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Entretenimento
Apresentador pediu que colega tocasse no black power de Cintia Mello para conferir se era peruca.
Por: Sites da Web
Cintia Mello trabalhava no programa do SBT ao lado do apresentador há nove anos — Foto: Reprodução/Instagram
A bailarina Cintia Mello, que pediu demissão do programa do Ratinho, do SBT, após uma "piada" do apresentador sobre seu cabelo, demorou para acreditar no que aconteceu com ela no dia em que o comunicador pediu que uma colega da dançarina puxasse seu black power para se certificar de que não era uma peruca e "brincou" ter visto um piolho.
No meio de abril, Cintia -- que é mãe solteira de Ana Laura, de 3 anos -- relatou no Instagram que após o episódio constrangedor, que repercutiu muito nas redes sociais, esperava que houvesse algum pedido de desculpas, mas isso não aconteceu. Ela optou, então, por pedir demissão do programa.
"No início daquela cena eu não imaginava o que estava por vir. Nós tínhamos liberdade para brincar e sempre foram brincadeiras saudáveis, pois eu estava ali como bailarina, logo para ser reconhecida pela beleza e pela dança. Eu já estava em um dia atípico, porque enquanto eu estava trabalhando, a minha filha estava no hospital, então eu não estava muito bem", lembra em entrevista exclusiva para Quem.
"Quando o meu cabelo foi relacionado ao 'piolho', eu não soube mais como reagir. A partir dali fiquei realmente no automático por ter ficado constrangida", recorda a dançarina, que trabalhava ao lado do apresentador há nove anos.
O vídeo da "piada" de Ratinho, que foi ao ar no dia 1º de abril, e ganhou muita repercussão nas redes. Vários internautas e páginas de movimentos negros acusaram o apresentador de racismo e repudiaram suas falas.
Nesse programa acontece de tudo #ProgramaDoRatinho pic.twitter.com/x4h6wxMGsV
— Gabriel Menezes (@briel_menezes) April 2, 2024
Indiferença
Cintia conta que, depois do momento constrangedor, buscou conversar com o apresentador a fim de explicar as implicações sociais e raciais das falas dele, mas não teve sucesso.
"Após toda repercussão, busquei conversar com o próprio [Ratinho] e foi uma conversa realmente amigável, em que expliquei a ele alguns pontos sobre a situação, e o quanto eu estava chateada e desestabilizada com tudo aquilo. Tive resposta por um tempo, mas depois o diálogo acabou, porque não recebi mais respostas", afirma.
A dançarina afirma que não é de hoje que o apresentador tem declarações preconceituosas. "Todos já sabemos quantas polêmicas já foram levantadas por conta de algumas falas dele, e em algumas delas o próprio depois esclareceu. E foi o que achei que aconteceria comigo. Nunca levantaria falso contra um patrão que é realmente querido por seus funcionários, mas que, infelizmente, como comunicador, precisa se reconstruir e ressignificar alguns pensamentos e falas", conta.
Racismo
Cintia não denunciou o apresentador por racismo. Segundo ela, a denúncia, veio do próprio público. "Eu já sabia que aquela 'brincadeira' tinha sido péssima, mas realmente levei em consideração que depois poderia falar com ele para que a fala fosse consertada, porque o racismo estrutural faz isso, normaliza falas racistas a ponto de quem as falam acham que não fizeram nada", diz.
"Afinal, na televisão brasileira, por décadas, o racismo recreativo foi tão usado e normalizado, mas quem sofria as consequências disso éramos nós, que por diversas vezes, em 'brincadeiras', éramos diminuídos e excluídos na infância. Agora estou concentrada em me reestruturar, emocionalmente e financeiramente. Estou buscando novas oportunidades, voltei aos estudos e estou mais preocupada com o meu destino e o da minha filha", afirma.
Hostilidade
Segundo Cintia, apesar de não ter culpa de nada, ela ainda foi hostilizada nos bastidores do programa. "Não recebi sequer um: 'Cintia você está bem?'. Não tive nenhum apoio, nenhuma ligação, realmente nada. Na verdade recebi um abraço de uma camareira que foi extremamente importante para mim", conta.
"Depois do meu desligamento, recebi uma ligação dizendo que as portas estariam abertas, o que, na realidade, depois do que eu passei nos bastidores, sabia que seria impossível, porque só eu sei o quanto fui hostilizada por algumas pessoas da equipe", afirma.
Cintia ainda está se reerguendo emocional e financeiramente. "Tive que realmente parar para cuidar do meu emocional, estou fazendo terapia e estudando bastante sobre todos os temas que envolveram o episódio. Tenho o apoio de pessoas maravilhosas. Sou mãe solteira, moro sozinha com a minha bebê, por isso, mesmo sofrendo diversos ataques, preciso estar forte por ela. Mas tive que realmente virar a chave", diz.
"Eu continuo trabalhando fora da televisão, estão aparecendo aos poucos algumas oportunidades. É claro que o início é desesperador, mas eu acredito que nada em nossas vidas acontece por acaso. E preciso seguir", conta.
[O crime de racismo, no Brasil, é punido com reclusão de dois a cinco anos, além de multa. Essa pena também vale para injúria racial. Portanto, com a equiparação do racismo ao crime de injúria racial, a pena de reclusão a que o criminoso é submetido aumentou para até cinco anos. Racismo é crime e, por isso, deve ser denunciado. Em todo o país, basta discar "100" para entrar em contato com o Disque Direitos Humanos. Nesse canal, é possível denunciar casos de discriminação, como racismo, transfobia, homofobia, entre outros. Também é possível denunciar casos de racismo discando 190, número nacional da Polícia Militar]. Fonte: Revista Quem*
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