Em guerra com a milícia, bandidos sequestram líder ao se passarem por policiais
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Zelenski pede resistência aos ucranianos até com coquetel molotov.
Por Pesquisa Web
Bombeiros de Kiev apagam fogo em edifício atingido durante os ataques russos à capital ucraniana.
O segundo dia da campanha militar russa contra a Ucrânia começou com uma intensificação do cerco à capital do país, Kiev. Forças de Vladimir Putin voltaram a bombardear a cidade, desta vez com efeitos mais claros sobre civis, e se aproximam por dois flancos. Soldados russos já operam na cidade.
À pressão militar, o Kremlin já abriu as portas para uma negociação de paz sob seus termos. Segundo o porta-voz Dmitri Peskov, Putin aceita enviar uma delegação a Minsk (Belarus) para discutir "a neutralidade da Ucrânia" com uma missão do presidente Volodimir Zelenski.
Peskov comentava sobre uma fala anterior do ucraniano, que havia dito estar aberto a conversas e afirmou "não ter medo de discutir a neutralidade" —certamente não desta forma. Os russos em resumo querem o vizinho renunciando a entrar nas estruturas ocidentais, Otan (aliança militar) e a União Europeia.
A coreografia seguiu com um comunicado chinês, segundo o qual Putin disse em conversa com o líder Xi Jinping estar pronto para negociar.
Algumas horas depois, Putin voltou a atacar Zelenski, sugerindo que as Forças Armadas ucranianas deveriam derrubá-lo. "Parece que será mais fácil para nós nos acertarmos com vocês do que com essa gangue de viciados e neonazistas", disse em uma entrevista à TV. Alguns observadores políticos russos viram na agressividade um sinal dúbio, contudo, acerca da capacidade de resistência do rival.
O movimento militar confirma a hipótese de que a Rússia de fato mirava Kiev como seu principal alvo nesta guerra, ainda que haja combates e ataques ocorrendo em quase todas as partes do país, particularmente na costa do mar Negro.
Numa avaliação vazada pelo Pentágono às TVs americanas, os russos teriam diminuído a velocidade de seu ataque no final da tarde, ficando a dúvida se isso seria uma sinalização para abrir a negociação ou se haveria alguma perda de ímpeto. No caso de a observação ser correta, claro.
Os moradores da capital acordaram com sons de explosões de mísseis balísticos, provavelmente modelos Iskander lançados de Belarus, e de cruzeiro, disparados de aviões. Um caça Su-27 ucraniano, modelo soviético usado por Moscou e Kiev, foi abatido sobre a cidade e caiu sobre um bloco residencial, deixando um número incerto de vítimas.
A imagem correu a internet, com o avião em chamas iluminando o céu da madrugada. A Ucrânia fala em 137 mortos de seu lado e talvez 800 baixas russas, o que não é aferível. Ambos os lados relatam ter destruído equipamento inimigo.
Enquanto isso, a batalha pelo aeroporto ?Antonov, em Hostomel (25 km a noroeste do centro de Kiev) seguiu noite adentro, após forças aerotransportadas russas o terem tomado na véspera. As informações são confusas, como sempre são em guerras.
Os ucranianos disseram ter retomado a pista, enquanto em Moscou analistas militares dizem que a 76ª Divisão Aerotransportada de Pskov já está pronta para ser levada em aviões de transporte Il-76 para estabelecer uma cabeça de ponte no aeródromo.
Seja como for, de lá já saíram forças especiais russas infiltradas nas periferias da capital, segundo disse em pronunciamento o presidente Volodimir Zelenski, que significativamente se disse abandonado pelo Ocidente na crise e apelou aos manifestantes pró-paz na Rússia, que estão sendo reprimidos pela polícia.
Por volta das 10h (5h em Brasília), o Ministério da Defesa disse haver registrado a infiltração de russos no bairro de Obolon e pediu para que moradores avisem a polícia e joguem coquetéis molotov se avistarem suspeitos. Em alguns bairros, foi relatada a distribuição de fuzis e munição a civis.
Perto das 12h (7h no Brasil), moradores relataram ter ouvido tiros de armas leves na região central da cidade. Uma coluna de fumaça subiu do centro de inteligência do governo, embora o prédio pareça intacto por fora. Às 15h de Moscou (9h em Brasília), o Ministério da Defesa russo disse que "o lado ocidental de Kiev está bloqueado".
A outra frente de ataque se forma a leste da capital. Os russos tomaram a central nuclear de Tchernóbil, infame pelo desastre de 1986, estabelecendo assim um corredor entre suas forças estacionadas na vizinha Belarus e a capital.
Segundo informações de Washington, os russos chegaram a 32 km da capital por essa via. Diplomatas ocidentais em Moscou falaram à reportagem em menos de 8 km. Já os ucranianos dizem ter parado o avanço a 50 km, tendo nesta versão estabelecido uma linha de defesa contra tanques usando mísseis americanos Javelin.
Com isso, se tornam alvo provável de mais bombardeios, já que a destruição de 11 aeroportos e 14 baterias defesas antiaéreas na quinta (24) parece ter dado vantagem decisiva a Moscou nos céus do país. Nesta manhã, Moscou disse ter destruído 118 alvos militares e derrubado cinco caças.
?Enquanto isso, o terror recomeçou para os civis, e o governo decretou medidas para tentar proteger civis, estabelecendo toque de recolher noturno, orientando a estocagem de alimentos, recolhimento de documentos e o uso de abrigos antiaéreos.
"Tudo começou de novo por volta das 4h (23h em Brasília). Minha mãe lembrou de 1941", disse por celular o engenheiro Piotr Timotchenko, morador da periferia da capital. Ela não foi a única. "A última vez que a capital experimentou algo assim foi em 1941, quando foi atacada pela Alemanha nazista", escreveu no Twitter o chanceler Dmitro Kuleba.
Como conta Timotchenko, "todo ucraniano e todo russo lembra da frase: '4h. Kiev é bombardeada'". Essa foi a mensagem de rádio anunciando o início da Operação Barbarossa, a invasão nazista da União Soviética, no dia 22 de julho daquele ano.
As lembranças da Segunda Guerra pairam sobre o conflito. Putin, no seu discurso anunciando o que seria uma operação para "proteger o Donbass", disse que precisava "desnazificar" e desarmar a Ucrânia. A associação entre elementos militares ucranianos e inspiração neonazista é conhecida, e explorada pelo russo na sua propaganda, ainda que Zelenski seja judeu.
Donbass é o nome dado ao leste ucraniano, onde há duas áreas rebeldes pró-Rússia que foram reconhecidas como países por Putin, após oito anos de guerra civil apoiada pelo Kremlin, iniciada após a anexação promovida pelo russo da Crimeia para evitar que o então novo governo de Kiev aderisse ao Ocidente.
Essa questão estava no centro do ultimato de Putin feito em 17 de dezembro ao Ocidente, em meio a seus quatro meses de preparação para a ação —que sempre negou, até justificá-la com uma ameaça militar ucraniana aos 4 milhões de moradores do Donbass, 800 mil com passaporte russo, considerada inexistente por analistas.
À medida que a campanha avança, o objetivo inicial russo parece mais claro. Resta saber se Putin pretende atacar de forma destrutiva a capital, provando a fala de Zelenski de que ele é o "alvo número 1", ou se manterá a pressão.
Putin pede a militares ucranianos que tomem o poder no país
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse durante um pronunciamento nesta sexta-feira (25) que os militares da Ucrânia devem “tomar o poder com suas próprias mãos”.
A fala do presidente da Rússia acontece enquanto as tropas russas se aproximam cada vez mais da capital da Ucrânia, Kiev.
“Não deixe que os banderites e os neonazistas tomem como reféns seus filhos e mulheres. Tomem o poder com suas próprias mãos”, disse Putin em um discurso direcionado aos militares ucranianos.
Nos últimos dias, ucranianos estão deixando o país por vias terrestres rumo a países vizinhos como Romênia, Polônia e Hungria, que têm recebido mulheres e crianças. O governo ucraniano proibiu que homens de 18 a 60 deixem o país – eles devem permanecer para “garantir a defesa do Estado”.
Nesta quinta-feira (24), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou uma ordem de mobilização militar geral.
Na fala de hoje, Putin diz ainda que será “mais fácil negociar” com os militares da Ucrânia.
“Será mais fácil negociar com vocês [militares da Ucrânia] do que com esse bando de neonazistas viciados que tomaram Kiev e estão fazendo como refém todo um povo”, disse. As informações são do Folha de São Paulo e do CNN Brasil*
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