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Biografia de Padre Fábio de Mello fala de amores e infância pobre Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Por pouco (e por amor) o Brasil não perde um dos seus religiosos mais queridos. A biografia de Padre Fábio de Melo, “Humano demais” (Globo livros), escrita por Rodrigo Alvarez, revela que a paixão por uma mulher o fez desobedecer os votos de castidade quando se preparava para virar padre. Meses antes, como conta o livro, ele jurara que não se relacionaria de maneira íntima com mulheres.
Mas o amor falou mais alto e ele, na época com 22 anos, se jogou nos braços daquela mulher, de 25. Era a segunda vez que Fábio se apaixonava (embora fizesse muito sucesso com as meninas) A primeira havia sido um romance adolescente, mas ele vivia naquele momento algo diferente, real e íntimo, como descreve a biografia. Com o namoro, veio também a vontade de ser pai.
Padre Fábio de Melo só não desistiu da vocação porque a amada, cuja identidade ele nunca pretende revelar (hoje ela é casada), mudou de cidade e decidiu dar fim ao relacionamento, principalmente ciente do dilema vivido por ele. “Nasceste pra ser padre... Segue a tua vida!”, disse ela.
Infância pobre e morte trágica da irmã
Outra passagem surpreendente da biografia é a que relata a infância difícil do padre, que chegou, quando criança e adolescente, a trabalhar na colheita de café, como vendedor de doces, entregador de pão e ajudante de pedreiro. Em casa, ele e seus irmãos sofriam com os atos violentos do pai, vítima de alcoolismo. Num certo momento, passando necessidade, sua mãe precisou comprar arroz triturado, mais barato, destinado a alimentar porcos e galinhas, para seus filhos comerem.
Outro momento dramático de sua vida, a morte trágica de uma de suas irmãs, também é contada no livro. Em 1996, Heloísa foi a única vítima fatal de um acidente de ônibus. O veículo caiu num barranco, todos se salvaram, mas só ela morreu ao ser atingida por um objeto de ferro armazenado irregularmente no compartimento acima dos passageiros. Fábio tinha 25 anos, e, confessa nas páginas, carrega essa dor até hoje, e para sempre.
Doença quase lhe tirou a vida
Outra revelação é a luta de Padre Fábio de Mello contra uma hepatite, que quase lhe tirou a vida, aos 35 anos. Inicialmente, ele foi diagnosticado com uma artrite após sentir dores no corpo. Medicado com anti-inflamatório, ele seguiu sua agenda. O diagnóstico errado quase foi fatal. Sem ter forças nem para falar, Fábio recebeu o resultado de novos exames: “hepatite aguda, em estágio avançado”. “Chutou a porta do quarto com raiva, dizendo que preferia morrer”, narra o livro. Repouso absoluto e uma dieta regrada fizeram com que o padre melhorasse, depois de quatro meses lutando, nem sempre com muita fé.
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