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Meio Ambiente
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Por: G1
Imagem aérea de Coronel João de Sá após barragem transbordar na cidade vizinha de Pedro Alexandre, na Bahia. — Foto: Studio Júnior Nascimento
A inundação provocada pelos rompimentos da barragem do Quati, que fica em Pedro Alexandre, no nordeste da Bahia (perto da divisa com Sergipe) e de outros pequenos açudes da região, completa uma semana nesta quinta-feira (18). Não houve mortos ou feridos, mas milhares de pessoas tiveram que deixar as suas casas. Entenda a seguir o que aconteceu e quais os impactos do acidente.
Resumo dos principais fatos
A barragem do Quati, construída em 2000, represava água do Rio do Peixe para o período de estiagem em Pedro Alexandre.
Em 11 de julho, ela não aguentou o volume de água e se rompeu. Segundo a Defesa Civil, com as fortes chuvas, açudes menores próximos entraram em colapso e encheram a barragem do Quati.
O município mais afetado foi Coronel João de Sá, que fica em altitude mais baixa que Pedro Alexandre.
14,4 mil pessoas foram afetadas com a inundação (quase toda a população de Coronel de Sá, que tem cerca de 17 mil habitantes). Entre elas, há quem precisou sair de casa e quem perdeu bens.
Ao todo, 470 pessoas ficaram desabrigadas e mais de 2,7 mil estão desalojadas nas duas cidades.
Veja a seguir mais detalhes sobre o rompimento da barragem:
O que provocou a inundação?
O rompimento da barragem do Quati ocorreu no dia 11 de julho. Na sexta-feira (12), a Superintendência de proteção e Defesa Civil da Bahia informou que o rompimento da barragem do Quati tinha sido em decorrência da ruptura de outros açudes menores na região, entre elas a de Serra Verde e a do Ronco Gibão, localizadas em propriedades rurais, por conta das fortes chuvas.
A região, segundo o governo do estado, tem centenas de represamentos de água, a maioria em áreas particulares, que são criados por fazendeiros e associações e usados para abastecer casas, irrigar plantações e servir a animais.
Com o colapso das estruturas, o volume de água foi muito grande e acumulou na barragem do Quati. A estrutura não suportou a quantidade de água e acabou rompendo. A água que vazou das barragens seguiu o curso do Rio do Peixe, que transbordou e inundou as casas que ficam à sua margem, em Pedro Alexandre e Coronel João Sá.
O percurso do rio entre as duas cidades tem cerca de 80 km. A cidade de Coronel João Sá foi a mais atingida pela inundação, porque fica em uma altitude mais baixa que Pedro Alexandre.
O que se sabe sobre a barragem do Quati?
A barragem do Quati foi construída pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e entregue em novembro de 2000 à Associação de Moradores da Comunidade do distrito. Ela represa água do Rio do Peixe para o período de estiagem na região.
O governo do estado disse que, como se trata de uma barragem pequena, não se enquadra na lei de segurança de barragens e, portanto, não caberia ao governo fiscalizar. O monitoramento, segundo o governo, caberia ao município. A prefeitura de Pedro Alexandre informou que o rompimento foi provocado pela grande quantidade de chuva na região e que não tinha como evitar.
Quais foram os impactos da inundação?
Na zona urbana de Coronel João Sá, onde vive 60% da população, cerca de 10 ruas da parte baixa, as mais próximas do rio, ficaram embaixo d'água. Nas casas mais atingidas, a água chegou a cerca de 1,5 m de altura.
No cemitério da cidade, que fica às margens do rio, também houve estrago. Segundo a prefeitura, várias covas afundaram, e muros, paredes de mausoléus e crucifixos caíram.
Em Pedro Alexandre, cerca de 1.500 casas ficaram sem abastecimento de água por causa da enxurrada. Algumas casas têm reservatórios de água, mas a maioria dos moradores da cidade enfrenta dificuldades para tomar banho, lavar roupa, fazer comida.
Conforme a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), o problema foi provocado pela enxurrada, que levou boa parte de um trecho da adutora que fornecia água para a região.
De acordo com informações da Embasa, técnicos da empresa trabalham desde o dia do rompimento para solucionar o problema. A expectativa é que o restabelecimento completo do fornecimento de água ocorra até esta quinta-feira.
O que aconteceu com os moradores das cidades?
Muitas das pessoas afetadas foram abrigadas em espaços públicos, como escolas municipais e ginásios.
Conforme a Superintendência de Defesa Civil da Bahia (Sudec), o número de desabrigados (80) e desalojados (760) em Pedro Alexandre permanece o mesmo desde a segunda-feira (15).
Já em Coronel João Sá, a mais atingida pela enxurrada, o número de desabrigados subiu de 310 para 390 e o de desalojados reduziu de 2.090 para 2.010, aponta levantamento divulgado na quarta-feira (17).
Como ajudá-los?
Muita gente tem enviado doações aos afetados pela enchente. Três salas do prédio onde funciona o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de Coronel João Sá foram separadas para abrigar doações que chegam a todo instante. Além disso, segundo a prefeitura, uma casa ao lado foi emprestada pelo dono para também servir como depósito de doações.
As doações são de moradores de Coronel João Sá não afetados, que se mobilizaram através de redes sociais, e de cidades vizinhas como Pedro Alexandre, Jeremoabo, Carira (SE), Itabaianense (SE), Aracaju (SE), Paripiranga, Antas, Ribeira do Pombal, Sítio do Quinto, entre outros. Em Salvador, doações podem ser feitas nas prefeituras-bairro.
A prefeitura informa que quem quiser contribuir pode levar donativos para o CRAS, situado na Praça ACM, em Salvador.
O Secretário de Comunicação da prefeitura de Coronel João Sá, Waldomiro Júnior destacou que, além dos perecíveis, a população afetada necessita de eletrodomésticos como fogão e geladeira.
O que os governos estão fazendo?
A Prefeitura de Coronel de Sá informou que a gestão municipal doou um terreno para a construção de novas casas.
No domingo, após sobrevoar a região, o governador da Bahia, Rui Costa, anunciou que as casas que foram construídas próximas ao Rio do Peixe, na região afetada, serão demolidas. A demolição dos imóveis, segundo Costa, visa aumentar a segurança dos moradores.
O Governo Federal reconheceu a situação de emergência e calamidade pública das cidades de Coronel João Sá e Pedro Alexandre na última sexta-feira.
A cidade de Coronel João Sá vai receber ajuda humanitária da União. A informação foi confirmada por Carlos Sobral, prefeito da cidade, nesta terça-feira (16).
Conforme o gestor, uma quantia de R$ 265.346 será destinada à compra de produtos básicos, como colchões, kits de higiene e de limpeza, travesseiros, cobertores, entre outros. O recurso, que vai ser administrado pela Defesa Civil da cidade, deve ser liberado após a abertura de uma conta bancária.
Por meio de nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) informou que a decisão do recurso foi publicada na edição de terça-feira (16) do Diário Oficial da União.
Quem está investigando?
O Ministério Público do Estado da Bahia instaurou, no dia 15 de julho, inquérito civil para apurar os fatos.
O inquérito civil instaurado pela Promotoria de Justiça Regional de Paulo Afonso, em conjunto com a Promotoria de Justiça de Jeremoabo, deverá apurar ainda as possíveis irregularidades ou omissão com relação à segurança de barragens.
O MP também requisitou ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) que informe sobre a realização de fiscalização na barragem, destacando sua regularidade, e se há protocolo de fiscalização com relação às demais barragens localizadas no leito do rio, de forma a se evitar outras situações de risco.
Cronologia dos fatos
11 de julho (quinta-feira)
12 de julho (sexta-feira)
13 de julho (sábado)
14 de julho (domingo)
15 de julho (segunda)
16 de julho (terça)
17 de julho (quarta-feira)
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