todas as idades e as inscrições são feitas na hora. Mais informações podem ser adquiridas no Instagram @slamdasmule. 

Sobre o Slam das Mulé

Foi em 2018 que essa história começou, quando a poeta e produtora cultural Juliana Valle decidiu criar um espaço de troca e acolhimento para as mulheres que frequentavam a Praça Abrantes – local onde a cena artística alternativa de Camaçari costumava se concentrar. Na praça, que já sofria há muitos anos um processo de abandono público, aconteciam encontros culturais e batalhas de freestyle, porém com pouquíssima participação feminina nas disputas e nenhuma na linha de frente dessas ações. Inquieta com essa falta de adesão, Juliana fundou, junto a sua parceira Rozane Kelly, o Slam das Mulé, para que meninas e mulheres pudessem expressar livremente seus versos e para que fosse possível aliar a luta contra a marginalização de corpos femininos com a revitalização cultural de um território também marginalizado e negligenciado.

Em seu primeiro ano de execução, o Slam das Mulé foi o primeiro poetry slam da Bahia fora de Salvador a representar o estado em um campeonato nacional. A poeta e slammer camaçariense Lara Nunes, ganhadora do circuito Slam das Mulé em 2018, alcançou o posto de campeã baiana de poesia falada e competiu no Slam BR, realizado em São Paulo - SP. Já em 2019, ainda como representante do Slam das Mulé, Lara participou do Torneio Nacional Singulares de Poesia, no qual conquistou o segundo lugar. A partir daí, a circulação dos Slams e da literatura das ruas da Região Metropolitana de Salvador (RMS) se tornou uma das bandeiras do coletivo. 

Durante o período de pandemia, o grupo passou por hiato, retomando a participação no circuito em 2022 e passando a integrar a Periferia Brasileira de Letras (PBL), uma rede nacional de coletivos literários com ênfase na reivindicação de políticas públicas intersetoriais no campo do livro, leitura e literatura. Também nesse ano, tendo suas edições realizadas no NaLaje Multiespaço, o Slam das Mulé participou pela segunda vez do Slam BR, com a poeta campeã Natali Mota. 

Desde sua criação, o Slam vem atuando no município e na RMS com palestras, rodas de conversa, performances poéticas, oficinas literárias e publicação de zines, além de já ter sido debatido em dissertações, artigos e ensaios, a exemplo do texto Slam, a liberdade é revolucionária, escrito por Lara Nunes, que foi publicado pelo Le Monde Diplomatique Brasil. 

Para celebrar os cinco anos de trajetória em 2023, o Slam planejou um ano de atividades. A primeira delas foi o Ciclo de Formação de Novas Poetas, que contou com a participação de Roberta Estrela D’Alva, precursora do movimento Slam no Brasil. Dando continuidade, o Slam planeja o retorno para a Praça Abrantes como forma de honrar o legado das batalhas de poesia nas ruas, e prevê ainda o lançamento de uma antologia poética, para continuar inscrevendo Camaçari na história através da literatura e da luta das mulheres. 

O Slam das Mulé atualmente é gerido pela Acônito Produções, produtora independente composta por Juliana Valle, Eliza Braz, Isabella Santana, Lara Nunes, Iolanda Ramos e Thamirys Albuquerque.

Siga o CN1 no Google Notícias e tenha acesso aos destaques do dia.