O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que tenta se reeleger para um terceiro mandato, votou na manhã deste domingo (28), logo após a abertura das urnas, no Forte Tiuna, a maior instalação militar venezuelana, na capital Caracas.
"Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e garantirei que sejam respeitados", disse Maduro a repórteres, após deixar o local de votação.
Por sua vez, ele convocou os outros nove candidatos "que respeitem, façam cumprir e declarem publicamente que respeitarão o boletim oficial" emitido por autoridades eleitorais.
Maduro havia dito há alguns dias que a Venezuela poderia enfrentar um "banho de sangue" e uma "guerra civil" caso ele não seja reconduzido ao cargo.
"Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo", afirmou, em 17 de julho.
A declaração enfrentou reação de outras autoridades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que ficou assustado com a declaração e que "a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo".
Um dia depois, Maduro alegou que não disse nenhuma mentira, apenas uma reflexão, e rebateu: "Quem se assustou que tome um chá de camomila".
Coalizão de oposição
Maduro enfrenta Edmundo Gonzáles, candidato da frente de oposição, que, pela primeira vez em anos, vê chances reais de derrotar o chavismo, o que encerraria um ciclo que começou há 25 anos, com Hugo Chávez.
O presidente venezuelano está há 11 anos no poder e chegou à presidência da Venezuela depois da morte de Hugo Chávez, em 2013. Naquele ano, Maduro foi eleito por uma pequena diferença de votos.
Maduro é impopular entre muitos eleitores. A derrocada do preço do petróleo, a corrupção e a má gestão econômica mergulharam o país em uma grande crise. Jovens tiveram de desistir do sonho da faculdade, crianças passaram fome e milhões emigraram.
González, principal candidato de oposição, é um ex-diplomata de 74 anos. Ele encabeça a chapa da coalizão "Plataforma Unitária Democrática (PUD)". A nomeação dele foi feita após as opositoras María Corina Machado e Corina Yoris serem impedidas pelo regime de Maduro de concorrer.