Lula critica encontro entre Trump e Zelensky e classifica episódio como ‘grotesco e desrespeitoso’

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou duramente o embate entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante reunião na Casa Branca. Para o líder brasileiro, o episódio foi uma "cena grotesca e desrespeitosa", que resultou em uma humilhação pública do presidente ucraniano.

"Não sou diplomata, mas desde que a diplomacia foi criada, não se vê uma cena tão grotesca e desrespeitosa como a que aconteceu na Sala Oval da Casa Branca. Há uma parcela da sociedade que vive em desrespeito ao outro. E não é possível falar em democracia se não há respeito ao outro ser humano. Acho que o Zelensky foi humilhado, acho que na cabeça do Trump, o Zelensky merecia isso", declarou Lula.

Lula critica postura europeia

As declarações de Lula ocorreram durante sua passagem pelo Uruguai, onde o petista acompanha a posse do novo presidente do país, Yamandú Orsi. Em entrevista a jornalistas, o presidente brasileiro também criticou o impacto que o discurso de Zelensky pode ter sobre a União Europeia.

"Acho que a União Europeia foi prejudicada com o discurso do Zelensky. E eu disse ao presidente da Alemanha (Frank-Walter Steinmeier) que é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia. É bem possível que fique responsável pela manutenção da Otan e seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo", afirmou Lula.

Encontro marcado por tensão

O encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, realizado nos Estados Unidos, foi marcado por fortes trocas de acusações. Trump afirmou que o governo ucraniano estaria "brincando" com o risco de uma Terceira Guerra Mundial. Além disso, o presidente norte-americano cobrou gratidão da Ucrânia pela ajuda financeira e militar fornecida pelos EUA desde o início do conflito com a Rússia.

Após a tensa discussão, um acordo que previa a exploração de recursos minerais ucranianos por empresas norte-americanas não foi assinado. Em tom de ultimato, Trump afirmou que Zelensky só poderá voltar à Casa Branca "quando estiver pronto para promover a paz" entre Ucrânia e Rússia.

A postura do presidente dos EUA e a forma como o encontro foi conduzido geraram reações internacionais, com Lula sendo um dos primeiros líderes a se posicionar publicamente contra o episódio. O petista defendeu que o respeito mútuo e a diplomacia devem sempre prevalecer em encontros entre chefes de Estado.