Papa Francisco morre aos 88 anos no Vaticano

O Papa Francisco faleceu às 7h35 (horário de Roma) desta segunda-feira (21), na Casa Santa Marta, no Vaticano. A confirmação da morte foi feita pelo Camerlengo Kevin Farrell, responsável por comunicar oficialmente o falecimento de um Papa. “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja”, declarou Farrell em comunicado à imprensa.

Mesmo com a saúde fragilizada, o Pontífice apareceu publicamente pela última vez neste domingo (20), na sacada da Basílica de São Pedro, para a tradicional mensagem de Páscoa Urbi et Orbi. “Deixou sua última mensagem para a Igreja e o mundo”, completou o cardeal. “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

O primeiro Papa das Américas

Francisco, nome escolhido para o pontificado, nasceu Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires, na Argentina. Filho de imigrantes italianos e o mais velho de cinco irmãos, formou-se técnico em química antes de ingressar no seminário. Tornou-se sacerdote jesuíta em 1969, e, ao longo das décadas seguintes, exerceu cargos de destaque dentro da Igreja Católica, como bispo auxiliar e, posteriormente, arcebispo de Buenos Aires.

Foi nomeado cardeal em 2001 por João Paulo II e eleito Papa em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Foi o primeiro Papa do continente americano, o primeiro do hemisfério sul e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo mais alto da Igreja Católica.

Durante seu pontificado, destacou-se pelo discurso em defesa dos pobres, da paz e da proteção do meio ambiente. Também ficou marcado por sua postura progressista e pela tentativa de modernizar práticas e posturas históricas da Igreja.

Pontificado marcado por reformas e posicionamentos ousados

Mesmo com a saúde debilitada nos últimos anos, tendo enfrentado bronquite, infecções respiratórias, e se locomovendo com auxílio de cadeira de rodas e bengalas, Francisco manteve-se ativo até os últimos dias. Em fevereiro de 2025, chegou a ser internado para tratar complicações respiratórias, mas retomou parte de sua agenda em seguida.

Francisco promoveu mudanças significativas na Cúria Romana, nomeando em janeiro de 2025 a freira Simona Brambilla para comandar um dos principais dicastérios do Vaticano, quebrando um tabu histórico ao colocar uma mulher em um dos gabinetes mais importantes da Santa Sé.

Em dezembro de 2023, aprovou uma decisão que permitiu aos padres abençoar casais do mesmo sexo desde que fora do contexto litúrgico tradicional, reforçando o discurso de acolhimento da Igreja. O gesto histórico foi interpretado como um dos maiores avanços na relação entre a Igreja e a comunidade LGBTQIA+.

Voz pela paz e pela justiça social

Francisco foi uma figura central em apelos globais por cessar-fogo e resolução pacífica de conflitos, como na guerra entre Rússia e Ucrânia e nos ataques à Faixa de Gaza. Em diversas ocasiões, criticou o uso da força e defendeu o diálogo como caminho para a paz. “A soberania deve ser respeitada e garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra”, afirmou.

Em agosto de 2024, fez um de seus últimos discursos em defesa do meio ambiente, chamando atenção para o agravamento das mudanças climáticas. “A Terra está com febre. Ela está doente. Os mais pobres pagam o preço mais alto por isso”, declarou, reforçando a necessidade de uma mobilização global.

Milagre na Amazônia e canonização

Outro marco do seu pontificado foi a canonização do padre José Allamano, em outubro de 2024, por um milagre ocorrido no Brasil. O episódio envolveu a recuperação de um jovem indígena yanomami atacado por uma onça, em Roraima, após missionários invocarem o religioso italiano.

Legado

Com um pontificado voltado para a compaixão, justiça social e inclusão, o Papa Francisco deixa um legado de transformações na Igreja Católica. Suas ações e palavras ecoaram além dos muros do Vaticano, alcançando fiéis e não fiéis com mensagens de esperança, respeito e amor ao próximo.

Agora, com a Sé Apostólica vacante, a Igreja se prepara para o Conclave que escolherá o próximo líder da Igreja Católica, dando início a um novo capítulo em sua história milenar.