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Geral
As mulheres quilombolas (82,89%) apresentaram taxa de alfabetização superior à dos homens quilombolas (79,11%).
Por: Camaçari Notícias
O índice de analfabetismo entre quilombolas é 2,7 vezes superior à média nacional. No Brasil, a taxa é de 7%, enquanto entre quilombolas atinge 18,99%. Esta informação faz parte de um suplemento do Censo 2022, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (19).
A taxa de analfabetismo quilombola corresponde a 192,7 mil pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever, segundo o levantamento censitário. O país possui 1,330 milhão de quilombolas, sendo 1,015 milhão com 15 anos ou mais.
O Censo 2022 foi o primeiro a coletar dados específicos sobre a população quilombola, descendentes de comunidades que resistiram à escravidão. Para classificar alguém como quilombola, o IBGE utilizou a autoidentificação dos entrevistados, independentemente da cor de pele.
Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, comenta que a taxa de alfabetização reflete os investimentos na educação básica e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) das últimas décadas. Ela observa que a taxa indica como esses investimentos impactam o processo de alfabetização da população.
Antunes destaca uma diferença significativa entre as oportunidades educacionais das populações quilombola e geral. Segundo ela, a localização dos quilombolas, dentro ou fora de territórios reconhecidos, não é o principal fator que afeta o acesso à educação, mas sim sua etnicidade.
Apenas 12,61% (167.769 pessoas) da população quilombola vivem em territórios oficialmente reconhecidos. O analfabetismo entre quilombolas é mais pronunciado a partir dos 18-19 anos, com um índice de 2,91%, crescendo para 28,04% entre 50-54 anos, e chegando a 53,93% para os com 65 anos ou mais.
Até os 24 anos, as taxas de analfabetismo entre quilombolas e a população geral diferem por cerca de dois pontos percentuais. Contudo, após essa idade, a diferença aumenta, especialmente na faixa etária de 65 anos ou mais, onde a taxa é de 20,25% na população geral e 53,93% entre quilombolas.
Quanto ao gênero, o analfabetismo entre homens quilombolas é de 20,89%, maior que o das mulheres quilombolas, que é de 17,11%. Essa diferença de 3,78 pontos percentuais é maior que a diferença observada na população total do país.
Nas regiões, o Nordeste tem a maior taxa de analfabetismo entre quilombolas (21,60%), seguido por Sudeste (14,68%), Centro-Oeste (13,44%), Norte (12,55%) e Sul (10,04%). O Distrito Federal apresenta a menor taxa (1,26%), abaixo da média geral da UF (2,77%).
Em 1.683 dos 1,7 mil municípios com população quilombola, 81,58% registram taxas de analfabetismo quilombola acima da média local, com 20,26% dos municípios apresentando uma diferença superior a 10 pontos percentuais. O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, aponta uma “disparidade” entre as populações quilombola e geral na maioria dos municípios, especialmente no Vale do Rio Amazonas, Maranhão e Semiárido.
Marta Antunes destaca a atenção desigual às comunidades quilombolas em termos de investimento de políticas públicas nas últimas décadas. Ela antecipa que, no final do ano, o IBGE divulgará dados diferenciando a escolaridade das comunidades em áreas rurais e urbanas para uma análise mais detalhada das disparidades.
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